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sábado, 23 de julho de 2011

O mecenato ainda interfere no esporte brasileiro

“Qual o objetivo da EBX com o time de vôlei?”. A pergunta foi feita pelo repórter da Máquina do Esporte a Bernardo Lorenzo-Fernandez, gerente geral de entretenimento do grupo EBX, do bilionário Eike Batista e que anunciou na última quarta-feira investimentos de R$ 13 milhões ao ano na criação de um time masculino de vôlei na cidade do Rio de Janeiro.

“Não temos uma expectativa de retorno financeiro ou de imagem. O que nós estamos fazendo é um investimento no local em que estamos inseridos”, foi a resposta do executivo.

Conclusão. Não há qualquer projeto de longo prazo com a formação de um time de vôlei pela EBX. O RJX, como será chamado, tem um ano de contrato com os seus atletas. Depois disso, ainda não se sabe qual será o futuro da equipe.

O negócio, que já havia sido apontado aqui no blog como uma espécie de divisor de águas para a gestão do vôlei nacional já não começa a ser tão revolucionário assim. Ao não ter um projeto calcado em retornos claros de investimento, Eike Batista presta, na verdade, um desserviço ao vôlei nacional.

Sim, é ótimo termos mais um time de peso disputando a Superliga, ainda mais com toda a força de mídia que envolve qualquer tema ligado a Eike Batista. Claramente, porém, o que o bilionário quer é ser uma espécie de Mecenas, de um endinheirado que nada mais quer do que ajudar o esporte para, em troca, ter outros benefícios.

O status que o esporte confere aos seus investidores leva, historicamente, muitos bilionários a despejar alguns milhões nele. Em troca, além do prestígio, muitas vezes essas pessoas conseguem vantagens em outros negócios pela boa imagem que adquirem ao ajudar projetos esportivos.

Ao que tudo indica, é isso que move ainda a inserção de Eike Batista no esporte brasileiro. Quando um time que custa R$ 13 milhões por ano é anunciado sem qualquer outro projeto a não ser o de “ajudar” o vôlei esporte é lançado, seu efeito sobre o mercado é devastador. Aumento de preços, saída de patrocinadores e fechamento de equipes menores geralmente acompanham esses movimentos.

No caso do vôlei brasileiro, a Superliga ganhou o RJX, mas muito possivelmente perdeu o Pinheiros, clube tradicional do esporte, que perdeu o apoio da Sky (a empresa migrou para o Cimed, em Florianópolis, unindo investimentos para formar um time que pode tentar frear o favoritismo da equipe da EBX).

O mecenato não é bom para o esporte. Ele pode até fazer com que, num primeiro momento, o mercado se aqueça um pouco com a entrada de alguém endinheirado. Mas a “caridade” que geralmente cerca esses projetos faz com que tudo se pulverize em pouco tempo.

No caso do RJX, está claro que o crescente interesse de Eike Batista no esporte tem muito mais a ver com a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro em 2016 e as oportunidades que o evento vão gerar do que com um projeto bem balizado de marketing por meio do esporte.

Não é difícil prever que a festa dure até 2016 e, depois disso, esses mecenas migrem para outras áreas que atraiam mídia e gerem negócios na mesma proporção que o esporte na atualidade.

Enquanto o esporte for visto como obra de caridade, o mecenato vai continuar a interferir negativamente no esporte brasileiro. Quando o esporte souber se vender como uma plataforma de negócios, com certeza a conversa irá mudar de figura. E a resposta de que não existe um projeto de marca ou de vendas para um investimento de R$ 13 milhões simplesmente vai deixar de existir.

As Revelações do Campeonato. E um feito Histórico

Sei que ainda é cedo, a grande maioria dos clubes só disputou dez partidas, mas já dá para apontar quem está pintando como revelação deste Campeonato Brasileiro. Tirando nomes já mais famosos, inclusive Neymar e Ganso, reconhecendo que ainda vão faltar muitos (aceitando lembranças dos internautas) lanço os que me vêm à cabeça:

1- Leandro Damião: centroavante que ficará pouco tempo no Brasil, razão pela qual o Inter prorrogou o seu contrato esperando que permaneça, pelo menos até o fim do ano. Ele é alto, tem habilidade, é veloz para sua estatura, cabeceia bem, é oportunista e vive fazendo gols. Neste Campeonato, por enquanto, fez quatro. Na temporada, não sei ao certo, mas marcou mais de 20. Deveria ter ido para a Seleção na Copa América.



