O crescimento das marcas esportivas está calcado, como quase todo crescimento de empresas nos últimos anos, nos mercados emergentes. Brasil e China, geralmente, ocupam posição de destaque em meio a esse cenário, muitas vezes acompanhados da Índia.
Mas, em Londres, durante o seminário feito pela Nike para apresentar as camisas de suas nove seleções que estarão na Copa do Mundo da África do Sul, ficou claro que, para a multinacional, Brasil e China têm funções absolutamente distintas na estratégia de crescimento da companhia no mercado do futebol.
O Brasil é o carro-chefe da Nike. É o "abre alas" da companhia em tudo o que diz respeito à comunicação sobre futebol que a empresa faz pelo mundo todo. Basta lembrar o passado de desenvolvimento de campanhas publicitárias mundiais. Sempre um brasileiro esteve envolvido nela. Já a China é responsável pelo salto de vendas da empresa nos últimos anos.
E isso coloca os dois países no centro da estratégia global da Nike para faturar no ano de Copa do Mundo.
No seminário preparado para mais de 300 jornalistas em Londres, figuras importantes da companhia americana estiveram presentes. Entre elas o presidente Mark Parker (que não é figura fácil entre os veículos de imprensa) e a estrela Cristiano Ronaldo, talvez a maior bandeira da Nike neste ano de Copa. Ao mesmo tempo, entre as seleções patrocinadas, o Brasil foi quem norteou todas as apresentações nos dois dias de encontro com a mídia.
A camisa da seleção foi a primeira a ser apresentada. O uniforme que aparecia na apresentação contando sobre a história da confecção da camisa era o brasileiro. Até mesmo o brinde ao final do evento foi a camisa amarela do time nacional, produto que parece "enfeitiçar" o estrangeiro, especialmente aqueles vindos do Oriente.
Mas, se o Brasil é artigo para fazer da Nike um objeto de desejo, a China claramente é o objeto de desejo da cobiçada marca americana.
Com mais de 300 jornalistas de dezenas de países, Cristiano Ronaldo e Mark Parker deram mínimas entrevistas exclusivas. O único veículo que teve a possibilidade de entrevistar exclusivamente a ambos, numa sala reservada, foi a CCTV, emissora estatal chinesa. Tudo para que o público chinês tenha ainda mais contato com as grandes estrelas da Nike.
A distinção ficou clara. Enquanto o Brasil é um produto para ajudar a vender, a China é o país que vai ajudar a Nike a faturar cada vez mais. Não sem razão o Brasil, que desde 1996 conta com forte presença da empresa americana no país por meio dos patrocínios ao futebol, ainda não viu, de fato, a força comercial da Nike invadir sua praia. Com a Copa de 2014 a caminho e sem a crise dar tanto a sua cara por terras brasileiras, quem sabe em breve o Brasil será invadido de vez pela empresa.
Essa é cada vez mais a aposta desta nova década no mercado esportivo.
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