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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Allez, Guga!

O que tem mais para se falar de Guga? Estava pensando exatamente isso na noite de sábado, enquanto tentava conter as lágrimas dentro da garganta vendo o choro do maior fenômeno que o tênis brasileiro produziu e, muito provavelmente, produzirá na sua história.

Nessa hora que pensei no “Allez, Guga”, que os torcedores franceses souberam entoar durante os cinco maravilhosos anos em que ele foi o Rei de Roland Garros. Guga era o cara que, entre 97 e 2002, queríamos ver, saber o que ele fazia, consumir o que ele consumia, seguir seu estilo de vida.

Guga foi o que falta, e muito, para o esporte brasileiro. Um ídolo carismático, simpático, alegre, vencedor. Um cara que nos dá orgulho de ter nascido no mesmo país dele, que nos motiva a sonhar mais alto, a querer ser melhor, a ser tão competente quanto ele.

Ídolo que hoje é uma palavra tão ausente do cotidiano do nosso esporte. De jogadores que se deixam levar rapidamente pelo grande dinheiro que circula em outros países, que não tentam entender a importância de se criar um vínculo com suas origens, que são massacrados pela vontade de lucrar de clubes, empresários, família, dirigentes, etc.

Não só no futebol, mas também em outros esportes com menor volume de dinheiro gerado, vemos uma crescente fuga de potenciais ídolos. E isso é extremamente prejudicial para que a gente consiga desenvolver ainda mais o esporte no país.

Guga consegue, ainda hoje, deixar o torcedor próximo do tênis. Para um esporte carente de ídolos, seu trabalho é fundamental para ajudar no crescimento da modalidade. A mesma lógica vale para outros esportes, que só conseguem atrair a força da mídia quando há um vencedor como foi Guga.

Mas até mesmo o tão massacrado futebol brasileiro precisa abrir o olho. Sim, ele não precisa do ídolo para manter a chama do torcedor acesa, a força da paixão pelo clube garante que tenhamos uma conexão imediata da pessoa com o time. Mas a ausência do ídolo, no longo prazo, é extremamente prejudicial para o interesse do torcedor pelo clube. Sem ter para quem torcer ou, pior, tendo para quem torcer apenas fora do país, ele se distancia daquela que deveria ser a sua grande paixão.

Que tenhamos mais Gugas no esporte de hoje. Não será só o tênis quem vai agradecer.

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