Tempo Real

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O fenômeno Luiza

Luiza Rabello era uma brasileira de 17 anos que estudava no Canadá. Mas graças a uma inofensiva frase de seu pai, numa propaganda, tornou-se o assunto da moda. Há três dias de volta ao Brasil, é paparicada e disputada por programas de televisão e agências de publicidade. Um fenômeno, assim como seu ídolo Ronaldo, e um susto para a jovem 'atleta' amadora e torcedora do Flamengo por 'obrigação'.


Antes de voltar para a Paraíba, Luiza terá que driblar a vida de celebridade que tem consumido seu tempo. No início da noite de quinta-feira, a reportagem do UOL Esporte passou 1 hora com a jovem e seus pais em um hotel na zona sul de São Paulo, onde a família está hospedada. Neste período, o telefone não parou de tocar. Foram pedidos de entrevistas de dois jornais (Estadão e O Globo), uma revista (Istoé) e duas emissoras de televisão (RedeTV! e Record).

Ainda assim foi o único tempo disponível para matar a fome e o desejo de comer dois temakis: um de camarão e um de salmon com cream cheese. Como se não bastasse, foi tietada pelo funcionário do restaurante que pediu uma foto ao entregar o pedido.

E o dia não havia acabado. Precisou sair às pressas para uma reunião em uma agência de publicidade que já tem três clientes grandes interessados. Entre eles, a marca de sandálias Havaianas e a montadora Volkswagen. Para completar, sua mãe precisou ter jogo de cintura ao descartar a participação em um programa de variedades às 8h desta sexta porque a filha estaria muito cansada.

Desde quarta-feira, os compromissos não param. Pouco depois de voltar ao Brasil, gravou um novo comercial para a construtora Água Azul que a consagrou. Apenas na quinta, foram dez entrevistas, visita à TV Globo e participação nos principais telejornais da emissora.

A adolescente voltou do Canadá e ainda se acostuma à fama repentina. Divide-se entre entrevistas, sessões de fotos e gravações de comerciais. Mas não vê a hora de trocar a vida de celebridade pela antiga, em João Pessoa, onde o esporte sempre foi muito presente graças aos exercícios na praia, às tentativas frustradas de se tornar atleta e à imposição do irmão para que fosse rubro-negra.

A paixão pelo Flamengo não veio de forma natural, e sim do irmão mais velho, Gerardo, de 19 anos, que, de tão fanático, junta dinheiro durante o ano para viajar e ver ‘in loco’ os jogos do time do coração no Rio de Janeiro.

“Não tenho muita opção. Meu irmão é flamenguista e obriga todos em casa a serem flamenguistas. Se alguma pessoa não for, ele nem conversa, me mata. Então simpatizo por conta dele, mas prefiro que assista aos jogos em outro canto porque quando vê em casa fica desesperado, só falta quebrar a casa”, contou ao UOL Esporte.

O ídolo de Luiza até já declarou ser flamenguista, mas nunca vestiu a camisa do clube. Ronaldo Fenômeno tem toda admiração da jovem, que chegava a defendê-lo das críticas no fim da carreira, quando era chamado de ‘gordo’.

“Pensar em futebol e seleção para mim é pensar em Ronaldo. E eu ficava com raiva de quem falasse mal dele. Falavam que ele não conseguia correr. Não precisa. Se ele ficar no lugar certo e alcançar a bola, está ótimo”, disse ela, que também é fã do ex-lateral-direito Cafu e do zagueiro da Inter de Milão, Lucio.

O que Luiza nunca imaginaria era ser citada pelo ídolo. Ronaldo foi uma das primeiras celebridades que ajudaram a disseminar o bordão ‘menos Luiza, que está no Canadá’ após o surgimento do vídeo em que sua família faz a propaganda de um empreendimento imobiliário na Paraíba. “Quando soube, fiquei doida. Quem sabe um dia possa conhecê-lo”.

O futebol é presente na vida da nova celebridade, mas é uma das únicas modalidades que ela nunca praticou. Bem antes de ser conhecida pelo país inteiro, tentou ginástica rítmica, vôlei, handebol, natação e futsal. “Parava porque me achava muito péssima no esporte e queria tentar outra coisa. Era uma por ano”.

