Tempo Real

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Muito fácil: o Barça brincou de ganhar. E o triste alerta de Felipão.

Que o Barcelona iria vencer o Al Sadd, ninguém duvidava. E nem mesmo essa brincadeira de toureiro contra touro manso ou de fazer do jogo (?) uma alegre diversão, mesmo poupando alguns titulares, não chega a surpreender. Nem um pouquinho.

Barça, 4 a 0. E foi pouco, de quebra, com três gols brasileiros- dois de Adriano e um de Maxwell- um de Keita, sem ao menos precisar de um brilho maior de Messi ou de Iniesta.

Assim, aí está a final anunciada: Santos e Barcelona na decisão do Campeonato Mundial de Clubes de 2011. Alguém tinha dúvida? Uma certa dúvida, tenho quanto ao desfecho do torneio, pois se o Barcelona, como um todo, é indiscutivelmente mais time do que o Santos, terá pela frente um astro , Neymar, que pode estar endiabrado. E por mais numeroso que seja o elenco do Barça, a ausência já certa de David Villa (que fraturou a tíbia) e a preocupante saída de Alexis Sanchez podem tirar da equipe muito de seu poder de fogo.

São detalhes, eu sei. Mas detalhes que podem pesar numa partida decisiva.

O TRISTE ALERTA DE FELIPÃO

Com seu pessimismo em relação aos reforços que o Palmeiras não vem conseguindo contratar, revelado em sugestiva entrevista ao Estadão, Felipão confirma o que já vinha se comentando nos bastidores palestrinos: desse jeito, o ano que vem tem tudo para ser tão- ou mais- sofrido para a torcida palmeirense que, no íntimo, esperava por um time mais forte.

Sem parceria forte, sem os recursos necessários e também sem o arrojo de dirigentes de outros clubes (mais ambiciosos), o Palmeiras parece destinado a viver do passado. Afinal, não é o primeiro no ranking do futebol brasileiro?

A torcida agradece, se orgulha de outras épocas, mas tira férias da ilusão de que o presente corresponda ao passado de tantas glórias.

É como se estivesse viva, já envelhecida, a grande Greta Garbo se olhasse no espelho e dissesse: “Eu já fui muito bela”.

Só que, coerente, a lenda Greta sumiu por aí. E o Palmeiras, ao contrário, ainda pensa que é Palmeiras.

Não haveria espaço para novos nomes e para novas ideias?

E TITE FICOU NO CORINTHIANS

Como era de esperar, o caso nem virou novela: depois do susto, Tite e Corinthians usaram o bom senso e continuam juntos por mais um ano. Bom negócio para o clube, que mantém o técnico campeão brasileiro, bom também para o treinador que contará com elenco forte para tentar ganhar a taça da Libertadores que o Corinthians ainda não tem.

A Olimpíada pode salvar a infraestrutura esportiva no Rio

O Flamengo assinou nesta quinta-feira um acordo para receber a delegação americana durante a realização dos Jogos Olímpicos de 2016. O acordo prevê o investimento de US$ 400 mil em melhorias de infraestrutura que tornem a Gávea apta a receber os atletas dos Estados Unidos em 2016 (leia os detalhes aqui).

O negócio representa um reflexo interessante que a presença dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro pode provocar para o esporte na cidade. São a partir de iniciativas como essa que o Rio pode vir a ganhar uma vantagem competitiva em relação aos demais municípios. A necessidade de melhoria de infraestrutura esportiva pode ser percebida na simples decisão de o Comitê Olímpico dos EUA encontrar um lugar para treinamento no período em que estiver na cidade.

Quando se fala em legado olímpico, geralmente pensamos exclusivamente no evento em si e o que ele vai deixar para o país. Mas a melhoria de infraestrutura no esporte é a primeira benfeitoria de fato tangível daquilo que pode representar a presença das Olimpíadas no país.

Assim como o Fla se beneficiou no negócio com os americanos, outros clubes em todo o país podem melhorar suas estruturas para abrigar outros atletas. E, sem dúvida, o Rio de Janeiro terá uma melhoria sensível na qualidade dos equipamentos esportivos. O duro é saber que a iniciativa parte sempre do outro lado. Claramente não há um plano estruturado por parte de confederações e clubes para que a infraestrutura seja melhorada. E esse é o maior problema se formos pensar além das Olimpíadas.

Planejar a estrutura que ficará depois de 2016 é o passo mais importante para que o evento não represente apenas uma festa bacana durante 20 dias.

sábado, 26 de novembro de 2011

Melancolia no clássico que já foi Rei

Que o clássico entre Palmeiras e São Paulo foi apelidado de Choque- Rei, creio que todo mundo sabe. Mas isso foi nos anos 40 quando os rivais dividiam praticamente todos os títulos em jogo.

Neste domingo, no entanto, um clima morno, chocho até, cerca esse clássico de importância muito pequena. O tricolor ainda luta por uma vaguinha na Libertadores, que, por sinal não está fácil. E vai jogar sem Lucas, um dos melhores do time, suspenso por ter levado o terceiro cartão amarelo.

E o Palmeiras? Ah, nem isso. Talvez lute por modesta vaguinha na Sul- Americana, competição que tem quase o significado de uma Série B da Libertadores, embora, desde o ano passado, dê ao campeão o direito de disputar o torneio mais importante da América. Aliviado por ter escapado do rebaixamento, o Palmeiras talvez possa exibir futebol melhor do que mostrou neste returno, quando conquistou apenas duas vitórias.

É, este clássico já foi mais empolgante, muito mais. Mexia até com a cidade, tirava o sono do torcedor.

O deste domingo não pode ser chamado de Choque-Rei.

Muito longe disso...

SANCHEZ, O ANÚNCIO INOPORTUNO

Até para evitar qualquer tipo de comentário negativo- ou desconfiança dos clubes concorrentes- não foi nada oportuno, em minha opinião, o anúncio de que Andrés Sanchez será o novo diretor de seleções da CBF.

E nesse ponto concordo com Roberto Dinamite, presidente do Vasco: se Sanchez só vai assumir em janeiro do ano que vem qual a razão de ser anunciado agora, em plena reta final do Campeonato?

Não precisava.

E nem o Corinthians precisaria contar com clima mais favorável, pois a minha bola de cristal o aponta com as duas mãos na Taça. E com justiça.

Brasileirão e F1 mostram o mal do esporte ser previsível

No esporte, a melhor coisa que pode existir é a imprevisibilidade. A prova disso será tirada neste final de semana, quando teremos, praticamente na sequência, o GP do Brasil de Fórmula 1 e a penúltima rodada do Campeonato Brasileiro de futebol.

Enquanto a F1 já está decidida, o Brasileirão pega fogo com três times como postulantes ao título a duas rodadas do fim. O resultado é óbvio. A F1 tem até promoção de venda de ingressos em sites de compra coletiva, enquanto as filas para compra de bilhetes para os jogos decisivos do Nacional são cada vez maiores.

Um dos grandes desafios do esporte brasileiro no passado foi mostrar para quem investia nele que o maior retorno não é só quando a equipe vence, mas também quando há um grande suspense no ar sobre como será o desfecho daquela disputa.

Há 20 anos, uma empresa geralmente investia no esporte sem pensar que a marca dela poderia não estampar o uniforme do atleta vencedor, mas mesmo assim ela se beneficiaria dessa exposição e dessa ligação com o esporte.

Por isso víamos alguns absurdos em algumas modalidades, como o time de basquete da Nossa Caixa, no início dos anos 90, contando “apenas” com Paula e Hortência na mesma equipe. Simplesmente a Ponte Preta conseguiu o título mundial na época, mas o interesse do público pelo basquete caiu, já que não havia equipe capaz de disputar em pé de igualdade com aquele Dream Team.

A temporada de 2011 da F1 foi mais ou menos isso. Só deu Vettel. E qual a graça para o consumidor nisso? Para não ficar só na teoria, vale comparar a audiência do GP do Brasil da Fórmula 1 desde 2006, quando Michael Schumacher se aposentava pela primeira vez.

Naquele ano, a Globo teve 27 pontos de média na medição do Ibope, em prova que também definiu o bicampeonato de Fernando Alonso. Em 2007, Kimi Raikkonen foi o vencedor no GP maluco, que registrou 26 pontos no Ibope. Em 2008, Massa e Hamilton duelaram até a última curva. O resultado, além da vitória do inglês, foram os 33 pontos de audiência registrados. No ano seguinte, Barrichello ainda tinha um fio de esperança pelo título em Interlagos, e a Globo chegou aos 26 pontos de audiência. No ano passado, com o título ainda indefinido, mas sem os brasileiros com chances de vitória, a audiência despencou: meros 16 pontos.

Ok, vamos tirar um pouco de lado o fato de que a audiência da TV aberta tem caído nos últimos anos, mas qual a expectativa que se pode ter de aumento do índice do Ibope para a prova deste domingo? Sem chance de ter campeão e, além disso, com uma temporada péssima dos brasileiros, a certeza é de que teremos uma audiência terrível para a prova. Um pouco mais tarde, porém, o Ibope do Brasileirão possivelmente registrará um dos melhores resultados aos domingos em 2011.

Do ponto de vista do patrocinador, quanto maior a imprevisibilidade de uma competição, maior é a chance de sua marca aparecer para mais pessoas. E, dado o componente de emoção que envolve o esporte, mais importante ainda é saber que uma eventual conquista de título poderá turbinar ainda mais o resultado do investimento que foi feito.

Na indústria do entretenimento, nada é mais imprevisível que o esporte (o que também faz desse investimento também o mais arriscado e mais caro). Se ele perder essa característica, também perderá, e muito, o seu apelo comercial.

Presidência da CBF é o próximo passo de Andrés

O novo diretor de seleções da entidade desmentiu a manchete deste post. “Não tenho esta aspiração”, desconversa.

A relação estreita com Ricardo Teixeira foi a chave para a entrada na CBF. O poderoso chefão do futebol brasileiro vê em Andrés a figura ideal para o projeto de coordenar todas as seleções.

Nesta sexta, no Rio, o presidente do Corinthians foi convidado pessoalmente por Teixeira, a assumir o controle de todas as seleções da entidade. Da base, passando pela olímpica e feminina, até a principal.

“Teixeira me deu o poder de comandar todas as seleções. Posso botar e tirar o técnico, os médicos e os preparadores”, revelou Andrés.

Andrés Sanchez pede licença do comando do Corinthians no dia 15 de dezembro. Logo depois eleição no clube, em fevereiro, ele assume o cargo na confederação brasileira de futebol.

Globo oferece espaço na programação para amistosos da seleção de basquete

A rede Globo comunicou a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) que terá cinco lacunas na programação para exibir amistosos da seleção brasileira de basquete. De acordo com o site site Máquina do Esporte, a entidade irá realizar uma reunião com o seu departamento técnico para planejar o calendário a ser seguido no próximo ano levando em conta este espaço na TV aberta.

No encontro, marcado para o dia 1º de dezembro, a entidade irá consultar o treinador Rubén Magnano para traçar o planejamento antes dos Jogos Olímpicos de Londres. “Pelo contrato com a Globo, teremos pelo menos quatro amistosos com TV aberta, mas temos que ouvir o Rubén”, afirmou ao site o presidente da CBB, Carlos Nunes.

A lista de possíveis jogos amistosos inclui China, Japão, Austrália, Espanha, França e Estados Unidos, além da Argentina, com quem a CBB tem boa relação e estuda marcar um circuito de jogos. A rede Globo já tem programada a transmissão da decisão do NBB4. Nesta temporada, o torneio nacional alterou sua forma de disputa para final em jogo único para atender às necessidades da emissora.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Rivalidades & Picuinhas

Os tempos mudaram e hoje, creio a maior rivalidade do futebol paulista é entre Corinthians e São Paulo. Houve época, ultrapassada pelo bom desempenho dos atuais maiores rivais, que a queda-de-braço pertencia ao velho Derby, Palmeiras e Corinthians. Isso já era.

E no centro desse duelo, vejo a figura do técnico Tite. Na contramão dos que tanto o criticam, a ponto de se apostar se ele será ou não demitido no caso de uma derrota para o tricolor nesta quarta-feira, em minha opinião não o vejo como culpado pelo momento corintiano: trabalha como um obstinado, não entra em discussões com a diretoria ou a torcida e, resignado, vai levando em frente os seus problemas- a eterna ausência de Adriano, o mês em que Liedson ficou parado, a perda de seu lateral- esquerdo titular (o razoável Fábio Santos) e quetais.

