Tempo Real

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Rivalidades & Picuinhas

Os tempos mudaram e hoje, creio a maior rivalidade do futebol paulista é entre Corinthians e São Paulo. Houve época, ultrapassada pelo bom desempenho dos atuais maiores rivais, que a queda-de-braço pertencia ao velho Derby, Palmeiras e Corinthians. Isso já era.

E no centro desse duelo, vejo a figura do técnico Tite. Na contramão dos que tanto o criticam, a ponto de se apostar se ele será ou não demitido no caso de uma derrota para o tricolor nesta quarta-feira, em minha opinião não o vejo como culpado pelo momento corintiano: trabalha como um obstinado, não entra em discussões com a diretoria ou a torcida e, resignado, vai levando em frente os seus problemas- a eterna ausência de Adriano, o mês em que Liedson ficou parado, a perda de seu lateral- esquerdo titular (o razoável Fábio Santos) e quetais.

Ah, o Corinthians despencou depois de magnífico início no Campeonato e acaba de perder para o Santos? Sim. Mas por acaso foi Tite que, afobado, mandou contra as próprias redes o centro de Alan Kardec? Que eu saiba, foi o zagueiro Chicão. No primeiro tempo, com o ataque reclamado (Willian, Liedson e “Sheik”), o Corinthians foi até superior. Mas há de se reconhecer que o time do Santos é melhor.

E de quem é a culpa, então? Aponto como culpada a defesa do Corinthians, pois é lenta e falha nas jogadas aéreas, sofrendo- e muito- quando Ralf e Paulinho, não conseguem dar a ela o suporte necessário. O Corinthians se preocupou demais em armar um time forte do meio-campo para a frente- o que também é louvável- mas se esqueceu de que uma boa defesa num Campeonato equilibrado como este também é fundamental.

E qualquer coisa, pronto: “o culpado é o Tite”. Talvez lhe falte um pouco mais de marketing ou de pose- como o mercado gosta. Ou quem sabe, fazer uma picuinha aqui, outra ali, pois isso, parece, às vezes dá resultado para preservar a própria performance.

Não me parece justo, Nem que a culpa sempre lhe caiba e nem também que ele adira a efeitos para mudar o foco principal.

Vejo em Tite, a figura de um injustiçado.

Button na mira da Ferrari

Jenson Button ainda não renovou o contrato com a equipe McLaren. Segundo soube em Monza, há interesse dos dois lados na extensão do compromisso e o fator que estaria, ainda, impedindo o acerto final não é financeiro, mas apenas tempo de permanência na McLaren.

O campeão do mundo de 2009 deseja, ao contrário do que se poderia supor, somente um ano de contrato, ou seja, ser companheiro de Lewis Hamilton, com quem tem boa relação profissional, em 2012. Basta. Já Martin Whitmarsh, diretor da McLaren, quer ter esse eficiente piloto, terceiro na classificação, com 167 pontos, diante de 158 de Hamilton, quinto, na equipe por três anos.

A pergunta que fica no ar é: por qual razão, a princípio, Button não quer aceitar a proposta da McLaren? Afinal, disputará o próximo Mundial com 32 anos (faz aniversário dia 19 de janeiro), não é mais um jovenzinho, recebe um salário que bem poucos times poderiam pagar (estima-se que seja US$ 12 milhões por ano) e a estrutura da McLaren está dentre as melhores da Fórmula 1.

A resposta é simples: Button interessa à Ferrari. E a Ferrari interessa a Button.

Felipe Massa tem contrato com a escuderia italiana para 2012. E só. Massa necessita de uma supertemporada, no ano que vem, para convencer a Ferrari valer a pena estender seu compromisso. Sempre possível, lógico, mas não é o que a história dos dois últimos campeonatos sugere.

Button tem o perfil do piloto desejado pela Ferrari. Veloz, capaz de conviver com um companheiro manhoso como Fernando Alonso, e com retrospectiva de elevada regularidade entre os primeiros. Mais: tem o aval de Alonso. Com frequência o espanhol elogia o piloto inglês da McLaren.

Dentro de si acredita poder batê-lo, mas Button pode, também, tirar pontos dos seus adversários mais diretos. Mesmo que vez por outra vença suas corridas, como faz hoje na McLaren, Button representa, para Alonso, o companheiro ideal.

Já o inglês não se incomoda em compartilhar a escuderia com um piloto difícil, como Alonso, afinal chegou desacreditado na McLaren, em 2010, apesar de campeão do mundo no ano anterior, e lutou de igual para igual com o queridinho da casa, Hamilton. Queridinho não significa, necessariamente, dispor de privilégios, como sempre alegou Alonso.

Para Button correr pela Ferrari a partir de 2013, potanto, é preciso primeiro que a McLaren concorde com o contrato de apenas um ano. E depois que Massa também não corresponda na próxima temporada, ao menos na primeira parte do campeonato, quando as imagens se definem e a partir daí, em geral, os chefes de equipe tomam suas decisões.

Como se vê, tem muita coisa para acontecer antes de Button correr ao lado de Alonso. O que é certo é o interesse recíproco entre ambos, Ferrari e Button, e que os dois lados já conversaram.

Bruno Senna – Na corrida de Monza, foi o único a fazer três pit stops (os demais, dois) na pista que mais penaliza as paradas nos boxes. Mesmo assim marcou os primeiros pontos na Fórmula 1 ao receber a bandeirada em nono. O ritmo de prova de Bruno com o carro da Renault foi muito bom, só por isso com três pit stops, o primeiro logo no início da competição, avançou tanto na classificação.

Bruno utiliza a inteligência e o equilíbrio emocional para compensar a falta de experiência e o tempo inativo para construir sua ascensão na Fórmula 1. A cada treino ou corrida dá sinais de poder crescer significativamente. É a minha aposta.