Tempo Real

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Revelações de Andrés Sanchez. E sua Bronca com o São Paulo.

Conversei mais de uma hora com o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, durante o programa "No Pique", que vai ao ar todos os domingos pela CNT. Sanchez não se negou a responder a nenhuma pergunta -as minhas e as dos companheiros de bancada - e pinço aqui, neste espaço algumas de suas declarações (além das que envolvem assuntos já sabidos como o novo estádio corintiano, a abertura da Copa do Mundo, o festejo pelo Centenário).

"Só posso garantir o Ronaldo até o fim do ano. Até agora, cumprimos tudo que prometemos a ele, ele cumpriu tudo que prometeu para a gente"

"O Ronaldinho Gaúcho não nos interessa. Não tem o perfil do clube. E nem seria o substituto em termos de marketing, para o Ronaldo"

"Terminando a minha gestão como presidente do Corinthians, vou para casa. Vou aproveitar a vida."

"Não tem essa de pretender assumir a presidência da CBF falando, mesmo se o Ricardo Teixeira for para comandar a Fifa. Eu sou Corinthians."

"Se eu prefiro ver o Corinthians ganhar do time do Jardim Leonor (São Paulo) ou do Palmeiras? Ah, prefiro ganhar do Palmeiras. É uma história antiga."

Quando fala em time do Jardim Leonor, o São Paulo, aí Andres Sanchez revela a bronca, a mágoa, com o tricolor. E sempre me intrigou saber o estopim desse sentimento pessoal - que, neste caso, não é tão pessoal mas de muitos corintianos, tanto, que nesta terça-feira, os muros do CT tricolor amanheceram pichados com frases tipo “A Copa é nossa. Freguês”. Desta vez, embora reconhecendo a mágoa com alguns diretores do São Paulo, Andrés não foi tão explícito quanto a questão, embora rememorasse um fato:

"Não se trata torcedor do Corinthiasns como eles trataram. Pareciam estar lidando com gado, não com o povo."

"O Corithians sempre foi o maior locatário do Morumbi, no entanto não éramos tratados com respeito."

É pode estar aí o principal motivo, o sentir-se humilhado num jogo do Cortinthians diante do São Paulo, no Morumbi, quando a torcida corintiana reclamou da quantidade de ingressos recebidos e muitos dos que estavam no estádio queixaram-se do confinamento a um pequeno espaço, separado do resto do estádio por uma grade de ferro.

Deve ter sido isso. Depois, bem depois, o Corinthians se recusou a jogar no Morumbi e Andrés Sanchez prometeu: "Enquanto eu for presidente, o Corinthians não joga mais aqui. A não ser quando eles forem os mandantes”.

E assim foi feito. Teve também o episódio da eleição do clube dos 13, quando o candidato de Ricardo Teixeira, Kleber Leite (que teve o voto de Sanchez) perdeu para Fabio Koff (que tever o voto de Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo), mais divergências, enquanto ainda relembrou no programa , ao vivo "Quem mais reclamava do Koff, em quem votou, era o Juvenal”.

Bem, que se saiba, então. A grande rivalidade do momento, ao contrário de outrtas épocas em São Paulo, não é mais entre Corinthians e Palmeiras. Elementar: a grande briga agora é entre São Paulo e Corinthians. Até pelo estádio da Copa.

Estranhas Situações do Futebol

1- Robinho no Milan. E Ronaldinho Gaúcho? Robinho não quis ir para a Turquia, isso já se sabe. Mas a sua chegada a Milão, segundo o site Milannews.it, está prevista para as 8h30 desta terça-feira. Ótimo. O Milan volta a ser ele mesmo, coma chegada do goleador Ibraimovic, tendo Pato como segundo atacante, o que leva a crer que começa a se confirmara notícia do jornal italiano La Reppublica que o plano de Berlusconi era o seguinte: Ibraimovic já, Robinho em janeiro (só que sua contratação está sendo antecipada) e Ronaldinho Gaúcho no Galaxi, dos Estados Unidos.



Será? Até aqui tudo se encaixa, porém... Há sempre um, porém, neste caso a belíssima atuação de Ronaldinho na rodada de abertura do Campeonato Italiano, depois da pálida exibição no amistoso contra o Barcelona.



O que me parece, à distancia, é que se trata de uma preparação para um futuro próximo, pois duvido que o Milan vá jogar com quatro jogadores ofensivos. E nenhum deles, dos craques acima citados. Gostaria de ficar na reserva.



Recebi um telefonema que me levantava a hipótese de o Palmeiras entrar na jogada, acreditando até em sua fantasia o ilustre amigo, que teria sido feita uma inédita reserva no BID- o que não acredito e nem me foi confirmada juridicamente. Creio que, para o ano vem, é possível: no momento me parece mais coerente a inda de Ronaldinho para o Galaxi- talvez agora, talvez para o começo do ano.



Em todo o caso...



2- Queixou- se, com razão, o herói tricolor do último domingo, Rogério Ceni, da falta de opções ofensivas do São Paulo contra o Fluminense. Na verdade, com Ricardo Oliveira e Fernandão com lesões, o São Paulo, pelas minhas contas, deu apenas um chute contra o gol de Flu no segundo tempo- aquele gol desperdiçado por Marcelinho, depois de cruzamento de Jorge Wagner.



E então, eu pergunto: o que de tão grave teria feito Dagoberto?Já o vi jogar bem pelo tricolor, veloz e raçudo, embora não tenha sido jamais, o super-atacante que se insinuava no Atlético Paranaense.



Não vivo o dia-dia do clube e nem sei o que Dagoberto possa ter feito ou deixado de fazer. Mas nesta fase, em que o São Paulo está há 5 jogos sem ganhar, que Dagol é um desperdício, ah, isso é.