2- Lucas: apareceu no ano passado, é certo, mas é neste ano que se firma como craque do São Paulo e da Seleção Brasileira. Teve poucas chances na Copa América, deveria ter sido titular. Por ter ido para a Seleção, jogou poucas vezes no São Paulo. Mesmo assim, já fez três gols.



3- Paulinho: é a grande surpresa do meio- campo do Corinthians. Ao lado de Ralf, não tem deixado saudades de Cristian, Elias e Jucilei que davam a impressão de que não seriam substituídos com facilidade. Pois Paulinho se multiplica em campo: defende com precisão, surge de surpresa na área inimiga e já anotou 3 gols neste Campeonato Brasileiro. O que é significativo para um volante.



4- Willian: reforço pouco badalado do Corinthians, vindo da Série B onde defendia Figueirense, tem sido um terror para as defesas inimigas, com sua velocidade e suas deslocações constantes. E tem faro de gol: já fez 5 no Campeonato Brasileiro, é o artilheiro do time ao lado de Liedson.



5- Cicinho: uma boa surpresa este lateral-direito do Palmeiras. Veio por empréstimo do Oeste (jogava pelo Santo André) e nesta sexta já foi contratado até 2015, por indicação de Felipão, que aprovou seu futebol veloz e suas escapadas pela direita, que podem ser ainda mais úteis com os lançamentos de Valdívia e um melhor entrosamento com Maikon Leite. Fez apenas um gol neste Campeonato.



6- Elkeson: já fez 5 gols no Campeonato pelo Botafogo, time onde desfila seu talento e o chute forte, virtudes que já faziam dele um sucesso no Vitória. Jogador para dar muito o que falar.

E aí amigo internauta, pode mandar as suas revelações...

Futebol Feminino: a próxima grande oportunidade

Por MARIA TEREZA PÚBLIO DIAS*

“Se a gente ganhasse o Mundial, teria investimento? Não sei, acho que não. A gente já fez o que fez, e não muda nada”.

Essa foi a mensagem da atacante Cristiane, assim que as Canarinhas voltaram da Alemanha, depois de perder para os Estados Unidos nas quartas de final do Mundial Feminino.

Desde que a Copa do Mundo feminina começou a ser disputada, em 1991 o Brasil esteve presente em todas as competições.

Em 1999 ficou em 3º lugar e em 2007 perdeu a final para a Alemanha.

Temos a melhor jogadora do mundo, Marta! Cinco vezes eleita pela FIFA (consecutivas), fez quatro gols na Alemanha e se igualou à atacante alemã Birgit Prinz em números de gols marcados em Copas do Mundo (14).

Mas “só” isso parece não adiantar para que o futebol feminino brasileiro tenha mais apoio.

O bom futebol e a falta de experiência que nossas atletas mostraram são resultados do talento nato das meninas e da falta de preparação para competições importantes como a Copa do Mundo e Olímpiadas.

Antes de ir para a Alemanha, o Brasil fez apenas um amistoso contra o Chile, time que hoje está em 44º no ranking da FIFA e não participou da Copa do Mundo.

Enquanto os Estados Unidos (1º lugar no ranking da FIFA) fizeram diversos amistosos, sendo um deles contra o Japão, time com quem jogaria a final da Copa, dia 17 de Julho. Os Estados Unidos acabaram perdendo para o Japão, que durante toda a Copa mostrou que além de garra, contou com uma nação inteira apoiando suas atletas durante toda a competição.

Os problemas da seleção brasileira começam mais embaixo.

Em 1999 os Estados Unidos trouxeram para casa a taça de campeãs.

