Tempo Real

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O poder da TV sobre o esporte

Na manhã desta sexta-feira, a assessoria de imprensa do Vôlei Futuro, que disputa as semifinais da Superliga masculina de vôlei, enviou um comunicado informando que um técnico e um produtor da Rede Globo aprovaram o uso do ginásio Plácido Rocha para o segundo jogo do playoff contra o Sada/Cruzeiro. A decisão permitirá que o Vôlei Futuro jogue em sua cidade, Araçatuba (a cerca 500km da capital do estado, São Paulo), em vez de ter de mandar a partida para Barueri.

A história, porém, mais do que significar um ganho esportivo para o Vôlei Futuro, reflete uma realidade absolutamente comum ao esporte em todo o mundo, mas que muitas vezes recebe ferozes críticas dos torcedores.

A mídia e, especialmente, a televisão, tem um enorme poder de influência sobre o esporte. Desde que a TV passou a ser o principal meio de propagação e de financiamento das modalidades esportivas, ela naturalmente se transformou numa das maiores “tomadoras de decisão” nas competições.

Em 2008, os Jogos Olímpicos de Pequim mudaram o horário das finais da natação (geralmente realizadas no período da noite, elas passaram para o horário matutino) para atender às exigências das emissoras americanas que exibiam as Olimpíadas. O recorde de oito ouros de Michael Phelps, assim, foi visto sempre no horário nobre dos lares americanos.

No caso do vôlei brasileiro, a Superliga já havia conseguido uma grande vitória ao chegar a um acordo com a Globo para a transmissão, em TV aberta, das semifinais da competição masculina.

Para isso, porém, a emissora havia determinado que precisaria fazer os quatro jogos em São Paulo, pela praticidade de os ginásios da cidade e região metropolitana em abrigarem a estrutura de uma transmissão de TV. Com a exceção aberta ao Vôlei Futuro, a tendência é que a decisão do título seja exibida independentemente do local de partida.

No basquete, a liga de clubes também decidiu fazer apenas um jogo final para a decisão do título da NBB em troca da exposição na TV aberta. No futebol, o início dos jogos às 22h também atende aos interesses da Globo.

O que muitas vezes o torcedor não consegue entender é que a TV é, hoje, a fonte de maior repercussão de uma modalidade esportiva. Com o apoio da mídia, o clube muitas vezes consegue negociar melhores contratos de patrocínio por conta da exposição gerada nos jogos. O torcedor que vai ao evento esportivo é importante, sem dúvida, mas o gestor de um clube também tem de olhar outra parte fundamental hoje do esporte, que é a mídia.

O poder da TV sobre o esporte é realidade desde a primeira transmissão ao vivo. O esporte não pode simplesmente ignorar essa influência, mas também não pode ser plenamente obediente a ela. Para isso, porém, quanto menor a dependência da exposição e do dinheiro da TV, melhores condições existirão para que a força da mídia não signifique poder total sobre o evento. O caminho para isso, porém, ainda é longo e, principalmente, difícil para ser percorrido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário