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segunda-feira, 16 de maio de 2011

O Grêmio Itinerante e a gestão esportiva no Brasil

Era Barueri, virou Prudente e agora volta a ser Barueri. A saga do Grêmio que está mais para Itinerante do que para Barueri ou Prudente revela também a essência do que acontece com a gestão esportiva no Brasil. A troca constante de cidade é muito mais uma decisão política do que técnica/comercial. Ela é feita tendo como base favores e interesses de políticos do que o entendimento da gestão de um clube como negócio.

A ideia de migrar um clube de uma cidade para outra parte do modelo americano de olhar o esporte. Até hoje o americano não consegue ver um clube como algo que existe apenas por paixão, mas sim como um negócio que, quando bem administrado, pode gerar lucros milionários. Sendo assim, o dono de um time nos EUA escolhe muitas vezes mudar de região para fazer com que o clube gere lucro para ele. É uma decisão meramente técnica, como modelo de negócio.

O melhor exemplo disso talvez seja o Los Angeles Lakers, um dos mais tradicionais times da NBA, a liga de basquete dos EUA. O nome “Lakers” remonta ao período inicial do time, nos anos 50, quando ele era conhecido como The Lakers, da cidade de Minneapolis, no estado do Minesota. Conhecida como “Região dos 10 mil lagos”, em vez de ganhar o nome da cidade o time ganhou o nome de Lakers, que quer dizer lagos.

Nos anos 60, os donos do time decidiram mudar de cidade. Após um estudo de viabilidade econômica do negócio, transferiram os Lakers para Los Angeles. A história do time atualmente explica o sucesso dessa operação, com o time sendo um dos maiores campeões da NBA e uma das melhores médias de público no ginásios exatamente por conta da carência que a cidade de Los Angeles tinha de uma equipe de basquete.

Não é o caso, porém, do Barueri/Prudente/Itinerante. As mudanças de sede, até agora, foram feitas baseando-se no interesse político de promover uma região. Sem formar vínculos com a cidade em que está localizado, o time não consegue atrair dinheiro. Com isso, o negócio torna-se nômade, já que a única forma de assegurar a existência do clube é tratando de conseguir regalias da esfera pública para que o dinheiro cubra as despesas.

Caso o interesse do time fosse o de dar lucro para os seus donos, sem dúvida que ele apostaria em fixar a sede numa cidade e criar um programa de envolvimento com os moradores locais. Mas, do jeito que está hoje, o negócio não vai para a frente.

É, mal comparando, o que muitas vezes acontece com o vôlei. Em vez de buscar o engajamento da cidade para um clube prosperar, seus executivos correm atrás de um único patrocinador que pague todas as contas. Uma hora esse patrocinador percebe que o custo é muito elevado para um retorno menor do que o esperado, e tira o dinheiro. O clube, sem ter criado qualquer história com a cidade, tem de fechar as portas.

Já passou da hora de o esporte no Brasil olhar para o mercado americano. Enquanto isso, convivemos com os Grêmios Itinerantes da vida.

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