Ah, o Corinthians despencou depois de magnífico início no Campeonato e acaba de perder para o Santos? Sim. Mas por acaso foi Tite que, afobado, mandou contra as próprias redes o centro de Alan Kardec? Que eu saiba, foi o zagueiro Chicão. No primeiro tempo, com o ataque reclamado (Willian, Liedson e “Sheik”), o Corinthians foi até superior. Mas há de se reconhecer que o time do Santos é melhor.

E de quem é a culpa, então? Aponto como culpada a defesa do Corinthians, pois é lenta e falha nas jogadas aéreas, sofrendo- e muito- quando Ralf e Paulinho, não conseguem dar a ela o suporte necessário. O Corinthians se preocupou demais em armar um time forte do meio-campo para a frente- o que também é louvável- mas se esqueceu de que uma boa defesa num Campeonato equilibrado como este também é fundamental.

E qualquer coisa, pronto: “o culpado é o Tite”. Talvez lhe falte um pouco mais de marketing ou de pose- como o mercado gosta. Ou quem sabe, fazer uma picuinha aqui, outra ali, pois isso, parece, às vezes dá resultado para preservar a própria performance.

Não me parece justo, Nem que a culpa sempre lhe caiba e nem também que ele adira a efeitos para mudar o foco principal.

Vejo em Tite, a figura de um injustiçado.

Button na mira da Ferrari

Jenson Button ainda não renovou o contrato com a equipe McLaren. Segundo soube em Monza, há interesse dos dois lados na extensão do compromisso e o fator que estaria, ainda, impedindo o acerto final não é financeiro, mas apenas tempo de permanência na McLaren.

O campeão do mundo de 2009 deseja, ao contrário do que se poderia supor, somente um ano de contrato, ou seja, ser companheiro de Lewis Hamilton, com quem tem boa relação profissional, em 2012. Basta. Já Martin Whitmarsh, diretor da McLaren, quer ter esse eficiente piloto, terceiro na classificação, com 167 pontos, diante de 158 de Hamilton, quinto, na equipe por três anos.

A pergunta que fica no ar é: por qual razão, a princípio, Button não quer aceitar a proposta da McLaren? Afinal, disputará o próximo Mundial com 32 anos (faz aniversário dia 19 de janeiro), não é mais um jovenzinho, recebe um salário que bem poucos times poderiam pagar (estima-se que seja US$ 12 milhões por ano) e a estrutura da McLaren está dentre as melhores da Fórmula 1.

A resposta é simples: Button interessa à Ferrari. E a Ferrari interessa a Button.

Felipe Massa tem contrato com a escuderia italiana para 2012. E só. Massa necessita de uma supertemporada, no ano que vem, para convencer a Ferrari valer a pena estender seu compromisso. Sempre possível, lógico, mas não é o que a história dos dois últimos campeonatos sugere.

Button tem o perfil do piloto desejado pela Ferrari. Veloz, capaz de conviver com um companheiro manhoso como Fernando Alonso, e com retrospectiva de elevada regularidade entre os primeiros. Mais: tem o aval de Alonso. Com frequência o espanhol elogia o piloto inglês da McLaren.

Dentro de si acredita poder batê-lo, mas Button pode, também, tirar pontos dos seus adversários mais diretos. Mesmo que vez por outra vença suas corridas, como faz hoje na McLaren, Button representa, para Alonso, o companheiro ideal.

Já o inglês não se incomoda em compartilhar a escuderia com um piloto difícil, como Alonso, afinal chegou desacreditado na McLaren, em 2010, apesar de campeão do mundo no ano anterior, e lutou de igual para igual com o queridinho da casa, Hamilton. Queridinho não significa, necessariamente, dispor de privilégios, como sempre alegou Alonso.

Para Button correr pela Ferrari a partir de 2013, potanto, é preciso primeiro que a McLaren concorde com o contrato de apenas um ano. E depois que Massa também não corresponda na próxima temporada, ao menos na primeira parte do campeonato, quando as imagens se definem e a partir daí, em geral, os chefes de equipe tomam suas decisões.

Como se vê, tem muita coisa para acontecer antes de Button correr ao lado de Alonso. O que é certo é o interesse recíproco entre ambos, Ferrari e Button, e que os dois lados já conversaram.

Bruno Senna – Na corrida de Monza, foi o único a fazer três pit stops (os demais, dois) na pista que mais penaliza as paradas nos boxes. Mesmo assim marcou os primeiros pontos na Fórmula 1 ao receber a bandeirada em nono. O ritmo de prova de Bruno com o carro da Renault foi muito bom, só por isso com três pit stops, o primeiro logo no início da competição, avançou tanto na classificação.

Bruno utiliza a inteligência e o equilíbrio emocional para compensar a falta de experiência e o tempo inativo para construir sua ascensão na Fórmula 1. A cada treino ou corrida dá sinais de poder crescer significativamente. É a minha aposta.

sábado, 20 de agosto de 2011

A Copa do Mundo já tem seus derrotados

Por GUILHERME BOULOS*

As primeiras reações à escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo 2014 foram de festa.

De certo modo justificada: depois de mais de 60 anos, o país que tem o futebol como uma marca de cultura popular, com centenas de milhares de campos de várzea espalhados por todos os cantos, poderia voltar a ver de perto o maior evento futebolístico do planeta.

O menino da favela poderia, quem sabe, ir ao estádio ver seus maiores ídolos, que costumam se exibir apenas nos campos europeus. Um sonho…

Que não tardou muito em gerar desilusão.

De início, apareceu o incômodo problema de quem iria pagar a conta.

E veio a resposta, ainda mais incômoda, de que 98,5% do gordo orçamento do evento seriam financiados com dinheiro público, segundo estudo do TCU.

Boa parte do BNDES, é verdade.

Mas o capital do BNDES é alimentado pelo Orçamento Geral da União, portanto, dinheiro público, apesar dos malabarismos explicativos do Ministro dos Esportes.

Dinheiro que deveria ser investido no SUS, na educação, em habitação popular e tantos outros gargalos mais urgentes do país.

A questão torna-se ainda mais grave quando, motivado pelo argumento do tempo curto até 2014, o controle público dos gastos corre sério risco.

A FIFA impõe contratos milionários com patrocinadores privados. E o presidente do todo-poderoso Comitê Local é ninguém menos que Ricardo Teixeira, que dispensa comentários quanto à lisura e honestidade no trato com dinheiro.

Estes temas têm sido amplamente tratados pela grande imprensa.

No entanto, há uma outra dimensão do problema, infelizmente pouco abordada. E não menos grave.

Trata-se das consequências profundamente excludentes dos investimentos da Copa nas 12 cidades que a abrigarão.

Três anos antes da bola rolar, esta Copa já definiu os perdedores. E serão muitos, centenas de milhares de famílias afetadas direta ou indiretamente pelas obras.

Somente com despejos e remoções forçadas já há um número de 70 mil famílias afetadas, segundo dossiê de março deste ano produzido pela Relatora do Direito à Moradia na ONU, Raquel Rolnik.

E estes dados foram obtidos unicamente através de denúncias de comunidades e movimentos populares.

O que significa que os números tendem a ser muito maiores.

A Resistência Urbana – Frente Nacional de Movimentos solicitou a representantes governamentais do Conselho das Cidades um dado estimado de famílias despejadas e recebeu a resposta de que este levantamento não existe. O Portal da Transparência para a Copa 2014 tampouco fornece qualquer informação. Há uma verdadeira caixa-preta entorno dos números.

Isso facilita que qualquer processo de remoção receba o carimbo da Copa e, deste modo, seja conduzido em regime de urgência, sem negociação com a comunidade e passando por cima dos direitos mais elementares.

E, o que é pior, na maioria dos casos não há qualquer alternativa para as famílias despejadas. Quando há, são jogadas em conjuntos habitacionais de regiões mais periféricas, com infra-estrutura precária e ausência de serviços públicos.

Não é demais lembrar que, na África do Sul, milhares de famílias continuam hoje vivendo em alojamentos após terem sido removidas para a realização da Copa 2010.

Quem sorri de orelha a orelha é o capital imobiliário.

As grandes empreiteiras e, principalmente, os especuladores de terra urbana se impõem como os grandes vitoriosos. Nunca ganharam tanto.

Levantamento recente do Creci-SP mostra que em 2010 houve uma valorização de até 187% de imóveis usados em São Paulo e um aumento de até 146% no valor dos aluguéis. A rentabilidade do investimento imobiliário superou a maior parte das aplicações financeiras Para este segmento a Copa é um grande negócio.

Quem perde com isso é a maior parte do povo brasileiro. O trabalhador que ainda podia pagar aluguel num bairro mais central é atirado para as periferias. E mesmo nas periferias, os moradores são atirados para cidades mais distantes das regiões metropolitanas.

As obras da Copa desempenham um papel chave neste processo de segregação. O exemplo de Itaquera não deixa dúvidas: os preços de compra e aluguel dos imóveis dobraram após o anúncio da construção do estádio. Aliás, não se trata de um fenômeno apenas nacional: as Olimpíadas de Barcelona (1992), por exemplo, foram precedidas de um aumento de 130% no valor dos imóveis; em Seul (1988) 15% da população sofreu remoções. A conta costuma ficar para os mais pobres.

Isso quando não se paga com a liberdade ou a vida. Na África do Sul, durante a Copa 2010, foi criada por exigência da FIFA uma legislação de exceção, com tribunais sumários para julgar e condenar qualquer transgressão. O Pan do Rio foi precedido de um massacre no Morro do Alemão, com dezenas de mortos pela polícia, supostamente “traficantes”. Despejos arbitrários, repressão ao trabalho informal, manter os favelados na favela e punir exemplarmente qualquer “subversão”, eis a receita para os mega-eventos. Receita que mistura perversamente lucros exorbitantes, gastos públicos escusos e exclusão social.

*Guilherme Boulos, membro da coordenação nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), militante da Resistência Urbana – Frente Nacional de Movimentos e da CSP Conlutas (Central Sindical e Popular).

A culpa é sempre do patrocinador…

Torben Grael, maior medalhista olímpico da história do país, abriu mão de tentar a vaga nos Jogos de Londres, no ano que vem, por falta de patrocínio. A notícia veio à tona na última semana, e levantou aquela velha discussão do “absurdo” que é um campeão olímpico não ter apoio para competir numa Olimpíada.

Mas será que a culpa é sempre do patrocinador?

Nesta quinta-feira, Torben Grael divulgou um comunicado à imprensa afirmando que não tem patrocinador para tentar o projeto olímpico, mas que continua a ser muito bem patrocinado pela Mitsubishi para competir na Vela Ocêanica.

“A esta altura, dificilmente vou tentar uma vaga para os jogos de Londres devido, principalmente, à falta de patrocínio exclusivo para uma campanha olímpica. Já na vela de Oceano, tenho o apoio e um excelente patrocínio da Mitsubishi Motors do Brasil, onde velejo na classe Soto 40, barco idealizado pelo empresário e velejador Eduardo de Souza Ramos”.

Essa foi a frase que Torben teve de colocar no comunicado, tentando reparar a crise causada com seu patrocinador, que já investe nele e, muito provavelmente, sentiu-se menosprezado ao ver tantas matérias falando que o grande campeão do país não tem apoio.

Invariavelmente a mídia crucifica a “falta de patrocínio”, considerada a grande mazela para que atletas vitoriosos como Torben não consigam galgar sonhos mais altos no esporte. Mas por que a culpa sempre é do patrocinador? Como costumo dizer por aqui, patrocínio não pode ser confundido com caridade. Para uma empresa dispender dinheiro num projeto, ele tem de trazer retorno.

Fica ainda pior quando o atleta reclama da falta de patrocínio e coloca esse fator como o maior responsável para ele não conseguir cumprir seus objetivos. Esse tipo de atitude só prejudica a imagem do esportista e faz com que o patrocinador, naturalmente, não veja nesse atleta ou nessa instituição um bom produto para colocar seu dinheiro.

Nem sempre o problema está na falta de visão do patrocinador. Diria que, na maioria das vezes, o problema está no próprio patrocinado, que não consegue mostrar para a empresa o retorno que ele pode trazer.

Ser o melhor não basta, é preciso representar também o melhor negócio para quem vai investir. Isso dá muito mais trabalho do que competir. No fim, é muito fácil colocar a culpa no patrocinador. Ou na ausência dele…

sábado, 23 de julho de 2011

O mecenato ainda interfere no esporte brasileiro

“Qual o objetivo da EBX com o time de vôlei?”. A pergunta foi feita pelo repórter da Máquina do Esporte a Bernardo Lorenzo-Fernandez, gerente geral de entretenimento do grupo EBX, do bilionário Eike Batista e que anunciou na última quarta-feira investimentos de R$ 13 milhões ao ano na criação de um time masculino de vôlei na cidade do Rio de Janeiro.