Desde então, o país mudou em relação ao futebol feminino. Em 2001 foi criada a primeira liga feminina no país, a WUSA, que durou apenas dois anos, por falta de investimentos. Em 2008 a liga atual, WPS (Women’s Professional Soccer) foi criada e continua a desenvolver atletas profissionais no país. Hoje a liga conta com 6 times, entre eles o Western New York Flash, onde atuam duas brasileiras, Marta e Maurine. De acordo com o técnico do time, Aaron Lines, a liga tem ajudado a preparar as jogadoras para grandes campeonatos como o Mundial e as Olimpíadas.

Além de ter uma liga profissional, o desenvolvimento das atletas nos Estados Unidos começa por volta dos 16 anos, quando a maioria das jogadoras esta’ se preparando para começar a faculdade. Hoje, nos Estados Unidos, de acordo com a NCAA (National Collegiate Athletic Association) cerca de 380 faculdades associadas têm time de futebol feminino. As atletas são disputadas pelas faculdades e recebem apoio (bolsa de estudos, alimentação e moradia) durante os quatro anos de estudo.

De acordo com o censo do IBGE, temos 17.5 milhões de meninas entre 10 e 19. Essa é a idade em que a maioria das meninas aqui nos Estados Unidos começa a se envolver com o esporte e participar de campeonatos nos clubes em que treinam. Durante o ano letivo, as escolas participam de competições e quando as atletas estão no período de férias escolares, os pais as colocam nos famosos “camps” americanos, onde têm chance de melhorar ainda mais suas habilidades e onde começam a aparecer para os famosos “olheiros” de faculdades.

O Brasil tem, é claro, tradição em futebol, vontade também. E principalmente um público que com certeza estaria interessado em torcer pelo seu time feminino, como mostram os números recordes de tuites na final do feminino e a audiência também recorde das transmissões de TV durante a ultima copa feminina, na Alemanha.

Esse é o grande diferencial entre os Estados Unidos e o Brasil. Com uma liga estável, as americanas conseguem se preparar melhor para grandes competições, enquanto as brasileiras não conseguem ter um calendário de jogos fixo e times com estrutura para competições. A seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo este ano tinha 15 jogadoras que atuam no Brasil, sendo 6 do Santos. As outras, ou jogam fora do Brasil ou estão sem clubes. A goleira Andrea e a atacante Cristiane em entrevistas após a derrota contra os Estados Unidos, deram seus diagnósticos: “Só raça e vontade não ganham Mundial. Só raça, vontade e confiança não ganham medalha olímpica. Tem que ter, sim, pessoas que queiram trabalhar sério pelo futebol feminino”, disse Andréa. Já a atacante Cristiane lembrou que a Liga Americana (WPS) continua investindo pesado, não importam os resultados.

Diversas brasileiras passaram pela liga americana nos últimos anos. Formiga, Cristiane, Marta, Maurine, sendo que as duas últimas atuam no WNY Flash (NY). Esse é o terceiro clube pelo qual Marta joga nos EUA. Os dois anteriores ao WNY Flash foram campeões da liga. Hoje o time de Marta está em segundo lugar, com grandes chances de terminar em primeiro e trazer mais um título para o currículo dessa grande jogadora.

Marta fez com que a popularidade do esporte crescesse. Tornou-se um ídolo, reconhecida e querida por onde vá. Nos jogos em casa, crianças de todas as idades lutam para conseguir um autografo ou uma foto. Muitas chegam horas antes do jogo só para ver a jogadora descer do ônibus. O WNY Flash vive dias de sucesso, no estado de Nova Iorque depois que trouxe Marta para jogar aqui. Ingressos para os jogos vendem como água e quando os fãs ligam para comprar ingresso a pergunta é sempre a mesma: “A Marta vai jogar?”.

A pergunta óbvia é: por que uma atleta brasileira que é a melhor jogadora do mundo não está jogando em uma liga no Brasil? Por que não temos crianças brasileiras jogando futebol e dizendo que quando crescerem querem ser igual à Marta?

A Copa do Mundo feminina que terminou no dia 17 de Julho foi transmitida pelo maior canal de esportes dos Estados Unidos (a ESPN) que fez uma cobertura completa, transmitindo todos os jogos nos seus dois canais e também pela internet. De acordo com a revista Bloomberg, durante a final entre Estados Unidos e Japão o canal atingiu uma média de 8.6% de audiência. Doze anos atrás, em 1999, quando os EUA jogou a semifinal contra o Brasil o canal teve uma audiência de 3.2%. Pra se ter uma ideia, o jogo da liga de Basebal nos Estados Unidos obteve apenas 6.9% de audiência (e era o jogo dos “All-Stars”, que tem os melhores jogadores do país.)

