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quarta-feira, 24 de março de 2010

A inócua lei que limita o horário dos jogos em SP

O debate tem ficado mais acalorado nos últimos dias sobre o projeto de lei que tenta obrigar os jogos na cidade de São Paulo a terminarem, no máximo, até 23h15. Ontem, na Câmara Municipal de São Paulo, vereadores estiveram numa audiência com Marcelo Campos Pinto, chefão de esportes da Globo, e Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol. Os discursos de ambos serviram para tentar demover os vereadores de aprovarem a lei (o projeto, atualmente, depende do aval do prefeito Gilberto Kassab).

Só que, mais uma vez, o debate está no foco errado. Por acaso o problema está na hora em que começa o jogo ou na condição que é dada ao torcedor que vai ao estádio?

Obviamente que o projeto de lei, além de interesse meramente político, tem como pretexto tentar criar barulho em cima da Globo, jogar mídia para o vereador que propõe a regra, tentar botar a culpa de um problema estrutural do país nas costas do maior grupo de mídia tupiniquim.

É estúpido pensar que, ao mudar o horário de início dos jogos em São Paulo (teoricamente as partidas teriam de começar, no máximo, até 21h), os problemas de baixa presença de público e de falta de segurança para o torcedor estariam sanados.

Por acaso os jogos que têm início às 20h30 sempre estão com o estádio lotado? Ou aqueles que começam às 19h? Nas partidas aos finais de semana há espera de cinco meses para conseguir um ingresso?

É claro que não! Não é porque o jogo se encerra por volta da meia-noite que o torcedor não vai ao estádio. Claro que isso pode diminuir um pouco o interesse do torcedor em ir à partida, mas ele vai continuar longe dos estádios enquanto eles não oferecerem conforto, enquanto o transporte público continuar sucateado como é hoje, enquanto as condições de segurança continuarem a simplesmente não existir para a população.

Além disso, o projeto é de uma estupidez imensa ao tentar atingir o horário colocado pela Globo, que paga a maior parte da conta do futebol no país hoje. Por ano, quantos jogos que ocorrem na capital no meio de semana são transmitidos ao vivo para a capital? No máximo as partidas da Copa Santander Libertadores e os jogos decisivos da Copa Kia do Brasil. Todas as outras partidas são, geralmente, disputadas fora da cidade. E, como bem lembrou Marcelo Campos Pinto ontem na Câmara paulistana, a cidade de Barueri é logo ali...

O problema da baixa presença de público nos estádios brasileiros não é o horário em que começa o jogo, mas a falta de condição que é dada ao torcedor para ir à partida.

Parece que é politicamente mais eficiente colocar a culpa sobre a Globo e tentar ganhar mais votos nas eleições do que trabalhar para melhorar a condição de vida da população.

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