“Não temos uma expectativa de retorno financeiro ou de imagem. O que nós estamos fazendo é um investimento no local em que estamos inseridos”, foi a resposta do executivo.

Conclusão. Não há qualquer projeto de longo prazo com a formação de um time de vôlei pela EBX. O RJX, como será chamado, tem um ano de contrato com os seus atletas. Depois disso, ainda não se sabe qual será o futuro da equipe.

O negócio, que já havia sido apontado aqui no blog como uma espécie de divisor de águas para a gestão do vôlei nacional já não começa a ser tão revolucionário assim. Ao não ter um projeto calcado em retornos claros de investimento, Eike Batista presta, na verdade, um desserviço ao vôlei nacional.

Sim, é ótimo termos mais um time de peso disputando a Superliga, ainda mais com toda a força de mídia que envolve qualquer tema ligado a Eike Batista. Claramente, porém, o que o bilionário quer é ser uma espécie de Mecenas, de um endinheirado que nada mais quer do que ajudar o esporte para, em troca, ter outros benefícios.

O status que o esporte confere aos seus investidores leva, historicamente, muitos bilionários a despejar alguns milhões nele. Em troca, além do prestígio, muitas vezes essas pessoas conseguem vantagens em outros negócios pela boa imagem que adquirem ao ajudar projetos esportivos.

Ao que tudo indica, é isso que move ainda a inserção de Eike Batista no esporte brasileiro. Quando um time que custa R$ 13 milhões por ano é anunciado sem qualquer outro projeto a não ser o de “ajudar” o vôlei esporte é lançado, seu efeito sobre o mercado é devastador. Aumento de preços, saída de patrocinadores e fechamento de equipes menores geralmente acompanham esses movimentos.

No caso do vôlei brasileiro, a Superliga ganhou o RJX, mas muito possivelmente perdeu o Pinheiros, clube tradicional do esporte, que perdeu o apoio da Sky (a empresa migrou para o Cimed, em Florianópolis, unindo investimentos para formar um time que pode tentar frear o favoritismo da equipe da EBX).

O mecenato não é bom para o esporte. Ele pode até fazer com que, num primeiro momento, o mercado se aqueça um pouco com a entrada de alguém endinheirado. Mas a “caridade” que geralmente cerca esses projetos faz com que tudo se pulverize em pouco tempo.

No caso do RJX, está claro que o crescente interesse de Eike Batista no esporte tem muito mais a ver com a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro em 2016 e as oportunidades que o evento vão gerar do que com um projeto bem balizado de marketing por meio do esporte.

Não é difícil prever que a festa dure até 2016 e, depois disso, esses mecenas migrem para outras áreas que atraiam mídia e gerem negócios na mesma proporção que o esporte na atualidade.

Enquanto o esporte for visto como obra de caridade, o mecenato vai continuar a interferir negativamente no esporte brasileiro. Quando o esporte souber se vender como uma plataforma de negócios, com certeza a conversa irá mudar de figura. E a resposta de que não existe um projeto de marca ou de vendas para um investimento de R$ 13 milhões simplesmente vai deixar de existir.

As Revelações do Campeonato. E um feito Histórico

Sei que ainda é cedo, a grande maioria dos clubes só disputou dez partidas, mas já dá para apontar quem está pintando como revelação deste Campeonato Brasileiro. Tirando nomes já mais famosos, inclusive Neymar e Ganso, reconhecendo que ainda vão faltar muitos (aceitando lembranças dos internautas) lanço os que me vêm à cabeça:

1- Leandro Damião: centroavante que ficará pouco tempo no Brasil, razão pela qual o Inter prorrogou o seu contrato esperando que permaneça, pelo menos até o fim do ano. Ele é alto, tem habilidade, é veloz para sua estatura, cabeceia bem, é oportunista e vive fazendo gols. Neste Campeonato, por enquanto, fez quatro. Na temporada, não sei ao certo, mas marcou mais de 20. Deveria ter ido para a Seleção na Copa América.



2- Lucas: apareceu no ano passado, é certo, mas é neste ano que se firma como craque do São Paulo e da Seleção Brasileira. Teve poucas chances na Copa América, deveria ter sido titular. Por ter ido para a Seleção, jogou poucas vezes no São Paulo. Mesmo assim, já fez três gols.



3- Paulinho: é a grande surpresa do meio- campo do Corinthians. Ao lado de Ralf, não tem deixado saudades de Cristian, Elias e Jucilei que davam a impressão de que não seriam substituídos com facilidade. Pois Paulinho se multiplica em campo: defende com precisão, surge de surpresa na área inimiga e já anotou 3 gols neste Campeonato Brasileiro. O que é significativo para um volante.



4- Willian: reforço pouco badalado do Corinthians, vindo da Série B onde defendia Figueirense, tem sido um terror para as defesas inimigas, com sua velocidade e suas deslocações constantes. E tem faro de gol: já fez 5 no Campeonato Brasileiro, é o artilheiro do time ao lado de Liedson.



5- Cicinho: uma boa surpresa este lateral-direito do Palmeiras. Veio por empréstimo do Oeste (jogava pelo Santo André) e nesta sexta já foi contratado até 2015, por indicação de Felipão, que aprovou seu futebol veloz e suas escapadas pela direita, que podem ser ainda mais úteis com os lançamentos de Valdívia e um melhor entrosamento com Maikon Leite. Fez apenas um gol neste Campeonato.



6- Elkeson: já fez 5 gols no Campeonato pelo Botafogo, time onde desfila seu talento e o chute forte, virtudes que já faziam dele um sucesso no Vitória. Jogador para dar muito o que falar.

E aí amigo internauta, pode mandar as suas revelações...

Futebol Feminino: a próxima grande oportunidade

Por MARIA TEREZA PÚBLIO DIAS*

“Se a gente ganhasse o Mundial, teria investimento? Não sei, acho que não. A gente já fez o que fez, e não muda nada”.

Essa foi a mensagem da atacante Cristiane, assim que as Canarinhas voltaram da Alemanha, depois de perder para os Estados Unidos nas quartas de final do Mundial Feminino.

Desde que a Copa do Mundo feminina começou a ser disputada, em 1991 o Brasil esteve presente em todas as competições.

Em 1999 ficou em 3º lugar e em 2007 perdeu a final para a Alemanha.

Temos a melhor jogadora do mundo, Marta! Cinco vezes eleita pela FIFA (consecutivas), fez quatro gols na Alemanha e se igualou à atacante alemã Birgit Prinz em números de gols marcados em Copas do Mundo (14).

Mas “só” isso parece não adiantar para que o futebol feminino brasileiro tenha mais apoio.

O bom futebol e a falta de experiência que nossas atletas mostraram são resultados do talento nato das meninas e da falta de preparação para competições importantes como a Copa do Mundo e Olímpiadas.

Antes de ir para a Alemanha, o Brasil fez apenas um amistoso contra o Chile, time que hoje está em 44º no ranking da FIFA e não participou da Copa do Mundo.

Enquanto os Estados Unidos (1º lugar no ranking da FIFA) fizeram diversos amistosos, sendo um deles contra o Japão, time com quem jogaria a final da Copa, dia 17 de Julho. Os Estados Unidos acabaram perdendo para o Japão, que durante toda a Copa mostrou que além de garra, contou com uma nação inteira apoiando suas atletas durante toda a competição.

Os problemas da seleção brasileira começam mais embaixo.

Em 1999 os Estados Unidos trouxeram para casa a taça de campeãs.

Desde então, o país mudou em relação ao futebol feminino. Em 2001 foi criada a primeira liga feminina no país, a WUSA, que durou apenas dois anos, por falta de investimentos. Em 2008 a liga atual, WPS (Women’s Professional Soccer) foi criada e continua a desenvolver atletas profissionais no país. Hoje a liga conta com 6 times, entre eles o Western New York Flash, onde atuam duas brasileiras, Marta e Maurine. De acordo com o técnico do time, Aaron Lines, a liga tem ajudado a preparar as jogadoras para grandes campeonatos como o Mundial e as Olimpíadas.

Além de ter uma liga profissional, o desenvolvimento das atletas nos Estados Unidos começa por volta dos 16 anos, quando a maioria das jogadoras esta’ se preparando para começar a faculdade. Hoje, nos Estados Unidos, de acordo com a NCAA (National Collegiate Athletic Association) cerca de 380 faculdades associadas têm time de futebol feminino. As atletas são disputadas pelas faculdades e recebem apoio (bolsa de estudos, alimentação e moradia) durante os quatro anos de estudo.

De acordo com o censo do IBGE, temos 17.5 milhões de meninas entre 10 e 19. Essa é a idade em que a maioria das meninas aqui nos Estados Unidos começa a se envolver com o esporte e participar de campeonatos nos clubes em que treinam. Durante o ano letivo, as escolas participam de competições e quando as atletas estão no período de férias escolares, os pais as colocam nos famosos “camps” americanos, onde têm chance de melhorar ainda mais suas habilidades e onde começam a aparecer para os famosos “olheiros” de faculdades.

O Brasil tem, é claro, tradição em futebol, vontade também. E principalmente um público que com certeza estaria interessado em torcer pelo seu time feminino, como mostram os números recordes de tuites na final do feminino e a audiência também recorde das transmissões de TV durante a ultima copa feminina, na Alemanha.

Esse é o grande diferencial entre os Estados Unidos e o Brasil. Com uma liga estável, as americanas conseguem se preparar melhor para grandes competições, enquanto as brasileiras não conseguem ter um calendário de jogos fixo e times com estrutura para competições. A seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo este ano tinha 15 jogadoras que atuam no Brasil, sendo 6 do Santos. As outras, ou jogam fora do Brasil ou estão sem clubes. A goleira Andrea e a atacante Cristiane em entrevistas após a derrota contra os Estados Unidos, deram seus diagnósticos: “Só raça e vontade não ganham Mundial. Só raça, vontade e confiança não ganham medalha olímpica. Tem que ter, sim, pessoas que queiram trabalhar sério pelo futebol feminino”, disse Andréa. Já a atacante Cristiane lembrou que a Liga Americana (WPS) continua investindo pesado, não importam os resultados.

Diversas brasileiras passaram pela liga americana nos últimos anos. Formiga, Cristiane, Marta, Maurine, sendo que as duas últimas atuam no WNY Flash (NY). Esse é o terceiro clube pelo qual Marta joga nos EUA. Os dois anteriores ao WNY Flash foram campeões da liga. Hoje o time de Marta está em segundo lugar, com grandes chances de terminar em primeiro e trazer mais um título para o currículo dessa grande jogadora.

Marta fez com que a popularidade do esporte crescesse. Tornou-se um ídolo, reconhecida e querida por onde vá. Nos jogos em casa, crianças de todas as idades lutam para conseguir um autografo ou uma foto. Muitas chegam horas antes do jogo só para ver a jogadora descer do ônibus. O WNY Flash vive dias de sucesso, no estado de Nova Iorque depois que trouxe Marta para jogar aqui. Ingressos para os jogos vendem como água e quando os fãs ligam para comprar ingresso a pergunta é sempre a mesma: “A Marta vai jogar?”.

A pergunta óbvia é: por que uma atleta brasileira que é a melhor jogadora do mundo não está jogando em uma liga no Brasil? Por que não temos crianças brasileiras jogando futebol e dizendo que quando crescerem querem ser igual à Marta?

A Copa do Mundo feminina que terminou no dia 17 de Julho foi transmitida pelo maior canal de esportes dos Estados Unidos (a ESPN) que fez uma cobertura completa, transmitindo todos os jogos nos seus dois canais e também pela internet. De acordo com a revista Bloomberg, durante a final entre Estados Unidos e Japão o canal atingiu uma média de 8.6% de audiência. Doze anos atrás, em 1999, quando os EUA jogou a semifinal contra o Brasil o canal teve uma audiência de 3.2%. Pra se ter uma ideia, o jogo da liga de Basebal nos Estados Unidos obteve apenas 6.9% de audiência (e era o jogo dos “All-Stars”, que tem os melhores jogadores do país.)

Além disso, durante a partida, foi batido o recorde de tuítes por segundo. De acordo com o G1 e diversos jornais pelo mundo, a média foi de 7.196 tuítes por segundo durante a partida. Durante a disputa de pênaltis entre Brasil e Paraguai a média foi de 7.166 tuítes por segundo.