Além disso, durante a partida, foi batido o recorde de tuítes por segundo. De acordo com o G1 e diversos jornais pelo mundo, a média foi de 7.196 tuítes por segundo durante a partida. Durante a disputa de pênaltis entre Brasil e Paraguai a média foi de 7.166 tuítes por segundo.

Esses indicadores mostram que o futebol feminino vem crescendo e tem chances de se tornar ainda maior. O futebol é um esporte de tradição no Brasil e agora é a vez do país abraçar essa oportunidade. As Canarinhas da Granja Comari contam com os mesmos patrocinadores da selecão masculina (Nike, Itaú, VIVO, Guaraná Antártica, SEARA, Nestlé, Extra, Gillette, Wolkswagen, TAM), mas não é o suficiente para que as atletas estejam preparadas para competições de grande porte. Ao contrário da seleção feminina dos Estados Unidos, o time também conta com os mesmos patrocinadores da seleção masculina (American Airlines, All State, AT&T, Budweiser, Castrol, DICK’S, Gatorade, El Jimador, Kumho Tires, Nike, Pepsi, VISA), mas o suporte e a preparação que o time recebe nem se compara a seleção brasileira. O “Team USA”, como são conhecidas por aqui, conseguem aproveitar os benefícios que os patrocínios trazem para as duas seleções. O resultado nós podemos ver dentro de campo, um time mais estabilizado, melhor preparado e com um background que não se compara ao país do futebol.

A mesma tecla vem sendo batida nos últimos anos: as meninas lutam e fazem o máximo possível para trazer alegria ao povo brasileiro. Mas sem investimento, sem organização, essas meninas vão continuar batendo na trave e o futebol feminino também.

*Maria Tereza Públio Dias é mestranda em Administração Esportiva na Universidade Canisisus, Buffalo, EUA, e estagia no WNY Flash, o clube onde joga a também brasileira Marta.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Revelações de Felipão. E a grande vitória do Palmeiras, sem Kleber.

Conversei mais de uma hora com Felipão no programa “No Pique”, que apresento nas noites de domingo pela CNT. E o encontrei muito à vontade, com o humor em alta, depois da vitória do Palmeiras sobre o Santos por 3 a 0. Eu estava ao lado dos companheiros José Gonçalves, Bruno Bernardi, Paulinho Arapuã e Rogério Lugó, sendo que Felipão não fugiu de nenhuma pergunta e ainda fez algumas revelações, desde prováveis contratações ao caso Kleber.

Eis algumas dessas revelações;

“Do Kleber, posso falar que o considero ainda o melhor centroavante do Brasil. E não sei se a culpa no caso foi dele ou de quem o acompanha. Confio nos nossos médicos, a questão está com a diretoria e no momento em que estiver liberado para treinar, vai treinar”.

“Nosso presidente (Arnaldo Tirone) está na Argentina, onde se encontram presidentes de muitos clubes. Ele pode trazer de lá boas notícias para o Palmeiras”.

“O meu pensamento, daqui para a frente, é que possamos contar com mais quatro jogadores, contratando dois de peso e duas apostas”.

“O Lincoln não foi relacionado para o jogo contra o Santos, pois veio nos pedir para ficar de fora do jogo, pois já tinha feito seis partidas e se jogasse mais uma não poderia ser transferido para outra equipe da Série A neste Campeonato. E nós concordamos”.

“Esse jogo contra o Santos foi curioso: ganhamos bem, mas, além dos gols, aconteceram poucas outras grandes chances para as duas equipes. Sinal de que o aproveitamento do Palmeiras foi excelente”.

“Vi o jogo do Valdívia contra o Uruguai. Ele foi bem, sim”.

(Ao responder uma pergunta minha se ele vira Valdívia em ação naquela meia hora contra o Uruguai).

Além disso, este jornalista, blogueiro e Felipão relembramos histórias passadas, o Palmeiras da era Parmalat, a Seleção pentacampeã do mundo, o comportamento de jogadores de outras épocas, etc.

