Tempo Real

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

BEM E MAL NA LIBERTADORES

O São Paulo foi mal e bem no Morumbi, ao bater o Monterrey por 2 a 0, na estreia da Libertadores.

Mal, no primeiro tempo, quando foi dominado pelo adversário que veio do México sem sete de seus titulares, por opção (deu prioridade às disputas do campeonato nacional de lá).

Entregou a bola e os espaços para os mexicanos, que chegaram a ter 53 por cento de posse de bola, só no toque-toque, pois evidentemente não tinha força ofensiva.

Apesar disso, foi para os vestiários com a vantagem de 1 a 0, fruto de boa jogada pela esquerda, de onde partiu o centro rasteiro de Jorge Wagner para Washington. Cervantes, porém, incorporou um Sancho Pança e meteu de bico para as próprias redes, antes do artilheiro tricolor, que, no entanto, levou a fama.

Mas, bem, na volta dos vestiários, quando partiu para a marcação por pressão mais à frente e, recuperando a bola, acertou mais do que errou o passe, até que, lá pelos 30 minutos, na esteira dos aplausos para a entrada de Cicinho, em sua súbita reestreia no São Paulo, Washington, agora, sem dúvida, tocava para a meta corner cobrado da esquerda e desviado de cabeça por Jorge Wagner.

Valeu pela vitória, mas o São Paulo terá de melhorar muito se quiser impor-se como um dos favoritos mesmo da Libertadores.

RAPOSA, HUUMMM…

Não foi uma tragédia em Buenos Aires, mas quase. E a coisa toda começou com a expulsão-relâmpago de Gilberto, completada no segundo tempo com a do beque Gil.

Até aqui, o Cruzeiro conseguia conter o placar no 1 a 0 para o Velez, com ralas possibilidades de empatar ou até mesmo virar o jogo. Mas, depois… Tomou o segundo e esteve a pique de levar o terceiro por mais duas vezes.

Claro que, no Mineirão, no jogo da volta a história será bem outra.

Mas, vale aqui uma observação sobre a expulsão de Gilberto, fato que detonou tudo. Pois, reveja o amigo o tape e perceberá que houve excesso do juizinho, tão comedido com os argentinos, como naquela cotovelada sofrida por Thiago Ribeiro ou aquele chute em Kleber, depois que o avante brasileiro havia sido derrubado.

Observe que Gilberto está olhando a bola que cai às suas costas, gira levantando o pé para dominá-la quando atinge o adversário. Um amarelinho por imprudência ou força excessiva cabia bem ali. Já, o vermelho, foi demais.

COPA DO BRASIL

Dos grandes brasileiros, só Bahia e Grêmio cumpriram seus objetivos, eliminando o jogo da volta na abertura da Copa do Brasil.

O Grêmio, de virada, venceu o Araguaia por 3 a 1, com dois gols de Borges, que, com a camisa tricolor do Sul, dia sim, outro também, deixa sua marca nas redes inimigas. E o Bahia de todos os santos, no Espírito Santo, claro, não deixou barato: 2 a 0 no Vitória.

Quem pisou na bola, porém, foi o Botafogo de Joel Santana, que completinho, com El Loco e tudo, perdeu para o São Raimundo, em Santarém, por 1 a 0, e periga cair fora da Copa do Brasil antes mesmo de entrar pra valer.

Já Vasco e Palmeiras ficaram ali no meio do caminho – venceram, mas terão de confirmar a vaga nos jogos da volta.

O Palmeiras penou para bater o Flamengo, em Teresina, por 1 a 0, com belo gol de Diego Souza, e só o conseguiu porque faltou fôlego no fim ao time do Piauí. E o Vasco, que começou perdendo, só virou o jogo aos 46 do segundo tempo, com Elton.

Mas, isso é só o começo.

ADEUS A ORLANDO

Orlando Peçanha, que nos deixou ontem, era o quarto-zagueiro na sua expressão mais exata: forte no talhe físico e na marcação saía para o apoio com a técnica de um volante.

Foi importantíssimo na conquista da Suécia, o primeiro título da Seleção Brasileira, em 58. Projetou-se naquele timaço do Vasco dos anos 50, ao lado de Bellini, o capitão da Copa da Suécia, foi ídolo no Boca Juniors e integrou o Santos de todos os tempos, aquele de Pelé e Cia.

E aqui cabe uma historinha que me contou certa vez o saudoso e genial jornalista e radialista Raul Duarte, braço direito do dr. Paulo Machado de Carvalho, chefe da delegação brasileira à Copa de 58.

Às vésperas do embarque para a Suécia, criou-se em São Paulo um clima irrespirável para a Seleção Brasileira. O meu querido Geraldo Bretas, comentarista da Tupi de grande recepção popular, encetava uma campanha contra a Seleção, mais por desfeita ao dr. Paulo do que verdadeiramente pela Seleção em si.

O fato é que o clima azedou de tal maneira que o jogo de despedida do Brasil, contra o Corinthians, no Pacaembu, ganhou ares de batalha final. Entre outras coisas, porque a imensa Fiel clamava pela presença de Luisinho, o Pequeno Polegar, no time nacional, o que transformou o craque alvi-negro no grande protagonista do confronto.

Dr. Paulo coçava a careca em formato de melão, quando chamou Raul Duarte, antes do início da partida, e sussurrou-lhe: “Precisamos evitar que o Luisinho acabe com o jogo. Dê um jeito nisso, Raul”.

Raul, então, entrou no vestiário, e passou a mensagem para Orlando Peçanha, que balançou a cabeça em assentimento: “Deixa comigo”.

Luisinho, o pequeno demônio dos dribles humilhantes, não viu a cor da bola naquela noite eletrificada, depois do primeiro chega-pra-lá de Orlando. E quem acabou pagando o pato foi o menino Pelé, quase alijado da Copa por uma entrada criminosa do lateral corintiano Ari Clemente.

Adeus, Orlando de tantas memórias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário