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sábado, 21 de agosto de 2010

Neymar, Bellucci e a profissionalização do atleta

Neymar ficará no Santos. Pelo menos por enquanto. O esforço de marketing que o clube fará para contar com o atleta é interessante. Visto como um grande passo por muitos, ainda tenho alguns pontos de interrogação sobre a sustentabilidade do projeto.

Os detalhes não foram todos revelados, mas parece que Neymar, além de receber um alto salário, terá uma linha de produtos vinculada a sua imagem e, ainda, uma propriedade no uniforme santista para negociar. Um plano legal, meio básico para vincular a imagem de um atleta a um clube, sem grandes novidades.

Mas será que Neymar está preparado para colocar em prática essas ideias?

Esse talvez seja o grande confrontamento que o esporte como negócio no Brasil tenha de vivenciar nos próximos anos. A aproximação dos grandes eventos esportivos faz com que as empresas decidam injetar mais dinheiro no esporte e isso, consequentemente, faz com que os atletas tenham potencialmente mais receita do que antes.

Só que, para justificar o investimento de uma grande empresa na imagem de um atleta, é preciso que ele entenda a importância de trabalhar ao lado de seu patrocinador. Daí o questionamento ao futuro do projeto com Neymar.

Ninguém em seu staff está preparado para isso. Recentemente, em evento da Gillette, o atacante do Santos disse que não tinha pelos para se barbear. Seu colega de time, Ganso, disse que não estava acostumado a usar o aparelho, afirmando que utilizava apenas o aparato elétrico, que não é produzido pela marca.

Mostra do caráter puro de ambos, mas que demonstra também uma absoluta falta de preparo para se comportar num evento comercial, algo que será cada vez mais corriqueiro para ambos.

E, ampliando a discussão, percebe-se que o problema é bem mais embaixo. Não há atleta hoje, entre as jovens promessas do esporte brasileiro, apto a aguentar o tranco de conciliar os compromissos profissionais com a vida de esportista.

Thomaz Bellucci, o maior nome do tênis desde Gustavo Kuerten, deu a prova disso ao simplesmente abandonar o uniforme da Topper e vestir Adidas na partida que custou sua participação dentro do Masters 1000 de Cincinnati. Agora, corre o risco de ser processado pelo antigo parceiro comercial.

Neymar continuar pelos gramados brasileiros é um bom sinal para o esporte no país. Só que, para isso, é preciso que os atletas amadureçam. Os exemplos recentes mostram que há um longo caminho para ser trilhado pelos marqueteiros na gestão da imagem dos atletas. Frutos do crescimento do esporte como negócio no Brasil.

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