Recentemente, ela aprendeu a apreciar atividades bem diferentes. O intercâmbio ajudou não só a aprimorar o inglês, mas também a se familiarizar com o futebol americano e o hóquei no gelo, disputados nas temperaturas negativas do inverno canadense.

A estudante teve ‘aulas particulares’ com um amigo que jogava no time de Barrie, cidade onde morava, e mostrou desenvoltura. “É muito difícil porque você tem que se equilibrar no gelo e tem toda uma técnica. Tem tantas regras que você nem imagina. Mas ele disse que eu levava jeito. Eu consegui porque ando bem de patins. dava para jogar”, brincou.

Luiza tomou gosto. Nas horas vagas, acompanhava os treinamentos e torcia pelo time da província, o Maple Leafs, sediado em Toronto e campeão da Stanley Cup por 13 vezes.

Mas o Canadá que deixou Luiza famosa está cada vez mais distante. Ela não vê a hora é de correr e pedalar nas praias da capital paraibana. “Achava que eu não gostava muito de João Pessoa. Mas depois de ficar muito tempo fora, vi que amo minha cidade. Não penso em sair mais de lá”, resumiu.

Os chineses acordaram!

Outro dia comentei aqui no blog que a briga entre as montadoras de automóveis esquentava no futebol. Ao final do texto, dizia que os fabricantes chineses, que estão revolucionando o mercado como fizeram os coreanos há algumas décadas, ainda não tinham acordado para a força do esporte como forma de construção da marca.

Mas eis que a notícia vem, confirmada por diferentes fontes, de que a JAC Motors ofereceu R$ 20 milhões para estampar sua marca na camisa do Palmeiras (leia a matéria completa aqui).

O negócio ainda não está sacramentado, mas mostra um pouco aquilo que vinha falando no post anterior. O esporte, como plataforma de construção de uma marca, é uma ferramenta fortíssima. O futebol no Brasil, então, é o melhor caminho para uma marca que quer ganhar seu espaço no mercado.

No caso da indústria automobilística, o investimento, quando não é para um campeonato, geralmente está focado num time de São Paulo, principal mercado consumidor do país. E, atualmente, as opções viáveis seriam Palmeiras e São Paulo, que estão com a cota de patrocínio master disponível.

Ao escolher o Palmeiras, a JAC também consegue tirar um concorrente da jogada. A ideia de que a empresa pode substituir a Fiat no clube pode ser, de forma subliminar, transportada para o pensamento do consumidor. Da mesma forma, a exposição permanente que o futebol tem no país e o retorno de reconhecimento de marca que ele proporciona compõem elementos mais do que suficientes para que a aposta seja feita.

O negócio também pode representar a mudança de paradigma do mercado de patrocínio no futebol, virado de cabeça para baixo nos últimos anos pelo fator Ronaldo no Corinthians. A tendência é que cada vez menos empresas estejam dispostas a fazer investimentos dessa magnitude nos clubes sem ter a exclusividade de exposição da sua marca.

Patrocinadores menores e menos comprometidos com planos de longo prazo tendem a desaparecer nos próximos dois anos. O mercado deve ficar restrito a poucas e grandes marcas, que pautarão no relacionamento com o torcedor o desenvolvimento de sua plataforma de comunicação no esporte.

Os chineses acordaram de fato para a força do patrocínio esportivo no Brasil. Se vão fechar negócio com o Palmeiras é outra história. Mas só o fato de pensarem numa plataforma de patrocínio esportivo já indica que podemos ter boas novidades para o mercado nos próximos anos.

O amadurecimento das empresas que vão investir no esporte começa a ser indício de que tempos melhores virão para o mercado esportivo brasileiro.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Jadson, a bela tacada do São Paulo. E a vitória do Palmeiras, ainda deixando incertezas.

Pode não ser exatamente um Thiago Neves, nem custar tão caro como o novo jogador do Fluminense, mas Jadson é muito bom jogador e será, em minha opinião, o meia-armador que o São Paulo tanto procurava.

