Foi só colocar uma pincelada sobre o quão bacana está essa fase final de Campeonato Brasileiro que o pessoal já voltou ao debate sobre pontos corridos ou mata-mata. Ainda não deu para responder a todos, mas vai aqui um comentário um pouco mais profundo para tentar resolver algumas dúvidas e rebater alguns argumentos.
O primeiro ponto que acho importante salientar é sobre a "legitimidade" do campeão numa ou outra forma de disputa do torneio. Tanto faz a fórmula, o vencedor sempre é o melhor time.
O Flamengo, que muitos questionam pelo jogo contra o Corinthians e pelo que vem contra o Grêmio, leva a melhor nos confrontos diretos contra os três outros postulantes ao título. Ou seja, não é por conta de partidas contra times teoricamente desinteressados que ele será campeão.
A outra questão é a da emoção. O torneio é emocionante em ambas as disputas. Que o diga o Brasileirão deste ano. A diferença básica (e aí sou favorável aos pontos corridos) é que no mata-mata só duas torcidas, teoricamente, têm interesse na decisão. Para os outros, não há nada em jogo. E isso não mobiliza as pessoas. Isso se reflete em estádios mais cheios e também nos índices de audiência da TV.
Mas o ponto que é o maior diferencial para a fórmula dos pontos corridos é a previsibilidade da disputa. Ela é fundamental para planos e projetos de patrocínio. Os clubes sabem, desde 1º de outubro deste ano, a tabela do Campeonato Brasileiro de 2010. Nas renegociações de patrocínio, ele já pode determinar com o patrocinador quais planos de ação podem ser feito, em quais datas ele poderá atuar em seu estádio, de que forma essas ações poderão ser feitas. Num torneio em mata-mata, não existe qualquer possibilidade de um planejamento de longo prazo. A certeza de retorno com ações, para um patrocinador, dura apenas até a metade do ano.
E o que isso acarreta? A verba de patrocínio ou se torna menor ou deixa de existir. A caçada por um patrocinador fica ainda mais difícil, uma vez que ele deixa de ter certeza sobre qual plano poderá colocar em prática. Sim, em nenhuma das duas formas de disputa é possível saber que o time chegará até longe. Mas a imprevisibilidade do resultado dentro de campo é o diferencial do esporte. O que facilita, e muito, é o time saber previamente quanto jogos fará ao longo do campeonato.
Quanto à audiência da TV, a mudança é praticamente nula. A queda da audiência da Globo nos últimos anos não é fruto do formato do campeonato, mas sim da mudança de comportamento do consumidor. O baque é geral, atinge novelas, séries e telejornais. Além, é claro, do esporte.
Por fim, para o clube, a receita de bilheteria se torna uma grande aliada nesse final de campeonato. No mata-mata, se o time já está garantido na fase final, a renda de bilheteria sofre uma queda. Se a equipe já não tem pretensões, idem. Será que a torcida do São Paulo levaria 20 mil pessoas ao Serra Dourada se fosse um jogo que valesse apenas a vaga nos mata-matas decisivos do campeonato?
Desde 2006 que o Brasileirão bate, a cada ano, o recorde de público dos últimos tempos. A média já está na casa dos 18 mil torcedores, número que remonta aos anos 80, quando a capacidade dos estádios era bem maior do que atualmente. Só o Maracanã tinha o dobro de tamanho atual.
No final das contas, os pontos corridos valem pela segurança que os seus participantes têm de gerarem mais dinheiro. E isso leva a outro benefício para o torcedor. Mais grana em caixa para formar um time em melhores condições de vencer...
Em tempo
Serão oito jogos, e não nove, os decisivos nesta última rodada do Brasileirão. Atlético-MG x Corinthians transformou-se em amistoso pelo fato de o Timão já estar na Copa Santander Libertadores em 2010. A vaga que o clube poderia perder na Copa Nissan Sul-Americana não existe, já que ele não poderá estar no torneio.
Retirado de: http://negociosdoesporte.blog.uol.com.br/arch2009-11-29_2009-12-05.html#2009_11-30_18_21_05-136381883-0
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