Foi um papo gostoso. Passou tão rápido...

LÓGICA PREVALECEU NOS RESULTADOS DO FIM DE SEMANA

LIGA MUNDIAL DE VÔLEI – A Rússia fez a melhor campanha da primeira fase e foi o time mais consistente na fase final. Com um time muito alto, com muitos recursos e variações no ataque, venceu de forma merecida o Brasil na decisão (ainda que com o passe ruim). E o placar de 3 a 2, em um jogo excepcional, valoriza o que fizeram as duas equipes. Quem viu a fase final inteira pôde atestar que o Brasil tinha pontos a melhorar, principalmente o saque. Isso é natural e está muito, muito longe de indicar que tudo está errado por causa do vice-campeonato.

COPA DO MUNDO FEMININA – A eliminação é doída por causa da forma que foi, tomando um gol contra com um minuto e um gol de “bumba-meu-boi” aos 16 minutos do segundo tempo da prorrogação. Mas a verdade é que o Brasil fez demais. E nem uso o discurso pronto e batido (mas 100% verdadeiro) da ridícula (falta de) estrutura do futebol feminino no país. Digo pelo que o Brasil mostrou na Alemanha. Jogou pior que Austrália e Noruega, sem um padrão de jogo, com as volantes perdidas em campo, as alas presas, Rosana completamente sem função e Marta e Cristiane largadas (e separadas) na frente. E o técnico Kleiton Lima dando impressão de não ter opções (ou não saber o que fazer com elas). Isso ficou claro em Dresden, com os EUA jogando muito mais. Sem falar em dois erros claros da arbitragem (Maurine impedida no segundo gol e o pênalti de Cristiane não marcado) e o incrível acerto na invasão do pênalti a favor do Brasil. O discurso fácil, de quem subiu no ônibus agora, é dizer que amarelou.

VÔLEI DE PRAIA – Duas medalhas de ouro no Grand Slam de Gstaad, na Suíça, com Allison/Emanuel e Juliana/Larissa. O fim de semana não foi só de derrota. As duas duplas mais preparadas do país, que são meticulosas em tudo que envolve seu dia-a-dia, acumulam mais uma conquista e passeiam rumo à vaga olímpica. Não é só talento que conta. Enquanto isso, tem dupla mudando de formação há um ano da Olimpíada!

COPA DO MUNDO SUB-17 – México campeão, Uruguai vice, Alemanha em terceiro e Brasil em quarto. Três países que despertaram há alguns anos para a importância do trabalho coordenado nas divisões de base. Os frutos vêm na base e na seleção principal, como vimos na última Copa do Mundo. Enquanto isso, o Brasil começa a se preocupar com isso agora, missão de Ney Franco. E ainda depende totalmente da individualidade. Como a de Adryan, que fez uma falta tremenda na semifinal. E tem gente que ridiculariza o Uruguai eliminar o Brasil e o título mexicano. Estão sabendo legal…

PARAGUAI – O Paraguai foi às quartas-de-final da Copa do Mundo, colocou uma pressão absurda e perdeu um pênalti contra a Espanha que viria ser campeã mundial no ano passado. Tem uma base montada, em um ótimo trabalho do técnico Grardo Martino, que se traduz em uma boa consistência em campo. E como destacou o brilhante Lédio Carmona, vários jornalistas acham um absurdo uma Seleção Brasileira completamente desconjuntada não ganhar o Paraguai. Não dá para entender.

sábado, 9 de julho de 2011

Ricardo Teixeira se aproxima da beatificação

Em 2003, quando ainda trabalhava no “Lance!”, escrevi uma coluna no final do ano com o título “Se bobear, vira santo”. Na época, falava exatamente sobre o término do primeiro Campeonato Brasileiro disputado no formato de pontos corridos e, também, sobre as consequências disso para o futuro do futebol brasileiro e, especialmente, de Ricardo Teixeira no comando da CBF.

A análise era a de que, passada a turbulência das CPIs que incriminaram, mas não levaram à punição do comandante da entidade, ele conseguia encaminhar todo o cenário para se tornar “o grande salvador” do futebol nacional. Com o Brasileirão no formato que a imprensa sempre pediu, faltava apenas conseguir trazer a Copa do Mundo para o país.