Enfim, Jadson é do São Paulo. Golaço do tricolor!

Nas vezes em que o vi jogar, desde que era do Atlético Paranaense, Jadson sempre me agradou: dono de bom drible, de belos arremates, de apreciável dinâmica de jogo. Bela contratação. E fico pensando como será vê-lo em campo a municiar Lucas e Luís Fabiano, já com a quase certeza de que vai dar certo.

PALMEIRAS: VITÓRIA E INCERTEZAS

Felipão não escondeu, mesmo depois da vitória de 1 a 0 sobre o Ajax, seu aborrecimento pelas piadinhas de mau gosto ou brincadeiras que atrapalham a vinda de mais reforços. Não citou nome, mas os que vivem o ambiente do clube- o conselheiro Seraphim Del Grande, por exemplo, não têm dúvidas de que o técnico estaria se referindo a Roberto Frizzo, vice-presidente de futebol.

E, no caso, Felipão tem razão, embora não saiba ao certo se os reforços que Felipão diz que perdeu- Jonas e Wagner, por exemplo- deixaram de vir apenas por isso. O fato é que é grave a falta de um centroavante goleador Palmeiras e Felipão assume que pediu o argentino Barcos, da LDU. Excelente jogador, artilheiro incomum.

E enquanto não se sabe o que será o clima na cúpula do futebol- parece evidente não existir harmonia entre o técnico e o vice- presidente- quanto ao jogo este sábado, pouco a comentar: venceu o Palmeiras- com gol, de cabeça, de Pedro Carmona, aos 48 minutos do segundo tempo- como poderia ter vencido o atual campeão holandês, o Ajax, não tivesse o goleiro Deola ter feito três ou quatro ótimas defesas.

Além do que, foi um jogo atípico, tantas as substituições realizadas. Como se fosse jogo-treino. O que não foi.

De mais importante, mesmo, tivemos a torcida do Palmeiras: homenageou com passeata-ou procissão- a marcos, compareceu em bom número ao Pacaembu (mais de 25 mil pagantes), apoiou o time quase até o fim. E só gritou “Ôôo”, queremos jogador” quando não dava mais para aguentar a falta de qualidade.

Por ironia, nesse momento saiu o gol da vitória. Ou o gol da ilusão.

À beira de um ataque de nervos

O Real Madrid sofre.

Teve a sorte de fazer um gol em seu único ataque no primeiro tempo e graças à falha do goleiro reserva do Barcelona, o fraco Pinto (salvo seja!).

O Barça mesmo perdendo teve 69% de posse de bola e empatou logo no começo do segundo tempo.

Os madridistas perderam a cabeça, o maluco do Pepe deu pisão na mão de Messi e o argentino, em noite discreta, deu um passe genial para Abidal virar.

O Real deve até ser campeão espanhol.

Mas ganhar dos catalães parece uma impossibilidade.

E José Mourinho tem de segurar seu ímpeto de virar um Jim Jones…

A soberba deve tirar o UFC do Morumbi

O São Paulo está muito próximo de perder a realização do UFC no estádio do Morumbi, como já havia praticamente sido sacramentado num acordo entre o clube e os gestores do principal evento de lutas. Um dos agravantes para a mudança nos planos e a ida do evento para o Pacaembu foi a intransigência do São Paulo com alguns aspectos exigidos pelo UFC .

A intransigência são-paulina tem gerado muito mais derrotas do que vitórias ao clube nos bastidores. A queda do Morumbi não é apenas fruto da não-compactuação da diretoria tricolor com a CBF, assim como agora uma das gotas d’água para a desistência de o UFC pelo Morumbi foi a recusa de Roberto Natel, vice-presidente social e de esportes amadores do São Paulo, em ir ao Rio de Janeiro acompanhar a montagem do evento ocorrido na semana passada.

“Não cheguei a ir. Fui convidado, mas aí saiu a notícia do UFC dizendo que estava 85% fechado com o Pacaembu. Eu estava indo para conhecer a estrutura e saber como seria. A partir do momento em que está 85% fechado para o Pacaembu, não vou lá só para assistir”, disse Natel ao UOL Esporte.