3- Outro belo gol de Kleber, o Gladiador: nesta segunda-feira, depois de ter sido herói da vitória contra o Atlético Mineiro, ele concedeu entrevista coletiva e disse não aceitar a irregularidade do time e pediu, do jeito dele, ”mais vergonha na cara” do time- que entraria contra adversários mais frágeis, sem o necessário empenho, acreditando que a vitória virá a qualquer momento. O diabo é que não se dá nomes aos bois, ficando, então, no vazio,as advertências.

Os riscos de uma arena para a Copa do Mundo

A decisão foi política, como já tinha ficado claro desde o momento em que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, levantou o papel com o nome do Brasil escolhido para sede da Copa de 2014. Desde aquele já longínquo 30 de outubro de 2007, o Mundial brasileiro passou a ser um jogo político, em que o negócio e a racionalidade na gestão de recursos deram lugar a interesses pessoais e conjunturas para favorecimento e/ou prejuízo de outros.

O episódio mais recente disso é a escolha de um possível estádio corintiano para ser a sede paulistana durante a competição. Não, nada contra o Corinthians, ou a favor do São Paulo, do Morumbi, da Arena Palestra Itália ou do que quer que valha.

Esqueça a paixão clubística. Torça pela sua cidade, pelo seu dinheiro, pelo seu país.

São Paulo havia se preparado, desde sempre, para fazer a Copa no Morumbi. Recursos públicos seriam alocados para a melhoria da infraestrutura de transporte local (o que é dever do Estado, não há qualquer discussão sobre isso). Uma mudança de planos foi causada pela disputa política entre os presidentes da CBF e do São Paulo. E a cidade nessa?

Orgulhosa de ser o “motor do país”, a cidade de São Paulo é a que pior exemplo tem dado na gestão da Copa do Mundo. A arrogância paulistana mais uma vez falou mais alto. “Só nós somos capazes” é um lema que nós, paulistanos, adoramos usar. Mas a certeza de realização poderá ser cruel na questão do Mundial. Já se foram quase três anos desde que o Brasil foi escolhido como sede. Restam menos de três anos para o evento-teste da Fifa, que será a Copa das Confederações em 2013.

Dá para construir um novo estádio até lá? Sem dúvida. Mas e as questões urbanas, numa cidade tão complexa como São Paulo, são possíveis de serem resolvidas? Esse talvez seja o grande problema.

Ainda não há detalhes sobre o novo estádio corintiano. O que se sabe é que ele estará em Itaquera, região que, tal qual o Morumbi, carece de melhores investimentos em infraestrutura de transportes. Até aí, nada de novo. Mas será que em três anos é possível sanar essas deficiências? Capacidade de realização pode até ser que se tenha, mas com qual nível de qualidade? Qual é o exemplo que a cidade “motor” do país quer deixar?

Mais além disso, a questão seguinte é especificamente para o Corinthians. Um estádio em Itaquera é o melhor para o clube? Sem dúvida que é melhor do que se pagar a conta de aluguel do Pacaembu. Mas e o torcedor que já está acostumado, desde sempre, a ter o estádio municipal como “casa” do Timão? Ele vai concordar em ter de se deslocar para outro lugar? O hábito de consumo está intimamente ligado à região em que o estádio se localiza.

O estudo de viabilidade de uma arena é fundamental antes de sua construção. Se o Engenhão, por exemplo, tivesse feito o seu, perceberia que seria impossível manter um estádio daquele tamanho numa região distante do centro da cidade.

Em 1990, os italianos de Turim, uma espécie de São Paulo italiana, celebrou a construção do Delle Alpi para a Copa do Mundo. Afastado do centro, moderno (para a época), para ser usado pela maior torcida da cidade (e da Itália), não tinha como dar errado! A Juventus, 20 anos depois, já aprovou a construção de um estádio numa região mais central, para diminuir o prejuízo que tinha com a instalação “distante e fria”, como o próprio clube a classificou.

Em 1996, os holandeses de Amsterdã viram com certo receio a construção da Amsterdam Arena, numa região afastada do centro. Hoje, 15 anos depois, o local onde está o estádio é um dos mais valorizados centros de negócios da Europa. A arena tem casa cheia a maior parte do tempo e os imóveis da região passaram a valer muito dinheiro.

O que diferencia um caso do outro?

O primeiro estádio foi feito pensando-se na Copa do Mundo, sem preocupação com o conforto do torcedor e, também, com a facilidade de acesso ao local. O segundo, foi criado pensando-se em revitalizar uma área degradada de Amsterdã e oferecer uma arena adequada às exigências cada vez maiores do consumidor. O futebol é o motivo de tudo, mas o estádio e seu entorno foram construídos pensando-se em 24 horas de utilização, durante 365 dias do ano. Além disso, o Delle Alpi é gerenciado pela Juventus, enquanto que a arena de Amsterdã é controlada por uma empresa cuja função é fazer o local ser lucrativo e movimentado o tempo inteiro.

Quem vai gerenciar a nova arena do Corinthians? Como será o acesso do torcedor a ela?

Essas são questões que ainda estão de pé. E são fundamentais para que, de novo, a política não fale mais alto do que o negócio. Do contrário, a cidade de São Paulo terá um lindo e novo estádio para a abertura da Copa do Mundo. E, depois disso, ele será uma tremenda dor de cabeça para o dono dessa arena.

O estádio não pode ser pensado para a Copa do Mundo, mas sim para o dia-a-dia. Felizmente, a arena corintiana não será pública. É uma conta a menos para a população pagar.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A História do Palmeiras Não Merecia Esse Vexame. E o Drama do Craque Ganso.

Não, não poderia ser este o presente ao Palmeiras logo na noite de seu aniversário, O quê? Festejar seus 96 anos de vida perdendo para o rabeira (agora ex- lanterna), por 3 a 0, em pleno Pacaembu. E ainda levar um baile do Atlético Goianense? Ah, com todo o respeito, é demais.



Que fique bem claro: o Atlético jogou melhor, Elias- autor dos três gols-, foi o melhor em campo e o Palmeiras só incomodou o adversário superior em duas oportunidades, ou melhor, em duas pérolas do centroavante Tadeu. Na primeira, em lance grotesco, Tadeu furou, na cara do gol; na segunda, fez ainda pior, deu a impressão de chutar a própria perna direita com a outra, a canhota, que não encontrou a bola. Meu Deus!



