Após quase uma década, o Brasil finalmente tem um jogador entre os 30 melhores do mundo. Além disso, neste início de 2010, o país já conquistou dois títulos expressivos. Um foi o primeiro Grand Slam para jogadores juvenis. O outro, mais uma vitória de ATP de Thomaz Bellucci.
Nesta semana, o país recebe seu mais graduado torneio do circuito masculino. Com quase meio milhão de dólares em premiação, transmissão nas TVs aberta e fechada, presença de nove dos 50 melhores tenistas do mundo e 15 patrocinadores.
Só que, na comemoração de seu décimo aniversário, o Aberto do Brasil de Tênis tem muito pouco a comemorar no que diz respeito à presença de público nos jogos.
Na última terça-feira, Thomaz Bellucci, o grande astro deste ano no Sauípe, encerrou praticamente à meia-noite seu confronto de estreia contra Thiago Alves. A arena, nitidamente, estava vazia. Após o confronto entre os dois brasileiros, João Souza e Victor Hanescu (ROM) entraram em quadra para encerrar os jogos do dia. A arena, que já estava vazia, ficou restrita a familiares e um ou outro cidadão que se aventurou a continuar por lá.
Por que, mesmo com dez anos de história e já tendo tido astros em quadra como Guga, Nadal, Guillermo Coria e outros, o Aberto do Brasil não decola?
Se, antes, o argumento era de que o torneio estava “deslocado” da temporada do saibro e, mais do que isso, do Carnaval da Bahia, agora a justificativa não serve.
A ideia é aproveitar tanto os torneios pela América do Sul nesta época do ano quanto o feriadão que se aproxima para atrair o público. Mas, arena lotada, pelo visto, só se Bellucci conseguir repetir a decisão de 2009.
A promoção foi feita, os ingressos estão a preços mais acessíveis, alguns bons nomes do tênis ajudariam a levar um público mais específico para assistir aos jogos.
Mas por que, então, simplesmente o torneio não vai para a frente?
A resposta é complexa. Mas a solução pode ser simples. Fico com a frase de Vicente Casado, diretor geral do Masters de Madri, que revolucionou os torneios de tênis ao criar as pegadoras de bola modelos e, agora, quer fazer com que o saibro da competição seja azul.
Em entrevista à edição 11 da Revista Máquina do Esporte, ele disse:
“A chave mesmo é que estamos dispostos a criar a e inovar. Isso é um dos segredos da sobrevivência e do posicionamento de um torneio. As pessoas precisam dizer que vão, por exemplo, à semifinal do Madrid Open pelo torneio, e não para ver o Rafael Nadal. Não dá para o torneio se apoiar tanto nos jogadores, porque o Nadal vai passar, e logo chegará outro. Temos que apoiar nosso planejamento no torneio. É preciso criar algo com personalidade, imagem e caráter próprios”.
Talvez o que falte hoje, para o Aberto do Brasil de tênis, é achar a sua personalidade.
Por Erich Beting
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