Na semana passada escrevi sobre o trouxedor, uma mistura de trouxa e torcedor. O trouxedor é o sujeito que, como eu, gosta de ir aos estádios mas é maltratado por flanelinhas, cambistas, bilheteiros, policiais e até pela falta de banheiros e comida.
O texto teve uma repercussão inesperada. Aqui na Folha já escrevi umas oitocentas colunas, e esta foi uma das dez que mais teve resposta dos leitores. Muitos deles disseram que o mais certo era abandonar os estádios como forma de protesto. Outros escreveram que é possível continuar indo aos jogos e, ao mesmo tempo, lutar para não ser um trouxedor. Como prefiro a batalha à retirada estratégica, estes últimos acabaram me convencendo.
E eles mostraram bons argumentos.
Quanto aos flanelinhas, há a sugestão de deixar o carro um pouco mais longe e andar até o estádio. O Pacaembu, por exemplo, possui um shopping próximo e vários estacionamentos na Paulista, numa distância perfeitamente percorrível em meia hora de caminhada tranqüila.
Em relação aos cambistas, a ideia é matá-los de inanição. Ou seja, jamais comprar um ingresso de suas mãos. Há que controlar o nosso vício. Se não deu para adquirir o ingresso antes e se no dia da partida não há como comprar na bilheteria, paciência... O jeito é não ver o jogo. Comprar de cambista, jamais! Quem faz isso quer bancar o esperto, quer pular na frente da fila pagando uma propina.
Contra os bilheteiros desonestos, o jeito é botar a boca no trombone. Desde já ofereço meu blog (http://blogdotorero.blog.uol.com.br/) como espaço de reclamação e conversa. Ali, nós, os trouxedores, podemos compartilhar problemas e soluções, e até decidir fazer algumas ações. De minha parte, posso usar este meu emprego de jornalista para entrevistar administradores, vereadores, cobrar informações, etc...
Na verdade, acho que nós, os trouxedores, devemos formar a nossa Torcida Desorganizada, uma torcida que não brigará com outras, mas com aqueles que nos querem transformar em trouxas. Uma torcida que abrigará torcedores de todos os times. Nossa proposta, nosso objetivo final, é apenas ver nosso joguinho em paz no estádio. É pouco e é muito.
Nossa Torcida Desorganizada não terá sede, reuniões chatas ou mensalidade. Mas pode ter um bom site. Podemos não conseguir mudar o mundo, mas talvez consigamos um banheiro decente para mulheres no Pacaembu, demitir algum bilheteiro corrupto ou até, quem sabe, um espaço para assistir aos jogos ao lado do nosso amigo do outro time.
Eu sei que é pouco, que é quase nada. Mas conquistar alguma dessas coisas já seria como um time pequeno vencer uma equipe poderosa.
Trouxedores do mundo, uni-vos. Ou melhor, unamo-nos.
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