Esses indicadores mostram que o futebol feminino vem crescendo e tem chances de se tornar ainda maior. O futebol é um esporte de tradição no Brasil e agora é a vez do país abraçar essa oportunidade. As Canarinhas da Granja Comari contam com os mesmos patrocinadores da selecão masculina (Nike, Itaú, VIVO, Guaraná Antártica, SEARA, Nestlé, Extra, Gillette, Wolkswagen, TAM), mas não é o suficiente para que as atletas estejam preparadas para competições de grande porte. Ao contrário da seleção feminina dos Estados Unidos, o time também conta com os mesmos patrocinadores da seleção masculina (American Airlines, All State, AT&T, Budweiser, Castrol, DICK’S, Gatorade, El Jimador, Kumho Tires, Nike, Pepsi, VISA), mas o suporte e a preparação que o time recebe nem se compara a seleção brasileira. O “Team USA”, como são conhecidas por aqui, conseguem aproveitar os benefícios que os patrocínios trazem para as duas seleções. O resultado nós podemos ver dentro de campo, um time mais estabilizado, melhor preparado e com um background que não se compara ao país do futebol.

A mesma tecla vem sendo batida nos últimos anos: as meninas lutam e fazem o máximo possível para trazer alegria ao povo brasileiro. Mas sem investimento, sem organização, essas meninas vão continuar batendo na trave e o futebol feminino também.

*Maria Tereza Públio Dias é mestranda em Administração Esportiva na Universidade Canisisus, Buffalo, EUA, e estagia no WNY Flash, o clube onde joga a também brasileira Marta.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Revelações de Felipão. E a grande vitória do Palmeiras, sem Kleber.

Conversei mais de uma hora com Felipão no programa “No Pique”, que apresento nas noites de domingo pela CNT. E o encontrei muito à vontade, com o humor em alta, depois da vitória do Palmeiras sobre o Santos por 3 a 0. Eu estava ao lado dos companheiros José Gonçalves, Bruno Bernardi, Paulinho Arapuã e Rogério Lugó, sendo que Felipão não fugiu de nenhuma pergunta e ainda fez algumas revelações, desde prováveis contratações ao caso Kleber.

Eis algumas dessas revelações;

“Do Kleber, posso falar que o considero ainda o melhor centroavante do Brasil. E não sei se a culpa no caso foi dele ou de quem o acompanha. Confio nos nossos médicos, a questão está com a diretoria e no momento em que estiver liberado para treinar, vai treinar”.

“Nosso presidente (Arnaldo Tirone) está na Argentina, onde se encontram presidentes de muitos clubes. Ele pode trazer de lá boas notícias para o Palmeiras”.

“O meu pensamento, daqui para a frente, é que possamos contar com mais quatro jogadores, contratando dois de peso e duas apostas”.

“O Lincoln não foi relacionado para o jogo contra o Santos, pois veio nos pedir para ficar de fora do jogo, pois já tinha feito seis partidas e se jogasse mais uma não poderia ser transferido para outra equipe da Série A neste Campeonato. E nós concordamos”.

“Esse jogo contra o Santos foi curioso: ganhamos bem, mas, além dos gols, aconteceram poucas outras grandes chances para as duas equipes. Sinal de que o aproveitamento do Palmeiras foi excelente”.

“Vi o jogo do Valdívia contra o Uruguai. Ele foi bem, sim”.

(Ao responder uma pergunta minha se ele vira Valdívia em ação naquela meia hora contra o Uruguai).

Além disso, este jornalista, blogueiro e Felipão relembramos histórias passadas, o Palmeiras da era Parmalat, a Seleção pentacampeã do mundo, o comportamento de jogadores de outras épocas, etc.

Foi um papo gostoso. Passou tão rápido...

LÓGICA PREVALECEU NOS RESULTADOS DO FIM DE SEMANA

LIGA MUNDIAL DE VÔLEI – A Rússia fez a melhor campanha da primeira fase e foi o time mais consistente na fase final. Com um time muito alto, com muitos recursos e variações no ataque, venceu de forma merecida o Brasil na decisão (ainda que com o passe ruim). E o placar de 3 a 2, em um jogo excepcional, valoriza o que fizeram as duas equipes. Quem viu a fase final inteira pôde atestar que o Brasil tinha pontos a melhorar, principalmente o saque. Isso é natural e está muito, muito longe de indicar que tudo está errado por causa do vice-campeonato.

COPA DO MUNDO FEMININA – A eliminação é doída por causa da forma que foi, tomando um gol contra com um minuto e um gol de “bumba-meu-boi” aos 16 minutos do segundo tempo da prorrogação. Mas a verdade é que o Brasil fez demais. E nem uso o discurso pronto e batido (mas 100% verdadeiro) da ridícula (falta de) estrutura do futebol feminino no país. Digo pelo que o Brasil mostrou na Alemanha. Jogou pior que Austrália e Noruega, sem um padrão de jogo, com as volantes perdidas em campo, as alas presas, Rosana completamente sem função e Marta e Cristiane largadas (e separadas) na frente. E o técnico Kleiton Lima dando impressão de não ter opções (ou não saber o que fazer com elas). Isso ficou claro em Dresden, com os EUA jogando muito mais. Sem falar em dois erros claros da arbitragem (Maurine impedida no segundo gol e o pênalti de Cristiane não marcado) e o incrível acerto na invasão do pênalti a favor do Brasil. O discurso fácil, de quem subiu no ônibus agora, é dizer que amarelou.

VÔLEI DE PRAIA – Duas medalhas de ouro no Grand Slam de Gstaad, na Suíça, com Allison/Emanuel e Juliana/Larissa. O fim de semana não foi só de derrota. As duas duplas mais preparadas do país, que são meticulosas em tudo que envolve seu dia-a-dia, acumulam mais uma conquista e passeiam rumo à vaga olímpica. Não é só talento que conta. Enquanto isso, tem dupla mudando de formação há um ano da Olimpíada!

COPA DO MUNDO SUB-17 – México campeão, Uruguai vice, Alemanha em terceiro e Brasil em quarto. Três países que despertaram há alguns anos para a importância do trabalho coordenado nas divisões de base. Os frutos vêm na base e na seleção principal, como vimos na última Copa do Mundo. Enquanto isso, o Brasil começa a se preocupar com isso agora, missão de Ney Franco. E ainda depende totalmente da individualidade. Como a de Adryan, que fez uma falta tremenda na semifinal. E tem gente que ridiculariza o Uruguai eliminar o Brasil e o título mexicano. Estão sabendo legal…

PARAGUAI – O Paraguai foi às quartas-de-final da Copa do Mundo, colocou uma pressão absurda e perdeu um pênalti contra a Espanha que viria ser campeã mundial no ano passado. Tem uma base montada, em um ótimo trabalho do técnico Grardo Martino, que se traduz em uma boa consistência em campo. E como destacou o brilhante Lédio Carmona, vários jornalistas acham um absurdo uma Seleção Brasileira completamente desconjuntada não ganhar o Paraguai. Não dá para entender.

sábado, 9 de julho de 2011

Ricardo Teixeira se aproxima da beatificação

Em 2003, quando ainda trabalhava no “Lance!”, escrevi uma coluna no final do ano com o título “Se bobear, vira santo”. Na época, falava exatamente sobre o término do primeiro Campeonato Brasileiro disputado no formato de pontos corridos e, também, sobre as consequências disso para o futuro do futebol brasileiro e, especialmente, de Ricardo Teixeira no comando da CBF.

A análise era a de que, passada a turbulência das CPIs que incriminaram, mas não levaram à punição do comandante da entidade, ele conseguia encaminhar todo o cenário para se tornar “o grande salvador” do futebol nacional. Com o Brasileirão no formato que a imprensa sempre pediu, faltava apenas conseguir trazer a Copa do Mundo para o país.

Dito e feito.

A extensa reportagem que acabou de sair na revista “Piauí” e repercutiu em diversos veículos nada mais é a prova disso.

Hoje, Teixeira manda no país. Com a Copa do Mundo como pretexto, ele é quem dita as cartas sobre cidades, estados e governo em geral. A soberania da Fifa consegue ser maior do que a nacional. A pressão que a entidade do futebol exerce sobre os países que sonham em ser sede de sua competição permite que seus dirigentes mandem e desmandem.

“Vai ver que a minha vaidade é essa. Ver que as maiores empresas do mundo, a maior de seguros, a maior cervejaria, o maior banco do país, a maior editora, todo mundo investiu milhões no landrão, no bandido aqui, numa CBF de merda, num time que só perde, né?”.

Essa é uma das dezenas de declarações de Teixeira presentes na reportagem assinada por Daniela Pinheiro na “Piauí”. O dirigente sabe, muito bem, usar as palavras, trabalhar o discurso para aquilo que ele quer. O único deslize que ele comete na reportagem foi promovido pela filha dele de 11 anos, que “entregou” a preferência do pai pela vitória de Bin Hamman nas eleições da Fifa.

O próximo passo que falta é Ricardo Teixeira alcançar a beatificação. Está bem próximo disso. Ao fazer a Copa no Brasil, ele sairá da presidência da entidade como o mais vitorioso dirigente do futebol nacional, o cara que organizou o calendário e o Campeonato Brasileiro e o que ajudou na modernização das instalações esportivas ao trazer a Copa para o país.

“Eu saio em 2015. E aí, acabou”.

Teixeira sabe o que precisa fazer. E, também, tem total noção de que o seu trabalho termina após a Copa do Mundo no Brasil. Não haverá, afinal, um passo maior para ser dado depois que isso acontecer. CPI? Corrupção? Tudo isso vai parecer intriga da oposição. Algo da “patota de sempre”, como ele costuma definir. Os fins vão, nesse caso, estraçalhar os meios.

Pitadinhas: Valdívia, Coates, Neymar, Kleber, Seleção Brasileira, Felipão...

1- Valdívia jogou apenas a meia hora final do jogo. Mas foi o suficiente para brilhar e levar o Chile ao empate diante do Uruguai (1 a 1), pela Copa América. Ele foi o autor do lançamento para Beuasejou, que cruzou para Alexis Sanchez (belo jogador!) empatar a partida, que vinha sido vencida pelo Uruguai, em gol anotado por Alvaro Pereyra.

Nessa meia hora, Valdívia chegou a lembrar seus melhores momentos de Palmeiras, antes de ir para os Emirados Árabes, quando não se machucava tanto. Se jogar assim, voltará a ser o craque que se esperava.

2- Coates, o zagueiro uruguaio que deverá ser contratado pelo São Paulo formou dupla com Lugano nesse ríspido jogo do Uruguai diante de um Chile mais técnico. Por essa partida, pareceu-me um zagueiro mais de força física do que clássico, grandalhão e vigoroso, lembrando até mesmo Lugano. Bem, por essa razão é apelidado “El Luganito”. Talvez precise de um zagueiro mais rápido ao seu lado.



3- O agente de Neymar, Vagner Ribeiro, voltou a afirmar que está tudo bem encaminhado para a contratação de Neymar pelo Real Madrid, dependendo apenas da decisão do jogador. Como? É que o clube espanhol pagará a multa de 45 milhões de euros (cerca de 101 milhões de reais), não cabendo mais ao Santos nenhum tipo de resistência.

Continuo achando que Neymar vai para o Real, sim, mas só depois do Campeonato Mundial de Clubes.

4- Kleber, liberado perlo departamento médico do Palmeiras para enfrentar o Santos, é um caso bem diferente: leio que a presidente do Flamengo. Patrícia Amorim declarou nesta sexta-feira, que sua ida para o Fla “depende só do jogador, que é fantástico e tem a cara do Flamengo. Mas não pode jogar domingo”.

Como? Ou não entendi bem, pois não a ouvi e apenas li o que disse em pelo menos dois sites ou o contrato vigente, multa rescisória, negociação, o clube (no caso o Palmeiras) que detém os direitos federativos do jogador, ah, tudo isso, no caso, não valeria mais nada. Ou quase nada.

É, pode ser que eu não tenha entendido bem...

5- A Seleção Brasileira enfrenta o Paraguai neste sábado, pela Copa América, e ainda insisto que como favorita. Mesmo depois daquela péssima exibição diante da Venezuela? Sim. Temos talentos suficientes, a equipe do Paraguai é limitada e meu palpite é que, a partir de agora, daremos a volta por cima. E torço para que Lucas se junte a Neymar, Ganso e Pato, no começo ou durante o jogo.



6- Felipão: por falar em Seleção, o pentacampeão do mundo em 2002, confirmou presença no programa “No Pique” que apresento aos domingos, às 21h30, pela CNT- canais: Net 134 e 26 UHF. Quer dizer; logo depois do clássico entre Palmeiras e Santos.

Escrito por Roberto Avallone às 23h05
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Como o Palmeiras jogou mal! E a injusta demissão de Carpegiani...

