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sexta-feira, 23 de março de 2012

Chico Anysio no futebol: comentarista, caricatura Coalhada e polêmica do goleiro negro



Morto aos 80 anos no Rio de Janeiro, em razão de complicações causadas por uma hemorragia digestiva, Chico Anysio deixa um legado para o humor nacional. No entanto, o cearense de Maranguape também manteve uma ligação íntima com o futebol ao longo de sua vida profissional. Vascaíno apaixonado, a estrela da Rede Globo esteve presente junto ao seu esporte preferido de diversas formas.

Na televisão, adicionou ao seu numeroso repertório de personagens o boleirão Coalhada. Atleta estrábico, de cabelos encaracolados, a caricatura de jogador de futebol criada por Chico Anysio vivia contando vantagens de sua condição de craque. No entanto, enfrentava o rótulo de perna-de-pau e cobranças insistentes de torcedores e comentaristas.

No quadro de Coalhada, Chico Anysio chegou a receber a visita de jogadores famosos do futebol nacional, que conversavam de igual para a igual com o marrento craque, talvez em comportamento de prenúncio de personagens atuais dos estádios.

O nível de conhecimento de Chico Anysio a respeito de futebol fez com que a Globo recorresse ao comediante em determinados momentos em transmissões esportivas. O craque do humor atuou como comentarista em algumas oportunidades, como na transmissão de jogos da seleção brasileira nas eliminatórias para a Copa de 1990, ao lado de Pelé e Galvão Bueno. O cearense já havia exercido a função na década de 50 quando trabalhava para a Rádio Guanabara.

A verve de comentarista fez Chico Anysio emprestar sua opinião em momentos importantes do futebol nacional. Neste papel, mesmo em tempos da lei do politicamente correto, não passou incólume.

Num texto de 2006, nas vésperas da Copa de 2006, Chico Anysio listou para o jornal Lance ponderações sobre a equipe que disputaria o Mundial na Alemanha. Em reflexão sobre a escolha de Dida para o gol do time de Parreira, o humorista polemizou ao lembrar um personagem do drama da seleção de 1950, marcada para a derrota para o Uruguai no Maracanã.

No comentário que provocou bastante repercussão, o comediante resvalou na questão racial ao relembrar o “vilão” do Brasil no vice-campeonato mundial de 1950: “Não tenho confiança em goleiro negro. O último foi Barbosa, de triste memória na seleção”.

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