Deu pena ver a expressão de dor, estampada no rosto do menino Alan, do Fluminense. Olhos arregalados, como se o mundo tivesse caído sobre ele, Alan acabara de bater o pênalti (chute forte, no travessão) que eliminou o Flu e classificou o Vasco para a final da Taça Guanabara. Contra quem? Provavelmente, pela lógica, contra o Flamengo de Adriano e Vagner Love. O Bota até pode surpreender. Mas é difícil conter o Fla.
Voltando ao jogo do sábado de Carnaval e ao drama de Alan - contrastando com a Folia -, foi um zero a zero meio que sem graça durante o tempo regulamentar ficando, os gols (6 a 5, Vasco) para a decisão por pênaltis, que certamente nem teria acontecido se Fred estivesse em tarde de verdadeiro goleador, sem desperdiçar tantas chances.
Pior foi para o menino Alan, de quem todo o mundo vai lembrar como pequeno vilão. Bobagem. Levanta a cabeça, menino! São muitas as histórias do tipo que poderiam ser lembradas, mas decidi, antes de contar apenas uma, recordar a frase de Neném Prancha, folclórica figura das praias cariocas, onde os meninos também batiam a sua bolinha.
Ah, a história, emblemática, fica por conta também de clubes próximos da praia (que calor!) e nos remete aos meados de 1950, cuja distância no tempo apaga um pouco a memória. Foi-me contada por um ex-jogador do Santos que, em 1956, Santos e Jabaquara disputaram a final do campeonato juvenil da cidade. Decisão nos pênaltis.
E eis que, último pênalti a ser cobrado, a cobrança foi desperdiçada por um menino de canelas finas, do olhar expressivo, chamado pelos companheiros de Gasolina. E o menino, em quem os veteranos já detectavam futuro brilhante, com os olhos arregalados como os de Alan, ficou quieto, arrumou suas malas e foi para a estação de trem. Queria voltar para Bauru.
Foi dissuadido pelo técnico do time principal, o saudoso Lula, e voltou para a Vila. Não demorou muito para esquecer o pênalti perdido e para encantar o mundo, reverenciado, então como Pelé. Ou melhor, Rei Pelé.
DE TRIVELA
1. Corinthians foi superior no clássico paulista, diante da Portuguesa, no Canindé. Só que, ao desperdiçar várias oportunidades - em especial a do último minuto -, bola na trave direita do goleirão Fábio, depois de forte cabeçada de Jucilei e leve desvio do arqueiro - bem, ao chutar a sorte para fora, ficou apenas no empate diante da valente Portuguesa. A impressão que se tem é a de que, embora superior ao adversário, o Corinthians ainda não está totalmente pronto para encarar a sonhada Libertadores.
2. Botafogo de Ribeirão Preto, sensação do futebol paulista em outros carnavais (e revelando, de quebra, o fantástico Doutor Sócrates), está lá em cima neste torneio. Tem bom time e alguns jogadores que se destacam, como, por exemplo, o lateral-esquerdo Nenê e o centroavante Willian - este, o autor do seu gol.
O adversário do Botafogo, o Palmeiras, arrancou o empate de 1 a 1 recorrendo a mais um gol de zagueiro (Léo, de cabeça) e até que não se houve tão mal. Revelou de novo, porém, o que está a deixar cabisbaixa a sua torcida: a crônica falta de bons atacantes. Carência que a diretoria, cáspite! - como diria meu avô italiano - não consegue acabar.
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