Não se credite apenas a Tadeu a derrota. Na verdade, à exceção de Tinga e de alguns lampejos de Valdívia- este, ainda fora de forma e de ritmo, longe do El Mago conhecido- o time inteiro foi envolvido pelo Atlético, inclusive o goleiro Marcos, que seguramente falhou no segundo gol. E no terceiro, talvez, pois não foi sequer na bola.



Ao Atlético Goianiense, os méritos. Ao Palmeiras, a vergonha.



E o que fazer, então? Bem, em primeiro lugar, os jogadores de hoje do Palmeiras deveriam pedir desculpas aos ídolos do passado, os que vieram desde os tempos de Palestra, passando por aqueles que formaram a Academia (acredite!) entre outros tantos títulos e façanhas.



Depois, passado esquecido, por que não sugerir duas soluções práticas?



1- Se possível, dentro da lei, como se fazia antigamente, multar a todos por deficiência técnica. Uma punição que, desta ou outra forma, aconteceria com um trabalhador normal.



2- A diretoria de futebol apurar, em reunião oficial, se anda correto o preparo físico, dada a lentidão demonstrada. Ah, é claro,saber também da incidência das contusões musculares.



O resto, creio, é saber que a luta neste Campeonato Brasileiro é para não cair. E Copa Sul- Americana, quem sabe, quando Valdívia, Kleber e Lincoln estiverem em forma...



Contratar agora? Do jeito que está, com o que sobrou no mercado, acho que nem adianta mais.





O DRAMA DO CRAQUE GANSO



Foi difícil de acreditar: o menino Paulo Henrique Ganso, um dos mais preciosos talentos do nosso futebol, será operado do joelho, ligamento cruzado, inclusive, e estará fora dos campos por até seis meses. O que mais revolta é que foi num lance bobo, quando Neymar sofreu o pênalti diante do Grêmio, não parecia que a situação era tão grave.



Logo ele, Ganso, que acaba de chegar à Seleção, o parceiro de Neymar nas glórias do Santos, dono de estilo que faz lembrar- lembrar, eu disse!- o estilo de Zidane. Bem, aqui, é só um capítulo do drama, o do lamento.



Só que, creio essas contusões da atualidade não devem ser creditadas apenas à falta de sorte ou ao Destino. Cabem algumas reflexões, desde os treinamentos modernos são os mais adequados ao futebol, pois não me lembro serem tão comuns em outras épocas tantas lesões musculares, no púbis, nos ligamentos dos joelhos.



Enfim, perguntar não ofende, ofende? É muito cômodo apenas lamentar casos- como, por exemplo, este drama de Ganso. Melhor é discutir o assunto para evitar outros acontecimentos tão tristes quanto este.



Força menino!

Ética versus Futebol

O assédio do São Paulo sobre os técnicos do Cruzeiro e Atlético-MG não é um ato de exclusividade do time do Morumbi ou vocês acham que apenas o tricolor faz isso? A todo instante, os clubes grandes, sem exceção, praticam a ação.

Nos bastidores tentam convencer jogadores e treinadores com boas propostas a trocarem de time, por exemplo. Se fosse diferente não teríamos transferências, óbvio.

A postura são-paulina ao procurar um novo técnico pode ser considerada na ótica da ética algo imoral mas no mundo futebolístico não é ilegal.

A não ser que a FIFA resolva criar uma legislação que proíba a saída de técnicos ou a troca deles durante a disputa de determinadas competições, tudo vai continuar da mesma forma. Uma utopia acreditar na mudança de cultura do esporte brasileiro onde ética e futebol caminham para lados opostos.

O ídolo é quem faz o esporte crescer?

A tese foi levantada ontem por Montanaro, ex-jogador de vôlei e atual dirigente do time do Sesi, durante a III Semana de Marketing Esportivo, que acontece na USP, em São Paulo, até a próxima quinta-feira. Monta defende a promoção dos atletas ao status de ídolos para que, com isso, os mais jovens se inspirem a praticar determinada modalidade esportiva.

Para ele, o melhor exemplo é do próprio vôlei, que desde os anos 80 passou a encontrar elementos para promover seus atletas e, consequentemente, a modalidade. Desde então, as gerações vão se renovando, assim como a idolatria pelos jogadores. Na palestra, Monta também lembrou do tênis, que deixou de aproveitar o boom da Era Guga.

Hoje, o mesmo tênis tem Thomaz Bellucci como grande expoente da modalidade. Está entre os 30 melhores do mundo, com solidez para ficar entre os top 20 ou top 10 por um bom tempo. Mas de nada adianta ter performance se a imagem do atleta não é bem trabalhada e, mais do que isso, se ele não tem carisma com o torcedor.

Foi o caso, por exemplo, de Rivaldo no futebol, esporte em que os ídolos são criados a todo instante pela imprensa. Com performance astronômica, mas sem tanto apelo com o público, Rivaldo sempre ficou à margem do sucesso comercial de um Ronaldo, um Ronaldinho, um Romário. O Santos, agora, tenta trabalhar a imagem de Neymar e Ganso para mantê-los no clube e, mais do que isso, formar uma nova geração de torcedores.

O esporte precisa detectar não apenas o talento para a prática do atleta. É preciso, também, saber trabalhar a imagem do esportista. Só assim o futuro das modalidades terá um sucesso maior.

Para que serve o COB?

No domingo, a “Folha de S. Paulo” publicou entrevista com o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman. Moral da história de cerca de 1 hora de conversa com a repórter Mariana Bastos. O presidente do COB não sabe para que serve a entidade...

Pelo menos é isso que dá para compreender da resposta de Nuzman quando questionado sobre a péssima formação de atletas do país. Diz o mandatário do COB:

“O COB não tem atletas, não forma atletas. Não somos os responsáveis pelos resultados das confederações. Eu não tenho como entrar em uma confederação e dizer o que tem que fazer”.