Dito e feito.

A extensa reportagem que acabou de sair na revista “Piauí” e repercutiu em diversos veículos nada mais é a prova disso.

Hoje, Teixeira manda no país. Com a Copa do Mundo como pretexto, ele é quem dita as cartas sobre cidades, estados e governo em geral. A soberania da Fifa consegue ser maior do que a nacional. A pressão que a entidade do futebol exerce sobre os países que sonham em ser sede de sua competição permite que seus dirigentes mandem e desmandem.

“Vai ver que a minha vaidade é essa. Ver que as maiores empresas do mundo, a maior de seguros, a maior cervejaria, o maior banco do país, a maior editora, todo mundo investiu milhões no landrão, no bandido aqui, numa CBF de merda, num time que só perde, né?”.

Essa é uma das dezenas de declarações de Teixeira presentes na reportagem assinada por Daniela Pinheiro na “Piauí”. O dirigente sabe, muito bem, usar as palavras, trabalhar o discurso para aquilo que ele quer. O único deslize que ele comete na reportagem foi promovido pela filha dele de 11 anos, que “entregou” a preferência do pai pela vitória de Bin Hamman nas eleições da Fifa.

O próximo passo que falta é Ricardo Teixeira alcançar a beatificação. Está bem próximo disso. Ao fazer a Copa no Brasil, ele sairá da presidência da entidade como o mais vitorioso dirigente do futebol nacional, o cara que organizou o calendário e o Campeonato Brasileiro e o que ajudou na modernização das instalações esportivas ao trazer a Copa para o país.

“Eu saio em 2015. E aí, acabou”.

Teixeira sabe o que precisa fazer. E, também, tem total noção de que o seu trabalho termina após a Copa do Mundo no Brasil. Não haverá, afinal, um passo maior para ser dado depois que isso acontecer. CPI? Corrupção? Tudo isso vai parecer intriga da oposição. Algo da “patota de sempre”, como ele costuma definir. Os fins vão, nesse caso, estraçalhar os meios.

Pitadinhas: Valdívia, Coates, Neymar, Kleber, Seleção Brasileira, Felipão...

1- Valdívia jogou apenas a meia hora final do jogo. Mas foi o suficiente para brilhar e levar o Chile ao empate diante do Uruguai (1 a 1), pela Copa América. Ele foi o autor do lançamento para Beuasejou, que cruzou para Alexis Sanchez (belo jogador!) empatar a partida, que vinha sido vencida pelo Uruguai, em gol anotado por Alvaro Pereyra.

Nessa meia hora, Valdívia chegou a lembrar seus melhores momentos de Palmeiras, antes de ir para os Emirados Árabes, quando não se machucava tanto. Se jogar assim, voltará a ser o craque que se esperava.

2- Coates, o zagueiro uruguaio que deverá ser contratado pelo São Paulo formou dupla com Lugano nesse ríspido jogo do Uruguai diante de um Chile mais técnico. Por essa partida, pareceu-me um zagueiro mais de força física do que clássico, grandalhão e vigoroso, lembrando até mesmo Lugano. Bem, por essa razão é apelidado “El Luganito”. Talvez precise de um zagueiro mais rápido ao seu lado.



3- O agente de Neymar, Vagner Ribeiro, voltou a afirmar que está tudo bem encaminhado para a contratação de Neymar pelo Real Madrid, dependendo apenas da decisão do jogador. Como? É que o clube espanhol pagará a multa de 45 milhões de euros (cerca de 101 milhões de reais), não cabendo mais ao Santos nenhum tipo de resistência.

Continuo achando que Neymar vai para o Real, sim, mas só depois do Campeonato Mundial de Clubes.

4- Kleber, liberado perlo departamento médico do Palmeiras para enfrentar o Santos, é um caso bem diferente: leio que a presidente do Flamengo. Patrícia Amorim declarou nesta sexta-feira, que sua ida para o Fla “depende só do jogador, que é fantástico e tem a cara do Flamengo. Mas não pode jogar domingo”.