O próprio Felipão, em entrevista coletiva após o jogo, reconheceu: “Pelo que jogou, o empate até acabou sendo bom para o Palmeiras”. Quer dizer que, ao empatar com o frágil América Mineiro por 1 a 1, nesta quinta-feira, em Sete Lagoas, o Palmeiras mostrou quase nada de futebol, deixando escapar a vice- liderança (que viria com uma simples vitória diante de uma equipe que está na zona da degola). Mas, pior do que isso, exibindo uma pobreza de criatividade capaz de assustar;

“Nos falta o lançador para aproveitar melhor a velocidade de Maikon Leite”- ainda explicava Felipão, visivelmente aborrecido com a produção de sua equipe, embora não apontasse diretamente nenhum culpado.

Agora, o amigo quer saber? Difícil seria a missão de apontar um culpado. Na verdade, um deles seria Lincoln, o pior em campo em minha opinião, o jogador que tem pose de craque, que fala como craque e atua como ex- jogador. Wellington Paulista, igualmente, que não fez nenhum gol desde que chegou ao Palmeiras, é outro que não vai resolver. Ambos foram justamente substituídos por Felipão. Só que por Dinei e Patrik, o que, no jargão do futebol, significaria trocar seis por meia dúzia.

O América Mineiro ainda fez seu gol em bela jogada, em velocidade, com Kempes passando a bola, na medida, para o arremate certeiro de Alessandro. E só para variar, o Palmeiras empatou aproveitando a bola parada, falta batida de longe por Marcos Assunção e arremate de Maurício Ramos, depois de bate- rebate na área.

O castigo foi duplo: o América continua na zona de degola e o Palmeiras foi para o quinto lugar.

CARPEGIANI: INJUSTA DEMISSÂO

Quando o São Paulo ganhou cinco jogos seguidos, no começo do Campeonato Brasileiro. Carpegiani era o técnico ideal para colocar em prática o sonho tricolor de lançar a garotada, coisa e tal. Depois, perdeu Lucas para a Seleção Brasileira principal, perdeu jogadores para A Sub-20, perdeu jogadores machucados ou que saíram (Alex Silva, Miranda, etc) e perdeu jogos.

A derrota para o Flamengo, que jogou com o time completo, foi normal. E até que, no primeiro tempo, o tricolor até criou algumas chances, especialmente uma com Fernandinho, cara a cara com Felipe. E a partida foi equilibrada até certo ponto.

Logo, tenho como injusta a saída de Carpegiani. Quem virá agora? Fala-se em Cuca, Dorival Júnior, Paulo Autuori, Celso Roth e até numa velha ideia de trazer o mito de vencer a Libertadores, Carlos Bianchi. Com certeza, terá mais facilidades do que Carpegiani, pois logo Lucas estará de volta, Luís Fabiano talvez estreie, novos jogadores surgirão (o zagueiro Coates, o meia argentino Cañete), vida que segue.

E o nome de Carpegiani, na eterna dos técnicos, será esquecido.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Santos, bicampeão. E a polêmica Valdívia.

Era para o Santos ter liquidado o jogo no primeiro tempo, tantas foram as chances desperdiçadas. O Corinthians parecia entregue e desarrumado após o gol de Arouca e, dominado, via o adversário perder gols, inclusive numa jogada de Neymar, cara a cara com Júlio César, e um chute maravilhoso de Arouca, cheia de veneno, que bateu na trave esquerda do goleiro corintiano.

No segundo tempo, o Corinthians foi mais para à frente e a tradicional mudança de Tite- Willian no lugar de Dentinho- até que surtiu algum efeito, Mas esse Santos de Muricy aprendeu a se defender e ficou nessa atitude, explorando os contra-ataque. Num deles, Neymar, quase sem ângulo, pela esquerda, chutou fraco. Mas Júlio César não conseguiu segurar.

Parecia tudo terminado. Só que em outra falha do goleiro, desta vez Rafael, do Santos, Morais diminuiu com um chute fraco e tornou o final emocionante.

Mas não tinha jeito. Estava escrito que ganharia o melhor time. E foi: o Santos, mesmo sem Ganso.

VALDÍVIA TEM JEITO?

O que antes se comentava apenas nos bastidores, agora veio à tona. E com força: o próprio presidente do Palmeiras, Arnaldo Tirone, declarou ao Jornal da Tarde (e ao Estadão), sua insatisfação com o comportamento do jogador, com suas sucessivas contusões, confessando que nem tem vontade de pagar o que ficou acordado com um banco, na aquisição do jogador, embora vá fazê-lo E diz Tirone, com impostos, são quase 20 milhões de reais...

Ficará só na vontade e, depois, Tirone emitiu nota oficial, no site do clube, com palavras mais otimistas, dizendo, entre outras coisas, que espera contar com Valdívia, que ele se recupere e coisa e tal.

O temor de perder Valdíivia causou revolta na torcida do Palmeiras, carente de ídolos e de títulos. Mas, convenhamos: por mais que se goste do futebol de Valdívia- e me incluo nessa grande maioria- a verdade é que, até agora, ele não foi El Mago e sim uma grande decepção! Jamais vi um jogador se machucar tão sucessivamente, já tornando patética a cena de colocar a mão na coxa esquerda e pedir para sair de campo. Pelo menos, não me lembro.

Em todas as partidas decisivas do Palmeiras, até agora, Valdívia ficou fora de combate: na semifinal para o Goiás, perdida no Pacaembu; na eliminação para o Corinthians, quando ele levou a mão à coxa esquerda, depois de um chute no vácuo, aos 20 minutos do primeiro tempo; na humilhante goleada para o Coritiba, por 6 a 0, que tirou o Palmeiras da Copa do Brasil quando Valdívia, mais uma vez, estava se recuperando de uma lesão.

Tirone tem, então, as suas razões de ter reclamado.

E qual seria, então, a solução? Não sou pela dispensa de Valdívia, penso em recuperação do jogador que encantou a torcida em sua primeira passagem pelo Palmeiras. Deve existir um jeito de colocá-lo nos eixos, de trazer de volta o seu futebol, de alegrar um pouco essa sofrida torcida palmeirense nos últimos tempos.

E isso depende da direção. Mas também da vontade de Valdívia em satisfazer os muitos palmeirenses que vibraram com sua volta.

O Grêmio Itinerante e a gestão esportiva no Brasil

Era Barueri, virou Prudente e agora volta a ser Barueri. A saga do Grêmio que está mais para Itinerante do que para Barueri ou Prudente revela também a essência do que acontece com a gestão esportiva no Brasil. A troca constante de cidade é muito mais uma decisão política do que técnica/comercial. Ela é feita tendo como base favores e interesses de políticos do que o entendimento da gestão de um clube como negócio.

A ideia de migrar um clube de uma cidade para outra parte do modelo americano de olhar o esporte. Até hoje o americano não consegue ver um clube como algo que existe apenas por paixão, mas sim como um negócio que, quando bem administrado, pode gerar lucros milionários. Sendo assim, o dono de um time nos EUA escolhe muitas vezes mudar de região para fazer com que o clube gere lucro para ele. É uma decisão meramente técnica, como modelo de negócio.

O melhor exemplo disso talvez seja o Los Angeles Lakers, um dos mais tradicionais times da NBA, a liga de basquete dos EUA. O nome “Lakers” remonta ao período inicial do time, nos anos 50, quando ele era conhecido como The Lakers, da cidade de Minneapolis, no estado do Minesota. Conhecida como “Região dos 10 mil lagos”, em vez de ganhar o nome da cidade o time ganhou o nome de Lakers, que quer dizer lagos.

Nos anos 60, os donos do time decidiram mudar de cidade. Após um estudo de viabilidade econômica do negócio, transferiram os Lakers para Los Angeles. A história do time atualmente explica o sucesso dessa operação, com o time sendo um dos maiores campeões da NBA e uma das melhores médias de público no ginásios exatamente por conta da carência que a cidade de Los Angeles tinha de uma equipe de basquete.

Não é o caso, porém, do Barueri/Prudente/Itinerante. As mudanças de sede, até agora, foram feitas baseando-se no interesse político de promover uma região. Sem formar vínculos com a cidade em que está localizado, o time não consegue atrair dinheiro. Com isso, o negócio torna-se nômade, já que a única forma de assegurar a existência do clube é tratando de conseguir regalias da esfera pública para que o dinheiro cubra as despesas.

Caso o interesse do time fosse o de dar lucro para os seus donos, sem dúvida que ele apostaria em fixar a sede numa cidade e criar um programa de envolvimento com os moradores locais. Mas, do jeito que está hoje, o negócio não vai para a frente.

É, mal comparando, o que muitas vezes acontece com o vôlei. Em vez de buscar o engajamento da cidade para um clube prosperar, seus executivos correm atrás de um único patrocinador que pague todas as contas. Uma hora esse patrocinador percebe que o custo é muito elevado para um retorno menor do que o esperado, e tira o dinheiro. O clube, sem ter criado qualquer história com a cidade, tem de fechar as portas.

Já passou da hora de o esporte no Brasil olhar para o mercado americano. Enquanto isso, convivemos com os Grêmios Itinerantes da vida.

Djokovic traz a agressividade de volta ao saibro

O que fez Gustavo Kuerten se tornar numa celebridade no mundo do tênis foi o fato de ele ter encerrado longos anos de domínio do estilo regular e paciente sobre o saibro, provando que era possível ganhar os maiores torneios do calendário com um jogo agressivo e ousado.

Isso é exatamente o que assombra e maravilha na nova fase do sérvio Novak Djokovic. O tênis que passou a mostrar no US Open do ano passado, com maior potência no saque e nos golpes de base, determinação de buscar os pontos em detrimento da eterna espera do erro adversário, se firmou até mesmo no piso lento.

Rafael Nadal, o mais perfeito tenista sobre o saibro que se viu desde Bjorn Borg, tinha todas as vantagens na decisão de hoje em Roma. Quadra pesada, clima chuvoso e um adversário teoricamente bem mais cansado, vindo de três horas de batalha física e mental da véspera.

E não ganhou set. De novo, tal qual diante de sua torcida em Madri, Nadal não venceu set de Djokovic em seu habitat natural. Não faltaram pernas, nem o tradicional coração ao sérvio, que foi obviamente mais cauteloso do que uma semana atrás frente a um piso que não permitiria o mesmo grau de risco que taticamente optou à perfeição no saibro espanhol.

Nadal fez seu jogo tão conhecido e não pode alegar que atuou mal. O que faltou acima de tudo foi uma tática diferente. Apostou na regularidade diante do saibro lento e num eventual desgaste do adversário, o que por vezes realmente aconteceu. Mas o espanhol não ousou. O saque funcionou pouco e ele se viu acuado no fundo de quadra, tentando sempre as trocas de bola e o contra-ataque. Correu como louco e lutou muito, mas ficou claro que isso não basta mais para enfrentar o Djokovic de hoje.

Com quatro vitórias consecutivas e em finais de nível Masters sobre Nadal, em duas quadras diferentes, não há mais qualquer discussão sobre quem é o melhor tenista em atividade. Resta o ranking reconhecer isso, o que parece inevitável acontecer em Roland Garros.

Conforme explica o texto de TenisBrasil, Nadal perderá o posto mesmo se for vice em Paris e Nole cair na primeira rodada, por uma questão matemática. Mera formalidade.

Recorde de ultrapassagens na F-1 cria dilema e divide pilotos

Já era previsto que as mudanças de regras na Fórmula 1 aumentariam o número de ultrapassagens na temporada de 2011. Mas se trata de algo sem precedentes. Em quatro corridas, houve 296 trocas de posição, sem contar as movimentações de pit stop. Tanta agitação vem gerando atrito entre os próprios pilotos e pondo em dúvida a estratégia comercial da fabricante de pneus.
AS MAIORES MÉDIAS DE ULTRAPASSAGEM NA F-1
2011 74 por GP
1984 43,2 por GP
1983 41,5 por GP
AS MENORES MÉDIAS
2005 9,9 por GP
2001 9,9 por GP
2009 10,4 por GP
Fonte: Clip the Apex. Dados coletados a partir de 1982.

Afinal, as ultrapassagens dispararam graças aos novos compostos da Pirelli, que, a pedido da categoria, fez pneus menos resistentes para deixar as corridas mais emocionantes. A estratégia deu certo. Mas os detritos de borracha espalhados pelas pistas entregam uma imagem de fragilidade, contrária aos interesses comerciais da fabricante.

Especialmente no GP da Malásia, as bolas de borracha na pista chamaram a atenção, o que levou a Pirelli a se explicar: “Estes detritos de pneus sempre existiram na F-1, mas as características dos novos compostos da Pirelli deixam pedaços maiores e mais macios. Estamos procurando maneiras para diminuir, mas é um produto inevitável da degradação e os detritos não deixam os competidores ou espectadores em perigo”.