Sim, é verdade. Há 15 anos Nuzman deixou por cima a presidência da Confederação Brasileira de Vôlei para presidir o COB. Na bagagem, o ouro inédito no masculino, em 1992, e a transformação de uma modalidade ao longo de 20 anos de gestão.

Só que, ao dizer que não é de competência do COB formar atletas (e não é mesmo!), Nuzman deixa de lembrar que há um detalhe ainda mais importante. Hoje, o atleta ou modalidade que tenha interesse em receber verba para um projeto, tem de passar pelo COB.

Ao longo dessa década e meia de gestão de Nuzman, o COB se transformou no grande pedágio do esporte brasileiro. Toda verba destinada às ditas modalidades olímpicas para antes nas mãos do comitê para, então, ser realocada conforme os interesses da entidade.

Esse pedágio faz com que o comitê decida em quais condições uma modalidade possa crescer no país. Conforme o interesse do COB o esporte ganha mais ou menos dinheiro.

Do jeito que está estruturado o esporte no Brasil atualmente, o único responsável pelo desempenho dos atletas no país é o COB. Não é função do comitê revelar, formar e desenvolver esportistas. Mas ao tomar para si toda a verba do esporte, o COB é o único em condições de definir de que forma uma modalidade pode existir.

Não adianta Nuzman querer tirar o corpo. Se é ele quem decide de que forma as confederações recebem a verba para trabalhar, indiretamente é ele quem define a formação de atletas no país.

O COB, na prática, serve como tomador de decisão da formação de atletas no Brasil. Caso estivéssemos num mundo ideal, a função do comitê seria apenas regulamentar a disputa de modalidades esportivas e ajudar no fomento do esporte. Mas isso, sem dúvida, não renderia o mesmo tanto de dinheiro, e de poder, para o presidente do comitê...

sábado, 21 de agosto de 2010

Cenas E Personagens Do Futebol

1- O Majestoso

Assim se definiu este grande clássico paulista, Corinthians e São Paulo. Pelo falecido jornalista Thomas Mazzoni, italiano de nascimento e brasileiro por adoção. Isso, li, foi lá pelos anos 40. E agora, já em outro século, mas com rivalidade mais acentuada, eis que temos um tabu, pois que há 9 jogos o tricolor não sabe o que é vencer o Corinthians.

Apesar dos desfalques e dúvidas, espero um Pacaembu lotado. É pena que o Corinthians não possa contar com Ronaldo Fenômeno e nem com um jogador demasiadamente importante para seu esquema, Dentinho, que nem sempre é devidamente reconhecido. E o tricolor deixa na “geladeira” Dagoberto, que está em baixa no Morumbi e não quer se transferir para a Ucrânia. Além disso, Fernandão sente dores musculares. Pode ser que jogue, pode ser que não.

De qualquer maneira, é o Majestoso.

2- Vasco e Fluminense

Que clássico! E clássico para casa cheia, pois os ingressos já estão se esgotando. De um lado o Flu, líder do Campeonato, dirigido por Muricy Ramalho e que talvez até tenha a estreia de Deco, sua mais recente grande contratação. Do outro, o Vasco, revigorado pelas contratações de Felipe, Éder Luís, Zé Roberto e pela grande fase de seu atual técnico Paulo César Gusmão. Este, ainda não foi derrotado no Campeonato, tanto dirigindo o Vasco como no papel de comandante do Ceará, clube que deixou invicto.

3- Santos e Atlético Mineiro

Outra grande partida, na Vila, com os torcedores provavelmente gritando ainda mais o nome de Neymar, o menino-craque, o talento de 18 anos que recusou os milhões de euros do Chelsea para ficar na Vila Belmiro em troca de sugestivo aumento de salário e plano de carreira.

Mas não será jogo fácil, creio. Nem um pouquinho. O Atlético Mineiro tem um belo elenco, um técnico competente (Luxemburgo) e tem tudo para fazer um grande clássico.

Que rodada, hein?

4- A convocação de Mano Menezes

Talvez eu esteja errado, ninguém é a voz da verdade, mas convocar jogadores e desfalcar seus clubes quando não se tem competição importante e sequer amistoso é estranho, não?

Os clubes brasileiros agradecem: só foram convocados jogadores que atuam no exterior para os treinos, só treinos, que ocorrerão em Barcelona, na primeira semana de setembro. Da lista de Mano Menezes, destaco as chances, merecidas, para Henrique (aquele que já jogou pelo Palmeiras e que o Barcelona se dá ao luxo de não aproveitar), para Sandro - um dos heróis do Inter campeão da Libertadores - e para Philippe Coutinho, ex-Vasco, agora na Inter de Milão.

É uma fase de observação, está na cara. Os clubes que se virem.

Neymar, Bellucci e a profissionalização do atleta

Neymar ficará no Santos. Pelo menos por enquanto. O esforço de marketing que o clube fará para contar com o atleta é interessante. Visto como um grande passo por muitos, ainda tenho alguns pontos de interrogação sobre a sustentabilidade do projeto.

Os detalhes não foram todos revelados, mas parece que Neymar, além de receber um alto salário, terá uma linha de produtos vinculada a sua imagem e, ainda, uma propriedade no uniforme santista para negociar. Um plano legal, meio básico para vincular a imagem de um atleta a um clube, sem grandes novidades.

Mas será que Neymar está preparado para colocar em prática essas ideias?

Esse talvez seja o grande confrontamento que o esporte como negócio no Brasil tenha de vivenciar nos próximos anos. A aproximação dos grandes eventos esportivos faz com que as empresas decidam injetar mais dinheiro no esporte e isso, consequentemente, faz com que os atletas tenham potencialmente mais receita do que antes.

Só que, para justificar o investimento de uma grande empresa na imagem de um atleta, é preciso que ele entenda a importância de trabalhar ao lado de seu patrocinador. Daí o questionamento ao futuro do projeto com Neymar.