Como? Ou não entendi bem, pois não a ouvi e apenas li o que disse em pelo menos dois sites ou o contrato vigente, multa rescisória, negociação, o clube (no caso o Palmeiras) que detém os direitos federativos do jogador, ah, tudo isso, no caso, não valeria mais nada. Ou quase nada.

É, pode ser que eu não tenha entendido bem...

5- A Seleção Brasileira enfrenta o Paraguai neste sábado, pela Copa América, e ainda insisto que como favorita. Mesmo depois daquela péssima exibição diante da Venezuela? Sim. Temos talentos suficientes, a equipe do Paraguai é limitada e meu palpite é que, a partir de agora, daremos a volta por cima. E torço para que Lucas se junte a Neymar, Ganso e Pato, no começo ou durante o jogo.



6- Felipão: por falar em Seleção, o pentacampeão do mundo em 2002, confirmou presença no programa “No Pique” que apresento aos domingos, às 21h30, pela CNT- canais: Net 134 e 26 UHF. Quer dizer; logo depois do clássico entre Palmeiras e Santos.

Escrito por Roberto Avallone às 23h05
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Como o Palmeiras jogou mal! E a injusta demissão de Carpegiani...

O próprio Felipão, em entrevista coletiva após o jogo, reconheceu: “Pelo que jogou, o empate até acabou sendo bom para o Palmeiras”. Quer dizer que, ao empatar com o frágil América Mineiro por 1 a 1, nesta quinta-feira, em Sete Lagoas, o Palmeiras mostrou quase nada de futebol, deixando escapar a vice- liderança (que viria com uma simples vitória diante de uma equipe que está na zona da degola). Mas, pior do que isso, exibindo uma pobreza de criatividade capaz de assustar;

“Nos falta o lançador para aproveitar melhor a velocidade de Maikon Leite”- ainda explicava Felipão, visivelmente aborrecido com a produção de sua equipe, embora não apontasse diretamente nenhum culpado.

Agora, o amigo quer saber? Difícil seria a missão de apontar um culpado. Na verdade, um deles seria Lincoln, o pior em campo em minha opinião, o jogador que tem pose de craque, que fala como craque e atua como ex- jogador. Wellington Paulista, igualmente, que não fez nenhum gol desde que chegou ao Palmeiras, é outro que não vai resolver. Ambos foram justamente substituídos por Felipão. Só que por Dinei e Patrik, o que, no jargão do futebol, significaria trocar seis por meia dúzia.

O América Mineiro ainda fez seu gol em bela jogada, em velocidade, com Kempes passando a bola, na medida, para o arremate certeiro de Alessandro. E só para variar, o Palmeiras empatou aproveitando a bola parada, falta batida de longe por Marcos Assunção e arremate de Maurício Ramos, depois de bate- rebate na área.

O castigo foi duplo: o América continua na zona de degola e o Palmeiras foi para o quinto lugar.

CARPEGIANI: INJUSTA DEMISSÂO

Quando o São Paulo ganhou cinco jogos seguidos, no começo do Campeonato Brasileiro. Carpegiani era o técnico ideal para colocar em prática o sonho tricolor de lançar a garotada, coisa e tal. Depois, perdeu Lucas para a Seleção Brasileira principal, perdeu jogadores para A Sub-20, perdeu jogadores machucados ou que saíram (Alex Silva, Miranda, etc) e perdeu jogos.

A derrota para o Flamengo, que jogou com o time completo, foi normal. E até que, no primeiro tempo, o tricolor até criou algumas chances, especialmente uma com Fernandinho, cara a cara com Felipe. E a partida foi equilibrada até certo ponto.

Logo, tenho como injusta a saída de Carpegiani. Quem virá agora? Fala-se em Cuca, Dorival Júnior, Paulo Autuori, Celso Roth e até numa velha ideia de trazer o mito de vencer a Libertadores, Carlos Bianchi. Com certeza, terá mais facilidades do que Carpegiani, pois logo Lucas estará de volta, Luís Fabiano talvez estreie, novos jogadores surgirão (o zagueiro Coates, o meia argentino Cañete), vida que segue.

E o nome de Carpegiani, na eterna dos técnicos, será esquecido.