Fato é que essa alta degradação ajudou a Fórmula 1 a registrar um novo recorde. No GP da Turquia, as 126 ultrapassagens foram o maior número registrado em uma corrida. Além disso, o número absoluto de manobras das últimas quatro provas já é maior que o da temporada inteira de 1994.

Segundo os dados do site Clip The Apex, a média de 74 ultrapassagens por prova vai fazer a temporada de 2011 superar a de 1984, até então a mais movimentada, com 666 manobras. O levantamento considera todos os campeonatos desde 1982.

Para Fernando Alonso, a asa traseira móvel que pode ser acionada nas zonas de ultrapassagens pode ter ajudado a elevar esses números, mas a principal explicação ainda é outra: “As ultrapassagens que eu vi foram mais pela diferença de desempenho dos pneus”, comentou o espanhol.

Já o alemão Adrian Sutil, da Force India, percebeu a diferença da asa móvel e criticou a banalização das manobras: “É um pouco artificial sim. Tive duas chances de ultrapassar na corrida usando a asa móvel e foi fácil demais, os carros à frente nem se defenderam. Isso não leva a nada”.

O pior é que o aumento das ultrapassagens não só deixou alguns pilotos insatisfeitos, como também atiçou algumas rivalidades, até mesmo internas. Tudo depois das acirradas disputas por posição no GP da Turquia.

Sérgio Perez saiu dizendo que foi uma “vergonha” o que fez Pastor Maldonado na primeira volta na Turquia. As disputas por posições motivaram rusgas até entre companheiros. Heidfeld não gostou de ter sido tocado pela Renault de Petrov e disse: “Não foi legal, isso não devia acontecer”.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Uma questão de poupança

Ganso não deve jogar durante um mês. A notícia serviu para os alertas de tsunami invadirem a Vila Belmiro nesta segunda-feira. A gritaria geral é com relação à presença não apenas do camisa 10, mas também de outros astros como Neymar e Elano, no primeiro jogo decisivo do Campeonato Paulista, neste último domingo.

Aconteceu com Ganso, como poderia ter sido com Pará, Liedson, Bruno César ou qualquer um dos 28 jogadores que estiveram em campo na primeira final do torneio. Mas tinha que acontecer justamente com um dos dois principais jogadores santistas, time que na quarta-feira tem duelo de quartas-de-final da Copa Libertadores.

É a Lei de Murphy, só pode ser!

Mas é, também, uma questão que vai muito além do que tentam supor a mídia e muitos torcedores. No final das contas, tudo é uma questão de poupança.

A presença do Santos na final do Paulista e nas quartas da Libertadores mostra que o time tem condições de, porque não, tentar os dois títulos. Mais do que isso, tem jogadores capacitados para tal função e, ainda além, tem motivos financeiros para buscar a vitória dupla.

O título estadual pode render, apenas com a premiação da Federação Paulista, mais de R$ 10 milhões para o Santos. Isso sem falar nos bônus dados pelos patrocinadores e na própria arrecadação com outras iniciativas de marketing relacionadas à conquista.

A conquista da Libertadores rende praticamente a metade desse valor em premiação, mas obviamente acrescenta ainda mais bônus de patrocinadores, a chance de iniciativas de marketing serem ainda mais lucrativas e uma receita maior ainda por conta da disputa do Mundial de Clubes ao final da temporada.

Ou seja, não existe decisão fácil que leve à priorização de um campeonato. Simplesmente não dá para um dirigente, um treinador e o próprio atleta abrir mão das premiações de uma competição para dar vazão unicamente a uma delas.

Curiosamente, no ano passado não se discutia a necessidade de o Santos priorizar a Copa do Brasil e abdicar da conquista paulista. No fundo, no fundo, tudo é uma questão de poupança. No caso, de milhões de reais a mais que entram para os cofres dos clubes.

E, pensando friamente, como torcedor, jogador, treinador ou diretor, você também acreditaria que é possível ganhar tudo, não é mesmo?

As Traves deixam Corinthians e Santos sem gol

Neymar carimbou as traves duas vezes, Liedson uma. Não acertar o gol está longe de ser virtude, mas, pelo menos, prova de que houve chance de tirar do zero a zero este primeiro jogo das finais entre Corinthians e Santos, no Pacaembu, deixando totalmente para a Vila Belmiro, no próximo domingo, a decisão do Campeonato Paulista.


Num ponto o Santos levou a pior, ao perder Paulo Henrique Ganso, seu maestro, por problema muscular. Ele, inclusive, já está vetado do jogo do meio da semana, pela Libertadores, contra o Once Caldas- a equipe colombiana que acabou de eliminar o Cruzeiro fora de casa- e dificilmente poderá enfrentar o Corinthians na Vila. E O Santos sem Paulo Henrique Ganso, todos sabem, perde muito em qualidade.


Assim, vamos por partes:


1- O empate do Pacaembu: pareceu-me justo, em partida equilibrada e sem grandes luxos ou firulas. Foi jogo tenso. Só que o zero a zero não refletiu o empenho dos ataques, não só pelas bolas nas traves, como também em outras oportunidades como, por exemplo, a jogada em que Bruno César foi driblando a defesa santista e só pecou na hora do chute, que saiu alto demais. Um clássico, digamos, nota 6,5.


2- O futuro na Vila: Não sei até que ponto jogar na Vila Belmiro, lotada por santista, será vantagem para o Santos: seu futebol é alegre, precisa de espaço para o toque de bola em profundidade, para os dribles largos. E tão importante quanto a possível ausência de Ganso, é essa maratona do Santos, tendo agora pela frente uma longa viagem para a Colômbia e, depois, pouco tempo para recuperar e treinar seus jogadores. Não é confortável a situação da equipe de Muricy Ramalho.


Por sua vez, embora tenha menos talentos do que o adversário e jogue fora de casa, o Corinthians poderá treinar toda a semana, não terá problemas com viagem e, na teoria, estará mais inteiro para a decisão. Na teoria, eu disse, pois que, na prática, o futebol vive de superações e muito do estado de espírito de cada equipe.


Assim, não me arrisco a dar palpite. Tudo está indefinido. E acho que nem o saudoso Polvo Paul escolheria o favorito.

Corinthians e Santos, sem clima de decisão

Eu deixei o Pacaembu com a sensação de não ter visto a disputa de um jogo decisivo. O clima dentro de campo não lembrou em nada o de uma final de campeonato. Não, mesmo. Parece que o Datena passou pelo estádio e ¨congelou¨ todo mundo.

Os dois times apostaram na marcação mais firme, sem complicações defensivas e, consequentemente, criaram poucas emoções no ataque. Três bolas na trave, alguém vai retrucar, mas é daí?! Como diz a canção, bola na trave não altera o placar.

Se taticamente o jogo foi interessante, técnica e plasticamente me decepcionou.

Esperava mais dos dois times, de PH Ganso, Bruno César e Liédson. Dentinho e Jorge Henrique estiveram longe dos bons momentos. Neymar foi o melhor mas não fez o suficiente para mudar a história do confronto.

Esperemos o segundo e decisivo encontro no próximo domingo. Que a Vila inspire os times e técnicos. Corinthians e Santos ficaram em débito com o bom futebol.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Aí vem Luís Fabiano. E o que há com Valdívia?

E eis que o centroavante dos sonhos da torcida do São Paulo, Luís Fabiano, diz que vai fazer a sua estreia (ou reestreia), como queiram. Luís Fabiano, ou “O Fabuloso” segundo os torcedores mais apaixonados, confessa que ainda sente algumas dores e que não está cem por cento, mas que é capaz de suportar boa parte do jogo.

O jogo é contra o Avaí, nesta quarta, pela Copa do Brasil. Mas a presença do centroavante serve, principalmente, para dar um pouco mais de ânimo à torcida tricolor, decepcionada pela eliminação no Campeonato Paulista, diante do Santos. Alguns gols foram desperdiçados pelo São Paulo no primeiro tempo, o que não é nenhuma virtude, ao contrário do que dizem alguns sobre o que “o importante é criar”.

Não, não concordo. Criar é importante, sim, mas aproveitar as chances de gol é fundamental, é coisa de quem tem a manha de ser decisivo. E fazer gols sempre foi a marca de Luís Fabiano, artilheiro de ofício, goleador por vocação.

VALDÍVIA VETADO. OUTRA VEZ

Parece um pesadelo sem fim: vira-e-mexe, quase sempre em lances banais, Valdívia puxa a perna esquerda, sai do jogo e desfalca o Palmeiras. Desta vez, foi contra o Corinthians, após um chute no vácuo- como costuma fazer- aos 20 minutos do primeiro tempo, quando vinha jogando bem e lá vai El Mago ficar fora do time de novo, agora o embalado Coritiba pela Copa do Brasil.

E leio que a ausência de Valdívia, nesta nova etapa, pode ser de, no mínimo, 15 dias- e que, desta vez, a lesão não foi no local da fibrose, e sim no músculo posterior da coxa esquerda, O que faz todos indagarem o que de fato acontece com os músculos de Valdívia- sem nenhuma responsabilidade para os médicos que o cuidam-, pois toda vez que parece que vai entrar em sua forma que o fez ídolo, o chileno tem uma lesão.

Há quem diga que por ter passado dois anos no Al Ain, treinando pouco, Valdívia ainda vai levar um bom tempo para se readaptar ao futebol competitivo e de muitos treinamentos. Pode ser.

Só que, como leigo, já perdi a conta que, em sua volta, Valdívia já desfalcou o Palmeiras em momentos importantes.

Como este, por exemplo.

Força do futebol assusta mercado dos EUA

A força dos clubes de futebol tem assustado o mercado americano. Há uma semana, o “Sport Business Journal”, principal veículo sobre negócios do esporte dos EUA, publicou uma reportagem sobre a presença dos clubes de futebol nas redes sociais. O resultado, segundo a publicação, é alarmante: das cinco marcas ligadas a esporte e que tem o maior número de seguidores, quatro são clubes de futebol. O levantamento tinha como universo a soma de seguidores dos clubes no Facebook e no Twitter.

Na lista apresentada pelo “SBJ”, os cinco primeiros clubes mais populares nas redes sociais são os seguintes:

1. Barcelona (13,5 milhões de seguidores)
2. Real Madrid (13,2 milhões de seguidores)
3. Manchester United (12,1 milhões de seguidores)
4. Los Angeles Lakers (9,5 milhões de seguidores)
5. Arsenal (5,9 milhões de seguidores)

O resultado, na visão americana, mostra uma preocupação para o negócio dos outros esportes. O futebol, segundo eles, tem tomado conta do mercado mundial, ao passo que os times americanos, independentemente de qual esporte represente, continuam com atuação restrita aos Estados Unidos.

Esse é um ponto crucial e um dilema que os americanos terão pela frente nos próximos anos. Com a retração do mercado dos EUA, é fundamental para o crescimento dos times de lá a busca de novos torcedores. Com menos dinheiro para gastar desde a crise, o americano tem cortado os investimentos em esporte. O crescimento da audiência de TV no esporte e a queda da presença de público nos estádios e ginásios são um reflexo disso. Sem tanta verba, o torcedor prefere acompanhar de casa o esporte a ir ao evento.

Com isso, é fundamental que o esporte vá para outras regiões do planeta, em busca de dinheiro novo, especialmente dos mercados da China, da Índia e do Brasil, os três mais cobiçados na atualidade. Mas, aí, o problema para o americano é que em sua maioria esses países já estão tomado pelos clubes de futebol, especialmente os da Europa.

“Se tem algo que temos de aprender com o que tem acontecido lá fora, é que esses times de futebol são hoje marcas globais”, resumiu o vice-presidente da área digital da NBA, Bryan Perez, na reportagem do SBJ.

Sim, dentre a mais de uma centena de funcionários que a liga de basquete dos EUA têm, um é responsável por olhar a área de ações digitais. Prova de que o modelo americano de gerenciar o esporte está anos-luz à frente do restante do planeta. Mas, agora, o americano percebeu que não adianta mais olhar apenas para o próprio umbigo.

Enquanto isso, no Brasil, os clubes, salvo raríssimas exceções, seguem considerando que globalização significa, simplesmente, jogar o Mundial de Clubes no final do ano…

Por abertura, Prefeitura pode bancar ampliação provisória do Itaquerão

A Fifa já aprovou a ampliação provisória do futuro estádio do Corinthians visando a abertura da Copa de 2014. Falta definir quem pagará a conta. E a prefeitura de São Paulo estuda arcar com os gastos.

Na administração municipal, a operação é vista como um investimento para a cidade. E não como um aporte de verba num bem privado. Isso porque a abertura geraria mais receitas para São Paulo. Ao mesmo tempo, a arquibancada provisória seria retirada depois da Copa.

