O Santos colocou à venda, a partir desta quinta-feira, os ingressos para o jogo contra o Palmeiras, no próximo domingo. Mais uma vez, fica aquela dúvida na cabeça do torcedor. Será que vale ir a esse jogo? Pelo badaladíssimo time do Peixe, sem dúvida que vale. Por se tratar de um clássico, também. E, por ser um jogo do líder do Campeonato Paulista, sem dúvidas.
Mas quanto vale esse show?
Para a diretoria santista, que ficará com 100% da receita de bilheteria da partida, o ingresso mais barato custa R$ 30. Mas ele só vale para estudante e/ou aposentados, que têm direito ao pagamento de metade do valor da entrada. O torcedor "comum", que representa a maior fatia do consumidor de um jogo de futebol, tem de desembolsar R$ 60 para ficar na arquibancada. O ingresso mais caro, para o camarote, sai por módicos R$ 300.
A tática de inflacionar o preço do ingresso, ainda mais depois de um 10 a 0 aplicado pelo time, pode num primeiro momento parecer a coisa mais lógica a se fazer. Mas a estratégia é absurda. E um tiro no pé no que diz respeito à tentativa de geração de receita com bilheteria.
Não é a qualidade do jogo que deve regular o valor do ingresso para uma partida, mas sim a qualidade do local onde o jogo acontece. Um estádio de difícil acesso, com nenhum conforto, nenhuma segurança e sem lugar marcado não pode ter em 30 reais o preço mínimo para acessá-lo.
O que parece estar cada vez mais claro na cabeça dos dirigentes brasileiros é que o torcedor não está preocupado com o conforto, mas com a qualidade do jogo que verá. Isso é parcialmente verdade. Obviamente que qualquer um entende que precisa pagar um pouco a mais para ver um "show" melhor. Um show da Madonna não pode ter o mesmo preço daquele de uma banda que está em início de carreira.
Só que de nada adianta aumentar o preço do ingresso se o desconforto continuar. Um ingresso mais caro pressupõe que o público que consumirá o espetáculo tenha um melhor poder aquisitivo. E esse tipo de público tem, também, um maior nível de exigência em relação a diversas coisas, entre elas a segurança e, especialmente, o conforto da ida a um jogo de futebol.
No Brasil, são dois ou três estádios que têm condições de oferecer um pouco mais de conforto para o seu torcedor. Segurança, quase nenhum.
Não teria sido mais lógico para a diretoria santista manter o preço do ingresso no valor que estava e levar a realização do jogo com o Palmeiras para o Pacaembu? Muito provavelmente o fato de o estádio paulistano ter o dobro da capacidade da Vila Belmiro já resultaria numa compensação da arrecadação de bilheteria.
Enquanto a leva de novos estádios não surge, essa parece ser a solução mais coerente para o público. O preço do show não varia só conforme a banda. Tem de oscilar, também, conforme a qualidade do serviço que é oferecido. De que adianta cobrar preço de primeira classe se o torcedor continua a ser tratado como animal de carga?
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