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quarta-feira, 21 de abril de 2010

O Brasil começa a aprender com os grandes eventos

O mais divertido de toda a discussão sobre o Brasil receber Copa do Mundo e Jogos Olímpicos é que a população em geral e, especialmente, muitos formadores de opinião, vão aprender na marra o difícil jogo que existe quando se organiza eventos esportivos gigantescos como esses. A maior parte da conta é paga pelos patrocinadores. E os organizadores do evento precisam, de todas as formas, proteger quem assegura a realização dessas competições.

Hoje foi a vez de os senadores se "indignarem" com as propostas feitas pelo COB para preservar ainda mais qualquer associação de marca com os Jogos Olímpicos. Aros, termos e tudo o mais. O COB quer fazer uma blitz severa sobre o uso indevido dos termos olímpicos, permitindo apenas aos patrocinadores apropriarem-se devidamente dessas propriedades.

"A sugestão do COB é exagerada e demonstra que a vontade dos patrocinadores está sobrepujando os direitos consagrados pela Constituição, além de ferir a propriedade do vocabulário", esbravejou o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), ao site do Senado.

Ok, senador. E qual é a proposta que você tem para que isso não aconteça?

Hoje mesmo foi divulgado na Europa que um programa de TV sobre futebol não foi ao ar na África do Sul porque ele usava a bola oficial da Copa do Mundo. O receio era de que a Fifa vetasse a veiculação do programa exatamente pelo uso indevido da bola. Já havia ocorrido um caso semelhante na África semanas atrás.

Esse filme se repete, mais ou menos, desde os anos 80, quando o COI lançou seu programa TOP de patrocínio. Por ele, apenas os patrocinadores poderiam fazer uso dos aros olímpicos e de termos como Jogos Olímpicos, nome da cidade-sede, etc.

E, agora, o mais importante.

Para que uma cidade esteja apta a receber Jogos Olímpicos, ela precisa se adequar a essas exigências do COI. Não tem conversa. Da mesma forma, a Fifa exige a preservação do desenho da taça da Copa do Mundo e de mais um monte de termos ligados ao evento.

Vivendo e aprendendo. É preciso estudar um pouco mais para saber que esse é um dos ônus de receber um megaevento como Copa ou Olimpíada.

Pode espernear o quanto quiser, que nada vai mudar. Ou, então, aceitar abrir mão de receber esses eventos em nome da "soberania nacional". O que seria, no mínimo, uma burrice sem tamanho.

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