O noticiário que toma conta da Copa do Mundo é o mesmo. São Paulo, a cidade, ainda não tem seu estádio para o Mundial definido. A grande mídia relata o encontro de Ricardo Teixeira com Alberto Goldman e Gilberto Kassab, respectivamente governador paulista e prefeito paulistano.
Mas e a Copa no Brasil?
A questão da Copa, até agora, virou uma estúpida discussão por São Paulo ter ou não um estádio. Não nos preocupamos em lembrar que o país que quer ser a quinta maior economia do mundo até 2016 não tem sequer uma infraestrutura urbana suficiente para dar vazão à demanda interna, o que dirá a um estouro da boiada que é uma Copa do Mundo...
Não é só São Paulo que não tem condições, seja de estádio ou de infraestrutura. Qualquer cidade no Brasil não pode abrigar uma Copa.
Isso é se conformar em ser medíocre, algo que não condiz com uma nação que almeja ser a quinta maior do mundo, que se orgulha de ter, cada vez mais, empresas multinacionais, que se orgulha de ter sido uma das únicas a não sofrer abalo com crise financeira e tudo o mais que politicamente é bem explorado para mostrar um Brasil, felizmente, nunca antes tão bom na sua história.
Esse é o país que acha tudo isso lindo mas que, na hora de sediar um grande evento esportivo, mira sua atenção para a África do Sul, e não para a Alemanha. País que tenta maquiar seu problema de infraestrutura de transporte propondo uma "maravilhosa" solução de setorizar o evento, desperdiçando um imenso potencial turístico. País que discute recurso público ou privado na construção de estádio quando o buraco está lá embaixo ainda, na questão de como fazer para dar boa condição de vida para a população.
Conseguiu-se desviar o foco do problema.
Não se questiona por que as obras de infraestrutura das cidades ainda não começaram, mas sim se a cidade de São Paulo tem ou não um estádio. O Brasil vai sediar uma Copa do Mundo e ela será boa, talvez muito boa. Mas não será excelente. Estará longe de ser "a melhor".
Isso acontece simplesmente porque não sabemos a demanda de uma Copa do Mundo, não estudamos para buscar capacitação, não elevamos o debate sobre como fazer a Copa do Mundo para um padrão nacional.
Preferimos ser o Brasil que sempre resolve as questões na canetada. Só que o país que quer ser a quinta maior potência econômica do mundo não pode se dar ao luxo de pensar que, na base do "no final dá certo", conseguirá fazer uma Copa do Mundo decente. Infelizmente o nosso parâmetro será a África do Sul, país comparativamente muito mais pobre, muito menos alfabetizado, muito menos seguro, com infraestrutura muito mais precária, etc.
E isso mostrará para o mundo que o Brasil continua a ser a eterna promessa de um país do futuro. Quando era a hora de ser a bola da vez, para ser o país da liderança mundial. A Copa, assim como os Jogos Olímpicos, serviriam para pensarmos o Brasil como, de fato, um país e usar a "desculpa" desses eventos para transformar a nossa realidade.
O Brasil está, em cada uma das 12 cidades, com diferentes problemas, deixando a oportunidade escapar entre seus dedos. Estádio é uma das dificuldades, mas reforma de malha viária, melhoria no transporte público e mais um monte de obras de infraestrutura demandam investimentos muito maiores e mais necessários para o país.
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