É a típica birra de criança que, nesse caso, mostra uma total falta de molejo do clube em negociar com o UFC. Obviamente que o São Paulo não seria o único “pretendente” a receber o evento. O show que o UFC promove a cada dia de evento mostra o quão preparados estão seus executivos para os mais diferentes planos.

No Pacaembu, além de reduzir os custos de confecção do evento, os americanos conseguem manter a promessa de fazer o maior UFC da história. Ao virar as costas para os dirigentes do UFC, possivelmente o São Paulo deixa de ser o principal candidato a receber eventos da modalidade.

A birra de Natel deve custar ao São Paulo pelo menos R$ 2 milhões em receita.

Um clube que adora bater no peito o fato de ser “diferenciado” peca, atualmente, por querer sempre mostrar-se superior a qualquer outro.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Ganso, Adriano, Douglas, Pierre: incertezas do Mercado.

1- Depende de interpretação a recusa do Santos em comprar os 10% de Paulo Henrique Ganso, fatia da pizza que compõe os seus direitos federativos, o que em outros tempos eram conhecidos como passe. Aparentemente sem mágoa, rixa ou desconfiança, a transação simplesmente não interessou.



Só que a impressão que se tem, à distância, é que a saída de Ganso do Santos é só questão de tempo. E muito se deve à insatisfação demonstrada pelo jogador que, no começo tão valorizado quanto Neymar, perdeu terreno- é o que é principal, não mais exibe o futebol que o colocava como o indiscutível camisa 10 da Seleção Brasileira.



Convenhamos, na derrota para o Barcelona na final do Mundial de Clubes, a atuação de Ganso foi pífia.



Só para não dizer decepcionante.



2- Adriano, foi provado, era inocente no caso do disparo, dentro de seu carro, no dedo da estudante Adriene. Alívio para a torcida do Corinthians. O que causa profunda incerteza, no entanto, é se o Imperador conseguirá recuperar sua forma antes de terminar o seu contrato.

Pelas fotos mais recentes, parece difícil.

3- Há quem garanta que o destino de Douglas é o Corinthians, especialmente se Montillo não for mesmo contratado. No Grêmio, o que sabe é que ele não convence a própria torcida, por seu jeito de jogar: às vezes brilhante, em outras apático, verdadeiro “vagalume” – que acende, apaga, acende, apaga.

E que mais apaga do que acende.

4- Pierre deverá ficar mesmo no Atlético Mineiro, embora ainda restem algumas dúvidas sobre o seu futuro: no Galo, ele voltou a ter espaço, arrumou a defesa de um time à beira do rebaixamento, agradou e foi agradado. Creio que não seria mais assim no Palmeiras. E então, a realidade é que, acertando um detalhe aqui e outro ali, me parece boa a troca com Daniel Carvalho.

Se estiver em boa forma, Daniel será um belo meia-esquerda no Palmeiras. Talento é o que não lhe falta. E ouvindo o que ele disse, nesta segunda- feira, vontade de jogar com Felipão e maturidade não lhe faltam.

Serão todos felizes- Galo, Pierre, Daniel e Palmeiras-?

Creio que sim.

Os melhores do ano de 2011

Quais foram as melhores ações de marketing esportivo no ano que passou? Confira aqui a nossa retrospectiva de 2011 com aquilo que teve de melhor em 2011 no Brasil.

O destaque, claro, é o “fico” de Neymar, que pode representar uma quebra de paradigma para o futuro do futebol como negócio no país. A insistência do Santos em manter o seu maior talento vinculado ao clube foi fundamental para mostrar que podemos ter uma nova mentalidade na gestão de nosso futebol.

Em vez da vitrine, temos de ser o produto. A vitrine é a exposição da mídia, a geração de talentos que naturalmente brotam por aqui, a racionalização do calendário, etc.

Que 2012 comece com uma enxurrada de grandes negócios envolvendo o esporte. E que, em dezembro do ano que chega, nós possamos ter de desmembrar em duas a lista de melhores ações de marketing.