A prefeitura ainda não sabe quanto gastaria. Mas, se assumir a responsabilidade terá também que cuidar da estrutura na área provisória. Serão necessários banheiros e lanchonetes temporários. Estudos sobre as opções de arquibancadas disponíveis no mercado estão sendo feitos pela prefeitura.

Para atender à Fifa, a estrutura não pode ser tubular. Deve ser usado um modelo metálico. Outra exigência é que seja imperceptível a diferença entre a área temporária e a definitiva.

Uma estrutura provisória também foi sugerida pelo São Paulo para transformar o Morumbi em abertura da Copa. Ela levaria o anel intermediário do estádio até perto do gramado. A área inferior, repleta de camarotes, seria anulada durante a Copa.

Na ocasião, porém, a Fifa não aprovou a solução. Alegou que teve experiências negativas com esse tipo de estrutura. Mas na Cidade do Cabo, na Copa da África, uma arquibancada removível foi usada sem problemas. A federação elogiou a iniciativa corintiana. Disse ser melhor do que construir uma arena maior do que o necessário para atender à demanda da cidade.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Na polêmica do jogo e na Angústia dos pênaltis, o Corinthians é finalista.

O que vai contar é o seguinte: o Corinthians vai enfrentar o Santos em duas partidas na decisão do título de campeão paulista.

Os detalhes, as nuances e a polêmica do clássico diante do Palmeiras ficam no passado, como retratos na parede ou jornais velhos, cabendo ao Palmeiras os lamentos de ter enfrentado o rival no mínimo de igual para igual, mesmo com dez jogadores, depois da expulsão de Danilo, e com tudo o que de mais lhe aconteceu: a contusão de Valdívia, logo aos 20 minutos do primeiro tempo, por ironia após um chute no vácuo: a expulsão de Felipão; a contusão do lateral- direito Cicinho... É muita coisa.

Bem, no entanto, mesmo sem jogar bem e sem aproveitar a vantagem e um jogador a mais, quem venceu foi o Corinthians. Venceu na decisão por pênaltis (6 a 5), é verdade, na defesa de Júlio César na cobrança ruim de João Vítor (que entrara no lugar de Cicinho) para o peruano Ramirez, em seguida, consumar a vitória, já na série de cobranças alternadas. Foi raro, na série normal, de cinco pênaltis cada, todos os cobradores acertaram.

Foi justo? Neste caso foi, pois Júlio César defendeu um pênalti e Deola, nenhum.

Quanto ao jogo em si, empate de 1 a 1, dois gols vindos de cobranças de escanteios- Leandro Amaro para o Palmeiras, Willian para o Corinthians-, a partida foi truncada, com muitas faltas e discussões. Os nervos tomaram o lugar da arte. O Palmeiras pareceu ligeiramente melhor, só que a culpa de jogar com um homem a menos, cabe muito mais a Danilo do que ao árbitro Paulo César de Oliveira: o carrinho do zagueiro em Liedson foi desnecessário, imprudente, violento.

A polêmica está se o árbitro deveria também ter dado o cartão vermelho para Liedson, que entrou com o pé alto nessa jogada. Mas Danilo estava no chão e não quis Liedson apenas se proteger do carrinho perigosíssimo do jogador do Palmeiras?

São polêmicas. Que já ficam no passado. O Palmeiras foi valente, o Corinthians se classificou.

E é a classificação que vai contar quando o Corinthians enfrentar o Santos pelo título de campeão. Assim é o futebol.

O melhor gol colorado

O melhor gol anotado pelo Inter fora de casa na partida contra o Peñarol foi antes do jogo. Um anúncio no diário “El País”, do Uruguai, exaltava o jogo que seria realizado nesta quinta-feira e que terminou empatado em 1 a 1.

No anúncio (a foto abaixo, publicada no site do Inter, mostra a peça veiculada no jornal uruguaio), o Inter parabenizava o adversário e lembrava da grande história de ambos. Dizia, ainda, que aguardava o time do Peñarol com todo o respeito na partida de volta, na quarta-feira que vem.

A ação ajuda a colocar a marca do Inter no mercado uruguaio, além de criar uma empatia com o torcedor do Peñarol. A peça, criada pela agência de publicidade que atende o clube gaúcho, tem tudo para virar case para o futebol. Rivalidade boa é aquela em que há respeito entre os torcedores.

Quem aproveitou e pegou carona na ação foi a Reebok, fornecedora de material esportivo do Inter. A empresa, também de olho no mercado do Cone Sul, deu a sua “assinatura” para a publicidade.

Algo mudará na F1 ?

Passei alguns dias em Maranello falando com muita gente, técnicos, críticos e jornalistas, até mesmo alguns torcedores e conseguí tirar algumas conclusões. Umas contingentes, outras definitivas, todas, para minha forma de pensar, muito interessantes. Embora algumas queira mante-las para mim, já que não desejo provocar polêmicas que possam envolver profundos conhecimentos tecnológicos, especialmente no setor da fluidodinâmica. Assim, por exemplo, não vou entrar no merito da qualidade de um tunel de vento, após ter lido, por parte de alguns críticos, julgamentos que beiram o ridículo.
Isto posto, ficou-me a idéia de que o projeto da atual Ferrari tem pontos positivos e pontos negativos. Nos negativos a idéia, oriunda dos resultados do tunel de vento, de que o carro tinha uma downforce superior à real. O que originou, entre outras coisas, uma tendência à saida de frente que diminui a velocidade em curva, sobretudo na fase de saida, e determina um gasto de pneus mais elevado. Nos pontos positivos uma elevada confiabilidade e a possibilidade de introduzir interessantes modificações no projeto original sem ter que refazer todo o carro.
A isto tudo se soma a tática da mureta de box, que torna os responsáveis geniais quando acertam e bestiais quando erram…isto, naturalmente com a definição, como se diz aqui na Italia, com o “senno di poi”, isto é sabendo já o que aconteceu.
O GP da Turquia, como senti conversando com Alonso 4.a feira passada no restaurante “Montana”, apos te-lo encontrado pela manhã na fábrica, vai, de toda forma, fornecer interessantes indicações em relação ao futuro deste campeonato. Um futuro em que, em minha opinião, o melhor carro pode continuar sendo a Red Bull de Newey, muito mais do que a Red Bull de Vettel e Webber. Isto no sentido de que na equação carro/piloto, o carro ainda vale bem mais…

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O futebol atingiu o seu limite de valor?

Pelo Twitter, recebi algumas sugestões de pessoas interessadas em alguns temas para tratar no blog. E o único assunto que teve mais de um leitor interessado foi sobre a ausência de um patrocinador máster para o Flamengo depois da badalada contratação de Ronaldinho Gaúcho.

Muitos não entendem onde está o problema. E a resposta não é tão simples assim. Temos tentado, na Máquina do Esporte, achar a resposta para algumas movimentações do mercado de patrocínio nos últimos tempos. A febre de marcas nas camisas é, afinal, um movimento bom ou ruim? Uma solução de curto ou longo prazo para o futebol?

A resposta passa, também, pelo caso do Flamengo. A presença de Ronaldinho Gaúcho, talvez o jogador que tenha marqueteiramente mais se aproximado de Ronaldo nos últimos anos, seria um atrativo mais do que suficiente para que as empresas decidissem colocar sua marca no uniforme do Fla.

Mas será que o valor cobrado está próximo do que ele vale?

Essa é um dos pontos-chaves de discussão hoje dentro das próprias empresas. O futebol no Brasil tem exigido valores altíssimos dos patrocinadores. Hoje, o patrocínio custa o dobro de cinco anos atrás. Só que a entrega dessa exposição foi reduzida com o festival de marcas que tomou conta dos uniformes (seja via patrocínios pontuais, seja pelas propriedades esdrúxulas criadas).

Com isso, patrocinadores fortes e tradicionais, que usam o patrocínio no futebol mundialmente (Samsung e LG são os dois melhores exemplos), pularam fora do barco. Para piorar, a lista de empresas dispostas a pagarem cerca de R$ 30 milhões por ano não é tão grande assim, ainda mais numa aposta arriscada (sim, Ronaldinho Gaúcho não representa unanimidade entre consumidores e investidores, nem mesmo com uma eventual conquista do Estadual do Rio pelo Flamengo).

Não é incompetência da diretoria Rubro-Negra, mas a junção de uma série de fatores que prejudica o Flamengo na luta para encontrar uma marca disposta a investir tanto dinheiro. As opções lógicas do mercado nos últimos anos, que se tornaram BMG e Hypermarcas, já não são alternativas (a BMG por estar na manga da camisa e a Hypermarcas por já ter estourado com o Corinthians seu orçamento).

O futebol é um grande negócio, mas os clubes precisam entender que todo bom negócio tem um valor. Parece que o futebol atingiu o seu limite.

Kalil diz que reunião com Sanchez e Koff serviu para detalhar fim de C13

Andrés Sanchez, um dos líderes dos clubes dissidentes do imbróglio político do futebol, dividiu mesa no restaurante Fasano, em São Paulo, com Fábio Koff, presidente do Clube dos 13 e Alexandre Kalil, presidente do Atlético-MG e último a resistir ao assédio da Globo. O encontro, revelado pelo blog do Juca Kfouri, aconteceu para tratar dos detalhes do fim do C13, que deve ser ratificado na assembleia geral da entidade, no próximo dia 3.

“O Clube dos 13 não continua. Se eles quisessem simplesmente tirar o Fábio Koff eles teriam pedido isso em assembleia. Mas não se fecha uma entidade assim do nada. Tem de pagar as contas, discutir algumas coisas”, disse Alexandre Kalil, em entrevista ao UOL Esporte.

Fábio Koff, também procurado pela reportagem, confirmou que as contas dos clubes foram tema do encontro, mas não foi tão taxativo a respeito do fim do Clube dos 13. “Eu não sei o que eles estão pensando. Eles vão decidir em assembleia. Eu sou um representante da vontade dos clubes, eles que decidem”, disse o dirigente.

Os dois negaram, no entanto, que Andrés Sanchez tenha pedido a cabeça de Ataíde Gil Guerreiro, diretor-executivo do Clube dos 13. Foi o cartola, ligado ao São Paulo, que comandou a licitação dos direitos de transmissão que deu origem a todo o imbróglio político atual.

Kalil também descartou a criação de uma liga independente de clubes, ideia já aventada por outros dirigentes. O presidente do Atlético-MG entende que a Globo está por trás dos dissidentes e que ela não tem interesse que os cartolas se organizem.

“A Globo quer é dominar. Eles não querem nenhum tipo de instituição. Isso não interessa a eles”, disse o dirigente atleticano, que reforçou a postura de não conversar sobre direitos de TV com a emissora. Segundo ele, é o Conselho do clube quem deve tratar de um possível contrato individual.

O possível fim do C13 pode ser o ponto final na briga. A Globo entregou, na última quarta-feira, os contratos assinados com 15 clubes para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) avaliar a legalidade dos compromissos. Em audiência pública no Senado, Fernando Furlan, presidente do órgão federal, já deu indícios de que não vai interferir na manobra da Globo.

Pelo menos até antes do jantar, o C13 ainda tinha um fio de esperança. Acreditava ser possível um acordão. Por ele, a entidade seria mantida pelo menos até dezembro, com Koff na presidência. E a Globo cederia os jogos para a Rede TV!, como faz hoje com a Band. Nesse cenário, Sanchez estaria livre para se candidatar à presidência a partir de janeiro, quando já não será mais presidente do Corinthians.

Porém, a Globo demonstra ser contra o acordo. Parte dos clubes também. Eles avaliam que as feridas abertas na batalha com o C13 ainda não cicatrizaram. Os ressentimentos não permitiriam um pacto agora.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Copa 2014: silêncio dos poderosos

A agenda do ministro do Esporte, Orlando Silva, previa dois encontros importantes, ontem: com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e com a presidente Dilma Rousseff. Assunto: Copa do Mundo

Até agora, o site do Ministério não informa nada sobre as reuniões.

Ou o ministro não foi atendido -- o que é improvável -- ou seu relatório sobre a Copa 2014 foi reprovado pela Presidente da República.

Diante do silêncio ministerial fico na dúvida, mas vou ao Congresso Nacional, onde os políticos sempre têm informações de bastidores.

Mas se bem conheço Brasília, tem gato na tuba nesse diálogo de podersos.

Itaquera: o enredo da obra

Por Jorge Hori

Consultor empresarial e do Sinaenco

As obras da arena multiuso do Corinthians em Itaquera não começam porque não têm a necessária licença, mais conhecida como o “alvará de construção”.