Ninguém em seu staff está preparado para isso. Recentemente, em evento da Gillette, o atacante do Santos disse que não tinha pelos para se barbear. Seu colega de time, Ganso, disse que não estava acostumado a usar o aparelho, afirmando que utilizava apenas o aparato elétrico, que não é produzido pela marca.

Mostra do caráter puro de ambos, mas que demonstra também uma absoluta falta de preparo para se comportar num evento comercial, algo que será cada vez mais corriqueiro para ambos.

E, ampliando a discussão, percebe-se que o problema é bem mais embaixo. Não há atleta hoje, entre as jovens promessas do esporte brasileiro, apto a aguentar o tranco de conciliar os compromissos profissionais com a vida de esportista.

Thomaz Bellucci, o maior nome do tênis desde Gustavo Kuerten, deu a prova disso ao simplesmente abandonar o uniforme da Topper e vestir Adidas na partida que custou sua participação dentro do Masters 1000 de Cincinnati. Agora, corre o risco de ser processado pelo antigo parceiro comercial.

Neymar continuar pelos gramados brasileiros é um bom sinal para o esporte no país. Só que, para isso, é preciso que os atletas amadureçam. Os exemplos recentes mostram que há um longo caminho para ser trilhado pelos marqueteiros na gestão da imagem dos atletas. Frutos do crescimento do esporte como negócio no Brasil.

sábado, 14 de agosto de 2010

Felipão Ameaça, Neymar se Irrita e o Fenômeno é Ironizado.

Este é o Felipão que se conhece: não aceita mais derrotas sem luta, ameaça mudar quatro ou cinco jogadores e avisa que, de agora em diante, quem não mostrar o “sangue verde” (como ele definiu), está fora do grupo. Pinçando algumas frases de sua entrevista coletiva, algumas me chamam a atenção:



“Não vim para o Brasil, depois de 8 anos, para passar vergonha”



“Estou de saco cheio de perder. E de saco cheio também comigo mesmo”.



E houve outras, que vão de encontro ao que deseja a torcida do Palmeiras. Ou melhor, o que deseja, em parte, a torcida do Palmeiras, pois ela também quer um futebol mais ofensivo, mais criativo. Sem raça, não dá. Mas só com raça, também não.



Resta saber se mesmo antes da volta de jogadores importantes- Lincoln e Kleber- e da estréia de Valdívia, o ataque terá condições de realizar o desejo de Felipão e da torcida. Pois, convenhamos, com o que vem jogando Ewerton e com o que mostraram Tadeu e Max, o risco do goleiro inimigo em não fazer nenhuma defesa é grande.



A conferir neste sábado, no Pacaembu, no duelo com o Atlético Paranaense.



A propósito, uma observação e também uma pergunta: a observação é que considero injustas as primeiras críticas feitas a Luan, que não tem nem uma semana de Palmeiras, e que pelo menos tentou dribles e chutes quando entrou.



E a pergunta: não teria sido mais útil o Palmeiras reunir investidores para contratar um centroavante de ofício, ao invés de ficar sonhando com Ronaldinho Gaúcho? Já que é para investir...



(Viatri, do Boca Juniors, foi procurado. Preço: 9 milhões de dólares)





NEYMAR PERDEU A PACIÊNCIA



Leio que, em entrevista concedida em Santos, Neymar perdeu a paciência com os repórteres que perguntavam se ia mesmo ficar no Santos, se já tinha um acerto com o Chelsea: “Você é surdo?”- retrucou Neymar; eu já disse que o Neymar é do Santos, o Neymar é do Santos, Neymar é do Santos “- completou, citando-se na terceira pessoa. Só que, na mesma entrevista, respondeu que “quanto ao futuro não pode responder, pois o futuro a Deus pertence”.



Curioso, Wesley, embora sem irritação, deu a mesma resposta quando, após a derrota para o Avaí, lhe perguntaram sobre sua saída do Santos. E eis que, horas depois, ele não só foi tirado do time que enfrenta o Vitória, no Barradão, como está mais para o futebol europeu (o alemão Werder Bremen, o grande candidato, mas sem desprezar o Benfica que está com o bolso cheio depois de vender Ramires para o Chelsea) do que para continuar na Vila Belmiro.



É, pelo jeito, o Santos terá de lutar muito contra o desmanche.





ATÉ QUANDO, FENÔMENO ?



Ronaldo foi mais uma vez vetado para voltar ao time. Desta vez, pelo técnico Adílson Batista. Nós, que reverenciamos o Fenômeno, já estamos acostumados com a longa novela de ele voltar ou não à forma. Lá fora, porém, ao verem a foto de Ronaldo em seu último treino no Corinthians, alguns jornais- entre eles o argentino Olé- ironizaram a atual silhueta do maior artilheiro das Copas do Mundo.



Disseram até que, para estar acima do peso desse jeito, ele deve ter “comido os gols”.

Maior torcida?

O Lance! divulga nesta semana os resultados de mais uma pesquisa feita com o Ibope. O levantamento, desde 1998, tem como objetivo mapear a relação do torcedor com os clubes. Quase sempre, o debate sobre o levantamento fica em torno de quem tem a maior torcida do país.

Mas será que a questão é ser o dono da maior torcida ou ter a torcida que mais consome? Vale lembrar que essa pesquisa é quantitativa. Ou seja, não mede a qualidade, mas sim a quantidade. Logo, o levantamento serve para saber quem tem o maior número de torcedor, sem se aprofundar um pouco mais sobre o comportamento dele em relação ao clube.

Para um veículo de mídia que só fala de esporte, saber como se divide o torcedor pelo país não vale apenas para fazer matérias, mas é também uma informação estratégica para eventuais lançamentos editoriais nos próximos anos.

Para os clubes, porém, saber quem é o dono da maior torcida não basta. É preciso aprofundar-se e conhecer, de fato, quem é o seu torcedor. Enquanto não se tem uma noção de quantas pessoas consomem a marca de um time, não se saberá qual é o potencial de negócios dele.

