Ligo a tevê já em altas horas, já madrugada de domingo. De controle em punho, viro para lá, mexo para cá e encontro, desfile já começado, algo que me chama a atenção, por sorte ou Destino: encontro amor, muito mais do que o samba no pé ou os encantos da Sabrina Sato, pois que mal sei distinguir o samba não atravessado apenas de um passista mais intrépido.
Encontro o Amor, repito. A história do Corinthians contada, bem contada, no desfile da Gaviões, desde a fundação, à luz do lampião, no Bom Retiro, até os dias de glória. A paixão transborda. Nem é preciso ser corintiano para ficar emocionado.
Antes do último carro, onde despontava as figura de Ronaldo Fenômeno, deu para relembrar belas conquistas dos tempos da Democracia. E via-se um Doutor Sócrates a cantar, mesmo sem a facilidade que vencia os inimigos, com toques de calcanhar. Que importa? E, vejam, lá está Biro- Birô, com seu cabelo encaracolado, com o mesmo jeito sapeca de quem, quando jogador, certa vez marcou gol de canela para liquidar o Palmeiras de Telê Santana do Campeonato: e que, em jogada mais célebre, na final do Paulistão de 82, diante do São Paulo (Corinthians, 3 a 1), ousou enfiar a bola entre as pernas de Valdir Perez, golaço! Corinthians, campeão...
E no último carro, repito, a figura de Ronaldo. Sem demagogia, sem lances de emoção forçada, até sorria. Fazia gestos de que alguém chorava (provavelmente o presidente do clube, Andrés Sanchez) e cumpria o seu papel com respeito.
Enquanto isso, os componentes e o púbico gritavam o nome do clube. Com todo o respeito, aniversariante de cem anos, sempre muito maior do que o da escola ou qualquer outra torcida.
Assim, creio ter visto, de madrugada uma prova de amor. Ele ainda existe.
DE TRIVELA
E já no domingo à tarde, depois de renhida e inesperada batalha diante do Rio Claro (supunha-se que fosse fácil a vitória do Santos), foi legal ver a alegria de Giovanni, 38 anos, ao marcar, de cabeça, o gol que deu a suada vitória (2 a 1) aos novos Meninos da Vila. Antes, Giovanni, o Messias, dera o passe para Neymar entortar dois adversários e chutar, de canhota, para rebote do goleiro e o gol de André.
Como partiu de Neymar. Outra jogada sensacional, também pela esquerda, também a entortar dois zagueiros, seguindo-se forte arremate para a cabeçada de Giovanni, devo concluir que: as 32 mil pessoas que lotaram o Pacaembu em domingo de Carnaval, ah, pelo menos muitas delas foram para ver Robinho e viram, de novo, Neymar. E, naturalmente, viram também, como prêmio, a alegria do Messias.
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