Estive em várias coletivas do técnico Dunga e quando perguntado sobre jogadores excluídos do grupo atual como Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e outros, a resposta foi sempre a mesma.
“Vocês não vão me induzir a cometer os mesmos erros de 2006, não é? Vocês se lembram o que aconteceu?
Numa das últimas vezes que respondeu assim foi no Museu do Futebol, no Pacaembu, em dezembro do ano passado e eu retruquei: “Mas o que aconteceu em 2006, Dunga?
“Ah, você sabe, você é bem informado, você sabe”, respondeu o treinador da Seleção.
Bem eu sei que o elenco estava dividido.
Sei que muita gente não estava comprometida e havia uma briga de egos entre os jogadores.
Havia o grupo dos Ronaldos e depois os outros. Em meio aos dois, Kaká tentando fazer a coisa certa.
Eu sei que Ronaldo Fenômeno se apresentou muito acima do peso e Parreira não teve coragem de tira-lo do time.
No primeiro jogo saiu no intervalo e fez os gols que faltavam para se tornar o maior artilheiro dos Mundiais contra um Japão já desclassificado.
Se o Japão motivado já é ruim, imaginem o Japão desmotivado.
Mas valeu para deixar o nome de Ronaldo na história das Copas. Foi uma homenagem pelo que fez antes, não em 2006.
Sei que Zé Roberto foi o melhor jogador do Brasil, na Alemanha, e sei também que quando Zé Roberto é o melhor é porque o Brasil não ganhou.
Se o melhor fosse Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho ou Kaká, o Brasil teria ganho a Copa. Zé Roberto é um bom jogador, mas não é desequilibrante.
Sei que a concentração em Weggis foi uma balburdia dentro e fora do campo.
Mas sei também que depois que a Seleção chegou a Alemanha houve tempo para melhorar o trabalho, mas não melhorou.
O Brasil parecia com pressa de ir embora da Copa. Afinal já chegou como campeão e não precisava jogar. Essa era a impressão que passava.
Sei também que no papel foi um dos melhores elencos que o nosso país já levou para uma Copa e foi uma das piores campanhas da história pelo que podia ter feito e não fez.
Sei também que faltou disciplina para o grupo e os comandantes não souberam se impor para colocar as coisas nos seus devidos lugares.
Tudo isso eu sei, viu Dunga, mas agora eu é que pergunto para você.
Você vai repetir os erros de 2006? Você vai convocar um jogador que está com 101 quilos de peso e que não consegue largar a maldita bebida?
Você vai levar um problema desses para a Copa?
Você mesmo chamou a atenção de Adriano no último jogo contra a fraca Irlanda porque ele estava sem mobilidade.
Eu sei, eu sei, você quer o Adriano do ano passado, comprometido, campeão brasileiro e sem a Joana no pé.
Mas e se ela for também, Dunga? A África é logo ali.
E se ele surtar no meio da Copa e resolver abandonar o futebol novamente e voltar para a comunidade?
Está certo que a África também deve ter suas Vilas Cruzeiros, suas Chatubas, mas as nossas são mais genuínas. É gente da gente, diria Adriano.
Já pensou em tudo isso, Dunga? Olha lá. Não vá repetir 2006.
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