É esse o motivo pelo qual o futebol continua a vender apenas o espaço na camisa, em vez de projetos consistentes de marketing. Enquanto o clube conseguir apenas ver quem é que tem maior torcida, o atrativo que ele pode oferecer a um patrocinador se resumirá a quantas vezes ele aparece na mídia.

A pesquisa do Lance! é muito boa para saber um pouco mais sobre o perfil dos torcedores no país. Mas é muito pouco para quem quer oferecer um real projeto de marketing esportivo para um potencial patrocinador. Infelizmente, mais uma vez, os clubes vão se ater a esses números em vez de procurar conhecer melhor o seu torcedor.

E esse cenário só vai mudar quando as empresas exigirem mais do que a exposição de marca na camisa na hora de investir no futebol.

O que há de diferente no rodeio de Barretos

No próximo dia 19 começa o famoso rodeio internacional de touros na cidade de Barretos, interior de São Paulo. A despeito da discussão sobre a esportividade ou não de uma competição de rodeio, o que mais me chama a atenção no rodeio de Barretos é a organização do evento. Mais do que qualquer outra coisa, é curioso observar o conceito que está envolvido na concepção do rodeio e que pode ser transferido para a atividade esportiva que quisermos.

A competição esportiva em Barretos acontece durante os 11 dias de evento. Mas, paralelamente a ela, uma série de minieventos, envolvendo não apenas o esporte. Até mesmo a cantora Mariah Carey foi contratada para dar um show!

O resultado desse esforço de fazer um evento que vai muito além da competição esportiva é o que faz Barretos ser tão diferente. A partir do momento em que os organizadores transformam o rodeio no menor dos motivos para o torcedor comparecer ao evento, a chance de ele ser um sucesso é ainda maior. Afinal, ao criar um megaevento na cidade, Barretos atrai não apenas os fãs do esporte, mas cria uma situação que agrade uma família inteira.

No Brasil, o evento relacionado ao esporte teima em manter como único atrativo ao consumidor a disputa. Ela é a coisa mais valiosa que existe, sem dúvida. Mas, se não oferecer chance de relacionamento com outros tipos de público, a chance de se obter sucesso com isso é menor. Hoje, Barretos consegue, nos 11 dias de rodeio, um faturamento maior do que em qualquer outra data no ano. E a competição touro-peão é apenas um dos motivos para isso...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Deola Livrou o Palmeiras de uma Goleada, Meu Deus!

Como disse Felipão após o jogo, quando anunciava que vai mudar o time e vários jogadores: “Pior não pode ficar”. Ah, e não pode mesmo, pois o Palmeiras foi um horror em sua derrota para o Vitória, no Barradão, por 2 a 0, nesta noite de quarta-feira em que deve ter mexido até com os bustos dos jogadores no Parque Antártica.



Pela tevê, não deu para ver direito, mas estou com a sensação de o uniforme do goleiro Lee, do Vitória, nem precisa passar pela ação da lavadeira- deve estar limpinho, talvez até engomado, pois não me lembro de ele ter tido trabalho em algum momento. Teve?



Na verdade, logo na estréia de seu novo técnico, Toninho Cecílio, o Vitória foi superior ao Palmeiras. E mesmo sem ser brilhante, mas tendo em Ramón um mestre das bolas paradas, já obrigara o goleiro do Palmeiras, Deola, a fazer boas defesas. E por um motivo básico: atacava, buscava o gol, enquanto o Palmeiras- na contramão do que a Seleção Brasileira apresentou na noite anterior- se defendia com 4 (quatro!) e aí a culpa de Felipão, pois como pretender que Ewerton e Tadeu, que já são normalmente péssimos, levassem algum perigo ao gol inimigo. Sem ser municiado, então, o que esperar dessa suposta dupla de área.



Bem, antes de entrar em outros detalhes, alguns talvez até mais dolorosos, o resumo do jogo foi esse. E um gol de Ramón, de falta. e outro de Max- contra- o Vitória está muito próximo de eliminar o Palmeiras da Copa Sul- Americana. Afinal, Kleber está suspenso, Valdívia nem foi inscrito na competição, Lincoln continua machucado.



E com que roupa vai o Palmeiras ao baile? Quem sabe...



Afinal, o futebol costuma pregar peças e os palestrinos, creio, ainda têm San Gennaro como esperança. Quem sabe?





OS DETALHES QUE PODEM DOER MAIS



1- Sinto muito, guerreiro Pierre, mas você tem sido um perigo contra o gol do Palmeiras. Não sei se pelas lesões sofridas, não sei se por algum tipo de desgaste, o volante que antes rouba a boa com naturalidade transformou-se em especialista em fazer faltas. E algumas bem perto da área. E cujas cobranças balançam as redes.



2- Armero, que joga na Seleção da Colômbia, não acerta um cruzamento, um chute. E ainda, afobado, também comete muitas faltas. É o típico caso do jogador que involuiu.



3- Ewerthon, que até faz um golzinho ou outro, por ironia até de bela feitura, foi um erro de contratação. Assim como Tadeu, talvez até pior do que o parceiro. Sem falar em Max, é claro, o Palmeiras não tem nenhum centroavante.



4- Felipão, com todo o respeito a seu passado de glórias (e eu acho que ele ainda vai acertar a mão), dá a impressão, a cada jogo, que precisa se readaptar ao futebol brasileiro. Inclusive na parte tática, pois a que vem usando está fora de moda- por aqui e no mundo.



E até na escalação vem sendo nada feliz. Qual o motivo de Tinga não começar jogando?



E com isso, o Palmeiras perde prestígio, perde dinheiro (em especial, se for eliminado da Copa Sul-Americana e ficar se debatendo no Brasileirão) deslustrando os esforços da gestão Beluzzo. E talvez até desanimando investidores.