São calculados os dias necessários para que a Prefeitura Municipal analise as plantas e emita a licença, passando – pelo menos – por três setores: o da aprovação da construção, o ambiental, pela análise dos impactos sobre a vizinhança, e o de trânsito, por se tratar de um Polo Gerador de Tráfego.

Presume-se que com a boa vontade do Prefeito e da burocracia municipal essa aprovação ocorra em menos de trinta dias.

O problema ainda está no ponto de partida que seria o projeto de engenharia. O projeto para 45 mil lugares teria sido bancado pela Odebrecht, interessada na construção, antes mesmo da designação da arena de Itaquera como a representante de São Paulo para a Copa 2014.
O projeto de Anibal Coutinho substituia o anterior elaborado por Eduardo Castro Mello e superava os dois outros projetos – um do Banif e outro de Quiroz – propostos para efetivar o tão sonhado estádio do Coringão.

Apresentado em agosto do ano passado, já decorreu tempo suficiente para que o projetista preparasse as plantas essenciais para pedir a licença de construção. O que ainda não teria sido feito.

E por que?

Porque não há ainda uma decisão definitiva sobre qual o projeto a ser apresentado: o original para 45 mil lugares ou o expandido para 65 mil (números aproximados).

E por que?
Porque até agora não foi fechado o contrato entre o clube e a Constutora Odebrecth. O caderno de economia do Estado de São Paulo de 21 de abril de 2011 traz a notícia de “Odebrecht registra lucro de R$ 1,5 bi e investirá até R$ 15 bi este ano”.

Ou seja, se ela estivesse a fim de bancar a construção da arena do Corinthians, conforme anunciado ano passado, teria recursos próprios suficientes para isso.

Teria assumido a responsabilidade pela construção, apresentando em seu nome o pedido de licença à Prefeitura Municipal.

Mas parece que ela não estaria disposta a bancar a construção com recursos próprios, tampouco tomar financiamentos, dando como garantia seu patrimônio.

Quer preliminarmente acertar as condições pelas quais o clube irá assumir o empreendimento e lhe pagar. A Odebrecht não está fazendo um favor, quer fazer um bom negócio.

Segundo informações difundidas pela mídia, a construtora teria assumido um compromisso com o então Presidente Lula de investir até R$ 350 milhões, levantando parte dos recursos com o BNDES. Pressupôs-se que para esse valor ela apresentaria garantias próprias, mas calçada na cessão pelo Corinthians de negociar o “naming right” da nova arena.
Na prática a solicitação ou exigência como contrapartida do seu investimento seria ter o direito do “naming right” que repassaria a terceiros. O que o Corinthians não teria aceito, pois quer ele negociar o “namimig right”.

Por outro lado, ampliando a capacidade do estádio para 65 mil lugares e aumentando o investimento necessário para pelo menos R$ 650 milhões, o clube ainda teria que levantar entre 250 a 300 milhões de reais adicionais. Sem a equação econômico-financeira fechada a construtora não assinaria as plantas, e não daria início às obras.

Portanto, para que as ações não fiquem em promessas é preciso fechar o contrato, com ampla divulgação pública e ingressar com o pedido na Prefeitura Municipal.

É o primeiro passo, mas ainda não suficiente. Há vários percalços ainda a serem vencidos: a liberação do terreno, sob pendência para o qual é preciso firmar um Termo de Ajuste de Conduta. Por que está demorando tanto se – segundo se informa – está tudo acertado?

Junto com as plantas é preciso apresentar o Relatório de Impacto sobre a Vizinhaça e o estudo do Polo Gerado de Tráfego, apresentando – no caso – as contrapartidas que o empreendedor ira realizar na infraestrutura do entorno. Terá que assumir parte dos investimentos anunciados pelo Governo do Estado. Ou seja, o valor do empreendimento será muito maior que os R$ 650 milhões. E a Prefeitura Municipal não poderá abrir mão dessas contrapartidas, a não ser com uma lei específica, excepcionando o clube. Fora disso terá que enfrentar contestações do Ministério Público Estadual.

O cronograma está ficando cada vez mais apertado.

Via Senado, Clube dos 13 tenta pressionar Cade a forçar nova concorrência

Esfacelado, o Clube dos 13 não tem mais esperanças de fazer valer o seu contrato com a Rede TV! para a transmissão do Brasileirão. Porém, a entidade quer marcar um gol de honra na sua briga com os clubes rebeldes.

O plano é pressionar o Cade para considerar que os times quebraram o acordo firmado com o órgão por não respeitarem a concorrência para a venda dos direitos de transmissão do Brasileiro. Nesse caso, eles teriam que anular o compromisso assinado com a Globo e realizar uma nova concorrência, ainda que sem o C13. Só assim evitariam uma multa.

Para alcançar esse objetivo, o Clube dos 13 espera contar com a ajuda dos senadores. Sugeriu que eles perguntem ao Cade se o acordo era para valer ou tratava-se apenas de uma sugestão do órgão sem maiores implicações. A ideia é deixar os representantes do Cade constrangidos na audiência pública do Senado nesta quarta.

Por sua vez, os dirigentes dos times rebeldes afirmam que o Cade não tem poder para anular o novo contrato com a Globo. E que não havia necessidade de concorrência formal, pois não foi feita uma negociação coletiva. Alegam também que deram o direito às concorrentes da emissora de fazerem propostas.

A derradeira homenagem ao Pacaembu

Não tem como o paulistano não gostar dele. Localizado numa região central, em meio a árvores, com uma grande área para circulação a pé em seu redor, uma distância ótima do gramado para a arquibancada, uma grande região para poder passear na parte inferior, um palco de decisões memoráveis do futebol…

Sempre achei que o Pacaembu é o estádio do tamanho perfeito. Nem tão grande para ser frio como o Morumbi, nem tão acanhado para ser palco só de jogos menores. Não há provavelmente um paulistano que goste de futebol que não tenha tido uma lembrança maravilhosa do estádio da capital.

A idade não me permitiu assistir aos grandes clássicos pré-Morumbi lá no Pacaembu, mas vivi boa parte dos grandes jogos da infância por lá. Inclusive o primeiro deles, ainda com sete anos, numa partida de masters entre Brasil e Itália, uma reedição da final da Copa de 1970. Foi o jeito de poder dizer que vi Pelé em campo, mesmo mais velho, com direito a programa para ir a família toda, da avó Itália Roma aos primos que torciam para outros times.

Depois, nos anos 90, a reforma do Morumbi carcomido pelo tempo permitiu que alguns grandes jogos fossem para o Pacaembu. O mais divertido deles, sem dúvida, a decisão do Campeonato Brasileiro de 1994, num show palmeirense sobre o Corinthians. Semanas antes, pude acompanhar um embate dos dois alviverdes, numa bela vitória do Palmeiras sobre o Guarani de Amoroso em partida que praticamente definiu o título nacional.

Consegui ver Casagrande do “outro lado” num Corinthians e Flamengo de arrepiar em 1993, também acompanhei Romário acabar com Amaral num outro encontro entre as duas maiores torcidas do país. Isso sem falar em diversas noites de casamento perfeito entre os times do Corinthians e sua torcida, talvez a melhor combinação para o Pacaembu em sua história.

Ou, ainda, como não lembrar do memorável Santos 5×2 Fluminense do Campeonato Brasileiro de 1995, quando time e torcida não pararam nem no intervalo de uma das mais vibrantes e lindas atuações do Peixe em sua história recente?

Nesta última semana, Santos, Palmeiras e Corinthians fizeram do Pacaembu a sua casa. Força das circunstâncias, mas que parece ser cada vez mais uma volta no tempo. Em quatro jogos (sendo dois do time alviverde), eles reuniram mais de 100 mil pessoas para torcer, cantar, sofrer e vibrar com suas paixões.

Foram jogos que lembraram o quanto o Pacaembu é importante para a história do futebol em São Paulo. O estádio do tamanho ideal para ficar sempre cheio, aquecido, vibrante, apaixonante. O charme de sua entrada com a praça simbolizando um “ponto de encontro” para os torcedores, o eco do grito da torcida sufocado pelos morros que o cercam, o torcedor que sobe a ladeira e se arruma onde é possível só para não perder um pouco da festa.

Parece que, sem querer, os times de São Paulo (o Santos incluído nessa conta, por tudo o que representou na época de ouro de sua história e do estádio com Pelé e cia. bela desfilando em seu gramado) decidiram prestar, nesses últimos tempos, sua homenagem ao Pacaembu.

O único estádio paulistano que é tombado pelo patrimônio histórico deverá ficar sem “dono” depois que a Copa do Mundo passar. Palmeiras e Corinthians teoricamente estarão com novas casas a partir do cada vez mais próximo 2014.

Uma pena. Não pela modernização e melhoria no serviço prestado ao torcedor, que só tem a ganhar com estádios mais modernos e com tudo o que eles apresentam de melhor. Mas por tudo o que representa o Pacaembu, seu destino deveria, sem dúvida, ser outro.

É inaceitável que um estádio para 40 mil pessoas, em ponto central da cidade, próximo de metrô, com fácil acesso via transporte público e também privado, seja simplesmente abandonado de uma hora para a outra.

O Pacaembu tem espaço e estrutura suficientes para ser modernizado para o torcedor conservando todo o charme de sua fachada dos anos 40/50. É o palco mais centralizado possível para aguentar o tranco de uma Copa do Mundo e, mais do que isso, para continuar a ser o estádio de tamanho perfeito para a cidade de São Paulo.

Que pelo menos a gente aproveite os próximos dois anos de muito futebol no Pacaembu. Porque o sentimento de vazio depois que a Copa chegar vai ser grande. Façamos, pois, uma linda e derradeira homenagem ao Pacaembu.

Sem zebra: dois grandes Clássicos nas semifinais.

São Paulo e Santos; Palmeiras e Corinthians. Eis os grandes clássicos para as semifinais do Campeonato Paulista, como rezava a lógica, com a vitória do tricolor sobre a Portuguesa (2 a 0) e o triunfo do Palmeiras (2 a 1) diante do Mirassol, ambas as partidas neste domingo.
A zebra não apareceu.


Quanto ao jogo do São Paulo, um resultado justo e sem maiores sustos, mesmo com a ausência de Lucas no tricolor. Aliás, seu substituto, Ilsinho, fez o primeiro gol- de cabeça-, cabendo a Dagoberto, que anda em boa fase, consolidar a vitória. Agora, o São Paulo enfrentará o Santos, jogando em casa, no Morumbi, e com um ponto vantajoso: o Santos está dividido entre o Campeonato Paulista e a Libertadores, pois terá longa viagem a fazer depois do jogo para enfrentar o América do México. A não ser que dê uma goleada nos mexicanos na primeira partida, jogará o Santos com seu time titular?

É uma pergunta que será respondida durante a semana.

Já no outro clássico, Palmeiras e Corinthians, os dois velhos rivais estarão voltados só para esse duelo. O Palmeiras teve em Valdívia e Márcio Araújo- por sinal os autores dos gols, ambos muito bonitos, em especial o golaço de El Mago, que driblou o marcador e acertou o ângulo direito com um chute cheio de veneno- os seus melhores jogadores. Enquanto o irreverente Valdívia parece voltar à sua forma ideal, Márcio Araújo corre o campo inteiro e o tempo todo com vigor físico incomum.

Favorito para esse clássico. Ah, não tem. E não é conversa de quem fica em cima do muro, pois a história do Derby mostra que já aconteceram muitas surpresas.
E para chegarem à semifinal, os dois passaram por sustos, pois tanto o Oeste, no sábado, chegou a empatar o jogo no finzinho do primeiro tempo, quanto o Mirassol, diante do Palmeiras. Depois, foram vencidos, é verdade, apenas na segunda etapa. Mas é sinal de que Corinthians e Palmeiras não estão sobrando e nem exibindo futebol de luxo.


O que torna o clássico ainda mais imprevisível.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Ah, os pontuais…

Tinha prometido para mim mesmo que não escreveria mais nada por aqui sobre a decisão de as empresas investirem em patrocínio pontuais no futebol acreditando, realmente, que basta o relatório de retorno de exposição em mídia para que o investimento valesse a pena. Mas não deu para resistir.

Acabo de receber um comunicado à imprensa sobre o aporte que a fabricante de pisos esportivos Recoma fará no uniforme do Horizonte, do Ceará, nos dois jogos contra o Flamengo pela Copa Kia do Brasil. O título do material é o seguinte:

“Recoma acerta décimo patrocínio no futebol em seis meses”.

E aí, leitor, arrisca-se a dizer quais são as outras nove ações feitas pela empresa desde setembro de 2010? Onde você se lembra de ter visto a marca?