Eu moro na Vila Romana.
Um bairro como o nome indica, fundado por italianos.
Então as ruas têm os nomes de imperadores romanos: Júlio César; Marco Antonio, Cassio, Coriolano. etc..
O bairro é lindo, mas está meio abandonado (talvez não seja o único).
Ruas esburacadas, árvores que nunca são podadas, bocas de lobo entupidas, praças – as poucas que existem – mal tratadas.
Não tem estrutura.
Recentemente, o Sondas abriu um supermercado. Imediatamente, quase no mesmo dia, o Pão de Açúcar inaugurou um também.
Mas o bairro é lindo, casinhas dos dois lados das ruas, lembra a São Paulo do início do século…claro!
Em tudo, inclusive na sujeira.
Você já deve ter adivinhado, quando chove é uma desgraça.
Não tão grande quanto aquela sofrida pelos bairros ainda mais pobres e mais longínquos.
Mas mesmo assim desastrosa.
Anteontem choveu e faltou luz das 17:00 às 21:30.
Acho que só voltou porque o Corinthians ia jogar contra a Ponte Preta na tela da Globo.
Ontem choveu de novo!
A luz apagou e só voltou às 02:00 da madrugada.
Acho que era porque o Santos jogava. Não tem lá muita importância.
Luz de vela, sombras pelas paredes, gatos estranhando a falta de claridade. Um deles queimou o bigode.
A tela da TV apagada.
O computador silencioso.
O ventilador de enfeite na sala.
Eu não tenho rádio de pilha.
9 horas da noite.
O Santos devia estar entrando em campo.
Eu queria ver o jogo. Até pensei em ir no bar ao lado de casa, mas lá também estava faltando luz.
A idéia de sair por São Paulo procurando um bairro com luz e um restaurante com televisão não me seduziu.
Entrei dentro do carro da minha mulher e liguei o rádio.
O rádio estava horroroso.
- Eu te disse – gritou minha mulher – que tínhamos que trocar o rádio do carro.
O chiado me deixou louco.
Me senti um homem das cavernas.
Solitário, dentro das trevas, esperando ser atacado por um tigre dentes-de-sabre.
Horrível.
Pensei: “amanhã, os leitores do blog se o Santos perder, vão ficar pau da vida comigo, achando que só falo mal do Corinthians, do Palmeiras e vez por outra do São Paulo”.
Fui dormir.
Ainda bem que minha cama estava ali ao invés daquele chão duro e frio do tempo das cavernas.
Pelo menos isso.
Calculei amanhã vejo o jogo do Santos contra o Santo André e depois escrevo.
A NET só voltou as 11hs30.
Fiquei a manhã de hoje inteira sem computador e sem TV.
Aí uma boa alma – talvez tendo pena do meu sofrimento (como será que ele descobriu) – colocou no ar um compacto.
Rapaz, tomei um susto: que gol foi aquele do Neymar?
O que esse garoto sabe de bola é espantoso.
Sei que vão cair matando, mas o Robinho vai ter que jogar muito para ofuscar o brilho do garoto Neymar, que hoje completa 18 anos.
Garoto, feliz aniversário e que seu futuro seja mais feliz ainda.
Autor: Michel Laurence
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