Foi uma noite longe de ser calma. Será assim, de agora em diante, com o returno iniciado e os sonhos (da Libertadores, do título) e os medos (do rebaixamento) aflorando e tendo contornos mais claros?
Foi assim, nesta quinta-feira, no Pacaembu e em São Januário. No Pacaembu, o sempre comedido técnico Dorival Júnior. Lamentou que a “arbitragem não foi feliz”, além, é claro, de reafirmar a falta que Ganso faz e de defender, mais uma vez, o inoperante Keirrison, artilheiro que esqueceu o caminho das redes.
Gosto de Dorival. Mas ele não teve razão: o Botafogo ganhou por 1 a 0, em conclusão genial de “El Loco” Abreu, no finzinho da partida. Com isso, embora não tenha sido superior ao Santos (melhorou quando entrou o veloz Caio no ataque), o Bota deu um salto enorme na tabela, igualando-se ao poderoso Cruzeiro por pontos ganhos, vencendo, ainda, no critério de desempate. É, pois, o terceiro colocado no Campeonato.
Em São Januário, houve uma cena digna de ópera-bufa: o técnico do Vasco, Paulo César Gusmão, por sinal o único técnico invicto no Campeonato, deu a impressão de que iria entrar em campo e ser o protagonista de truculência inédita. Seus gestos eram frenéticos, sua fisionomia impressionava.
Ainda bem que foi só uma cena. Gusmão acabou expulso e, já de cabeça fria, na entrevista coletiva, amenizava tudo, dizendo que “não vou comentar arbitragem. Estou é pensando, já, no jogo contra o Palmeiras”.
Na verdade, o invicto Gusmão não teve nenhuma razão em sua revolta. Em campo, em partida na qual foi superior no primeiro tempo e retranqueiro no segundo, o seu Vasco empatara com o Atlético Mineiro em 1 a 1. Foi belo o gol de Éder Luís para o Vasco, legítimo o gol de Ricardinho para o Atlético, ao converter o pênalti (que existiu) de Nilton em Daniel Carvalho.
Reclamar do quê. Bem, nada comparável à cena de crise no líder Flu, onde o médico, Michel Simoni, pediu demissão do cargo, sentindo-se traído pelo artilheiro Fred- que o acusou, em entrevista, de o ter liberado para os treinos antes de estar totalmente recuperado.
Nada disso é inédito no futebol. E como se diz, vida-que-segue...
A INCRÍVEL DANÇA DOS TÉCNICOS E INTRIGAS DO FUTEBOL
Pode parecer uma brincadeira. Mas não é: indignada com o empate diante do Palmeiras (a que ponto chegou o velho Palestra!), a direção do Vitória decidiu-se pela demissão do técnico Toninho Cecílio. Em outros tempos, o empate seria motivo de festa.
Enquanto isso, na bela Fortaleza, quem perdia o emprego no Ceará era Mário Sérgio. O Ceará tinha sido vencido pelo líder do Campeonato, o Fluminense, no Rio.
E os casos de Toninho Cecílio e Mário Sérgio não são isolados no Campeonato Brasileiro. Pelo contrário, fazem parte da rotina do ano. Leio aqui mesmo, no UOL, que 20 técnicos já saíram de seus clubes durante a competição, média de um por rodada. O que me parece sem sentido.
Nem dá tempo de o técnico conhecer o elenco, saber com que esquema uma equipe pode render mais, típica coisa de imediatismo absurdo.
Motivado talvez pelo fantasma do rebaixamento num torneio equilibrado, onde quatro cairão. O exagero vem acontecendo e, embora eu não concorde que técnico é só algo a mais e quem ganha as partidas são os jogadores, sempre me lembro do amigo Dino Sani, jogador de classe e treinador de respeito que me disse: “Ao técnico cabe escalar bem o time. E pronto.”
Não é bem assim. Mas talvez a gente dê importância demais a esses senhores do comando. E quem perde é sempre o clube, pois, muitos deles, demitidos, injustamente ou não, passam o ano recebendo pelo contrato que assinaram. E, ao sentirem a instabilidade no emprego dos comandantes, os jogadores não perdem o respeito e passam a ignorar os gritos que vêm da beira do campo?
Pode parecer bobagem, coisa pouca. Mas essa dança dos técnicos, de tão frenética, deve fazer pensar. Ou repensar. É uma dança incomum e perigosa.
INTRIGAS DO FUTEBOL
1- Por que Marcelinho não foi lançado antes no São Paulo? Esse menino já foi craque na Copa São Paulo de juniores, sobrava na competição. Difícil responder. No caso, porém, ponto para Sérgio Baresi, jovem técnico tricolor, que teve coragem de suportar o nervosismo do garoto em seus primeiros jogos e agora o vê despontar como futura estrela do futebol brasileiro.
2- O Caso Lincoln: não sei o quanto ainda Lincoln está machucado ou em recuperação, mas pessoa próxima ao círculo de amigos (ou subordinados) de Felipão me contou que houve áspera conversa entre o técnico e o jogador. A razão teria sido uma reportagem publicada num diário especializado em esportes - nada a ver com a carta de cobrança, extra-judicial, de Lincoln para o clube. Essa pessoa próxima a Felipão - não o técnico - disse para minha fonte: "Esqueça o Lincoln”.
Não disse, no entanto, se é para esquecer por enquanto. Ou definitivamente.
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