Como disse Felipão: “pior não pode ficar”





O HERÓICO INTER



Com o Colorado, hoje em dia, não tem conversa; foi no gramado sintético de Guadalara, foi saindo perdendo do Chivas (cabeçada suave de Bautista que encobriu o goleiro Renan, que falhou mais uma vez, foi com tudo contra. E daí? Lá se foi o Inter a superar tudo, a virar o jogo, com o gol de empate de Giuliano e da vitória saindo numa tabelinha aérea de seus dois zagueiros, Índio e Bolívar. Cabendo a Bolívar as honras do gol.



Dono de elenco extremamente qualificado e de uma torcida apaixonada e que lhe dá mais de cem mil sócios torcedores, está quase com as duas mãos na Taça Libertadores. Creio que agora é só garantir em casa a façanha e já pensar no Mundial.



Grande Inter!

Nizan, Ronaldo e a vez dos grandes do marketing

O mercado de marketing esportivo, finalmente, se agita por conta da realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos no Brasil nesta década. O publicitário Nizan Guanaes tornou-se sócio majoritário da Reunion. O atacante Ronaldo se associou ao grupo WPP para montar uma agência de marketing esportivo. O grupo frances Havas mapeia o mercado em busca de uma boa oportunidade de aquisição de uma agência para começar a atuar na área. A Octagon volta ao país, agora cuidando da conta de ativação do patrocínio da Ab-Inbev no futebol.

Mais detalhes estão em reportagem na Máquina do Esporte (confira clicando aqui). Mas o certo é que esse movimento era algo até certo ponto esperado (e um pouco tardio) por conta de o Brasil ter se tornado o foco do investimento no esporte pelos próximos seis anos, pelo menos.

Só que, num primeiro momento, os megaeventos farão também com que essas empresas busquem megaprojetos no país. Viveremos, pela próxima década, uma era de grandes ideias e muito dinheiro sendo investido no esporte. Esse mercado estará aberto apenas para esses gigantes. Se, até hoje, microempresas e algumas outras de médio porte dominaram os negócios no esporte brasileiro, agora chegou a vez de os grandes movimentarem ainda mais dinheiro.

A boa notícia é essa: a bola do marketing esportivo nunca esteve tão cheia. A má é que, a partir de 2017, ela vai murchar até encontrar seu ponto de equilíbrio, quando os grandes não serão tão grandes e os pequenos terão sido absorvidos.

NBA em Londres é a síntese do esporte como negócio

A NBA anunciou recentemente que fará duas partidas de sua temporada regular na cidade de Londres, Inglaterra. É a primeira incursão fora dos EUA do maior campeonato de basquete do mundo sem ser em jogos amistosos. E é também a prova de como o americano sabe que, para que haja um grande evento esportivo, é preciso criar condições diferentes a seu público.

A realização dos jogos da NBA na Inglaterra é uma alternativa da liga para duas situações que estão no horizonte recente da competição.

Depois de fazer alguns jogos de pré-temporada na Inglaterra e ver as vendas de ingresso se esgotarem com quase seis meses de antecedência, a NBA percebeu que precisava não só sair dos EUA por meio da transmissão da temporada pela televisão. Nos últimos anos, com a crise financeira apertando o bolso do consumidor americano, os ginásios do basquete, quarto esporte na preferência da população, começaram a ter dificuldades para lotar. Já o torcedor inglês, carente de bons jogos de basquete, esgotou os bilhetes ansiosos pela grande liga em seu país.

Além da questão econômica, outro aspecto muito relevante e que explica a "fuga" da NBA para a Inglaterra é a operação comercial da liga com a Adidas. A partir desta próxima temporada, a fabricante alemã assumirá toda a operação de licenciamento de artigos de confecção da NBA para a Europa. Depois do sucesso desse tipo de operação na China, empresa e esporte decidiram reproduzir o modelo na Europa (a América do Sul está nos planos para os próximos anos). A ida para Londres significa, também, a ampliação dos negócios da liga em continente europeu.

Até hoje, apenas o americano entendeu que seu principal campeonato esportivo, independentemente de qual modalidade, não pode ficar restrito a seu país. Ele precisa cruzar fronteiras que vão além da transmissão internacional. A ida da NBA para Londres sintetiza esse pensamento. Quanto mais famosa a liga for no mercado europeu, maior serão as chances de os clubes da NBA se destacarem dos outros e maior a vantagem competitiva para que eles formem grandes times, com grandes atletas.

O esporte precisa entender que, tal qual no restante da economia, seu artigo também é para exportação. Ao longo do tempo nos acostumamos a ver empresas multinacionais. O futuro do esporte como negócio vai criar também a onda de matrizes e filiais no que diz respeito às instituições esportivas. E os americanos, para variar, já saíram na frente.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Polêmica e Correria no Empate entre Palmeiras e Corinthians

Para começar, esperava-se um Pacaembu lotado. Não aconteceu, eram muitos os lugares vazios. Depois, em campo, Corinthians e Palmeiras tentavam relembrar os velhos temos, com correria e disposição incomuns, alternando jogadas de boa técnica (mais raras) com as outras, mais freqüentes, de não admitir a derrota. Aí, sim, foi típica partida de Palmeiras e Corinthians, de rivalidade quase secular.



Antes de entrar nos lances polêmicos, vamos ao jogo em si. No começo, dirigido pelo técnico Adílson Batista- que fazia sua estréia- a equipe corintiana foi melhor, atacando mais e dono de maior autoconfiança, tanto que, em poucos minutos, cobrou quatro ou cinco escanteios (através de Bruno César) contra o Palmeiras. Não estava funcionando a armação palestrina, com Edinho e Pierre jogando juntos, o que significa, mais ou menos, atuarem clones, Pierre e Pierre, Edinho e Edinho.



Curiosamente, quando o Corinthians fez o gol- Jorge Henrique, em posição irregular-, depois de um rápido e mortal contra- ataque, quem se destravou, cresceu e ganhou coragem foi o Palmeiras. Em especial, graças a Kleber, o Gladiador, que jogava por ele, por Ewerton, pelo ataque inteiro. Um verdadeiro Gladiador!



