Tempo Real

sábado, 20 de março de 2010

No Reino de Pelé

Uma das melhores recordações que tenho na carreira foi de quando fui contratado pelo Santos em 94. Sabia que usaria a camisa 10 do Peixe. E só imaginar a sensação de usar o manto do Pelé me deixava eufórico. Em contrapartida a pressão seria grande já que o clube estava há 10 anos na fila por títulos. No dia em que assinei o contrato o Serginho Chulapa, na ocasião técnico do time, me ligou para dar as boas vindas. Era confiança e motivação na veia.

Nos treinamentos vi que aquela equipe tinha potencial. E o mais legal é que poderia jogar solto, já que o Gallo e o Dinho fechariam a defesa. Aos poucos fomos nos entrosando e conseguindo as vitórias. Vencemos se não me engano umas quatro ou cinco partidas seguidas. Mas foi só começar a aparecer algumas derrotas para as pessoas começarem a perturbar o ambiente. Após uma derrota para o Bahia na Fonte Nova, jogo inclusive onde fiz um gol de falta, o próprio Pelé andou dando declarações infelizes. Disse que eu e o Guga éramos jogadores velhos para receber salários tão altos. Fiquei decepcionado com aquelas palavras, principalmente vindo de quem veio.

Ainda assim segui treinando forte com o preparador físico Vítor Del Vecchio. Se a comissão me dava moral aquilo me bastava. Nas rodadas seguintes alternamos altos e baixos. Particularmente fiz boas partidas, como contra Vasco e Corinthians. Fiz gols e dei algumas assistências. Mas meu martírio começou justamente naquele jogo contra o Timão no Pacaembu. O Serginho se irritou com o repórter Gilvan Ribeiro, deu uma cabeçada nele e foi demitido.

Dali o Joãozinho assumiu e foi no embalo do Pelé. Acabou me podando aos poucos. Até que ao ser substituído em uma partida em que estava bem, xinguei ele de burro e acabei afastado pela diretoria. Ali, infelizmente, encerrava meu ciclo na Vila. Poderia ter ficado se quisesse. Seria bacana integrar o grupo vice-campeão brasileiro de 95. Pra se ter uma idéia, na minha época o Narciso e o Giovanni ainda eram juvenis. Mal treinavam no profissional. Se pudesse voltar no tempo, hein?

Mesmo assim valeu muito a pena. Ser o 10 do Santos foi demais! Mas pude sentir na pele a diferença entre o Edson Arantes do Nascimento e o Rei Pelé.

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