Aproveitando o domínio, o Palmeiras marcou o seu gol de empate- a cabeçada foi de Kleber, o rebote do goleiro Júlio César e o estufar as redes teve a autoria de Edinho.



E no segundo tempo, em jogo cada vez mais corrido, Palmeiras e Corinthians disputaram partida equilibrada, sendo um pouco melhor a equipe palestrina, com a subida de produção de Márcio Araujo, Edinho e Vítor- este disputara um sofrível primeiro tempo.



No Corinthians, já se viu que Dentinho faz falta. Com sua ausência, Jorge Henrique teve de se desdobrar pelo ataque inteiro e quando Adílson trocou Bruno César por Defederico já se sabia que não iria acontecer mais nada de grandioso para o agora vice-líder do Campeonato.



Mas- até pelas polêmicas- das quais falo a seguir-, foi um jogo que prendeu a atenção o tempo inteiro.





AS POLÊMICAS



Houve várias neste clássico, que teve como árbitro Paulo César de Oliveira. E não foram lances fáceis, reconheço. Tanto que tive de recorrer ao tira-teima da Globo, para ter certeza (ou quase) sobre as principais dúvidas;



1- Foi irregular o gol do Corinthians: Jorge Henrique estava um passo na frente do últi zagueiro do Palmeiras, quando mandou a bola para o fundo as redes, depois de cruzamento de Bruno César.



2- Ewerthon estava em posição de impedimento nos três gols anulados do Palmeiras (dois marcados por ele e o outro por Lincoln), o que deu muita chiadeira. Mas, neste caso, a arbitragem estava correta.



3- Houve pênalti de Jucilei sobre Ewerton, naquele agarra- agarra- dentro da área, no primeiro tempo. A visão do árbitro poderia estar até encoberta por muitos jogadores à sua frente, mas bandeirinha está lá para isso.



4- Não ficou caracterizada a mão de Armero, em lance que os corintianos reclamaram pênalti, no começo do jogo.





Bem, assim foi. E assim o amigo tire a sua conclusão. E, é claro, dê a sua opinião.





O SANTOS E OS OUTROS CLÁSSICOS

Ainda falando da rodada, já que do São Paulo falei neste sábado, encontro o Santos. Quando entra, de novo, em fase boa, é assim mesmo: todo remendado, guardando os principais titulares para a decisão da Copa do Brasil, eis que o Santos venceu o Grêmio Prudente, em Presidente Prudente por 2 a1, e é duro ganhar ali. Mais duro ainda quando, nos últimos minutos, o Santos teve dois pênaltis contra ele: um, o goleiro santista defendeu; o outro, o atacante do Grêmio chutou no travessão. É incrível, pois não?



Quanto aos clássicos que rolaram pelo Brasil, dos três, só houve um vencedor: o Cruzeiro, 1 a 0 sobre o Atlético, mesmo jogando em Sete Lagoas com toda a massa atleticana torcendo contra. É a fase, só que essa ao contrário do que vive o Santos é de doer.



Em Porto Alegre, mesmo que com poucos titulares, o Inter ganhou um ponto diante de um Grêmio desesperado pela situação na tabela e que teve até mais chances de marcar. Zero a zero.



Como em zero a zero também terminaram Vasco e Flamengo, no clássico do Rio. No geral foi um jogo morno, mas a se destacar a seqüência impressionante do goleiro vascaíno. Fernando Prass defendo três bolas seguidas, cara a cara, numa cena que faz lembrar a série de Rodolfo Rodriguez, em 1984, pelo Santos.

O Adeus de Hernanes. E a Conversa com Belluzzo.

Hernanes está ido para a Lazio. Seu adeus ao São Paulo acontecerá quando terminar a participação do tricolor na Libertadores da América. Trata-se de mais um talento que o futebol brasileiro perde - e sabe-se lá quantos outros sairão até o final da janela européia, no fim de agosto -, o que nos deixa mais pobres no exercício de oferecer espetáculo.

Percebo que a saída de Hernanes, que recheará os bolsos com o dinheiro dos italianos, ah, percebo que essa negociação nem está sendo tão lamentada quanto deveria. É uma questão de hábito, tantos são os valores que já deixaram nossos clubes para os mais variados mercados do mundo. Mercados, onde, muitas vezes, se valorizam ao extremo: por exemplo, Ramires, que saiu do Cruzeiro por quantia não muito alta, está prestes a trocar o Benfica pelo Chelsea, por verdadeira fortuna.

Particularmente, gosto muito do futebol e da postura de Hernanes. Volante de técnica refinada, capaz de arrematar bem com a perna direita e também com a esquerda, deveria ter feito parte da Seleção que foi à Africa do Sul. Ele joga muito mais do que Felipe Melo. E quanto à sua postura, sempre o vi comedido, nunca fora do eixo ou criando problemas.

Boa sorte, Hernanes!

A CONVERSA COM BELLUZZO


Bem, ela começou durante o programa No Pique, da CNT, do qual o presidente do Palmeiras foi o convidado especial. E continuou em uma cantina, num agradável jantar, com toda a equipe presente. E, como informação, o que houve de mais importante?

Num breve resumo, Belluzzo descartou qualquer possibilidade de ser desfeita a negociação com Valdívia ou que investidores estejam pulando fora do negócio. De um deles, Beluzzo disse que “tem até contrato assinado” (referindo-se ao empresário Osório Furlan, que teria comprado uma parte dos direitos de Valdívia), mostrando-se, digamos, chateado com as críticas feitas por companheiros da própria situação sobre o que foi gasto com a vinda do Mago.

Gosto de seu arrojo e concordo quando ele diz que investimentos como os que foram feitos com Felipão, Kleber e Valdívia podem gerar ações de marketing e resgatar a identificação e o gosto do palmeirense em freqüentar os estádios. E Belluzzo, embora com muita cautela, espera conseguir mais reforços para o time, embora, agora, sem gastar nada.

Discutiu-se muito a necessidade de um atacante, goleador. Foram citados vários nomes.

E não me surpreenderia se esse artilheiro vier da Argentina.