Uma das melhores recordações que tenho na carreira foi de quando fui contratado pelo Santos em 94. Sabia que usaria a camisa 10 do Peixe. E só imaginar a sensação de usar o manto do Pelé me deixava eufórico. Em contrapartida a pressão seria grande já que o clube estava há 10 anos na fila por títulos. No dia em que assinei o contrato o Serginho Chulapa, na ocasião técnico do time, me ligou para dar as boas vindas. Era confiança e motivação na veia.
Nos treinamentos vi que aquela equipe tinha potencial. E o mais legal é que poderia jogar solto, já que o Gallo e o Dinho fechariam a defesa. Aos poucos fomos nos entrosando e conseguindo as vitórias. Vencemos se não me engano umas quatro ou cinco partidas seguidas. Mas foi só começar a aparecer algumas derrotas para as pessoas começarem a perturbar o ambiente. Após uma derrota para o Bahia na Fonte Nova, jogo inclusive onde fiz um gol de falta, o próprio Pelé andou dando declarações infelizes. Disse que eu e o Guga éramos jogadores velhos para receber salários tão altos. Fiquei decepcionado com aquelas palavras, principalmente vindo de quem veio.
Ainda assim segui treinando forte com o preparador físico Vítor Del Vecchio. Se a comissão me dava moral aquilo me bastava. Nas rodadas seguintes alternamos altos e baixos. Particularmente fiz boas partidas, como contra Vasco e Corinthians. Fiz gols e dei algumas assistências. Mas meu martírio começou justamente naquele jogo contra o Timão no Pacaembu. O Serginho se irritou com o repórter Gilvan Ribeiro, deu uma cabeçada nele e foi demitido.
Dali o Joãozinho assumiu e foi no embalo do Pelé. Acabou me podando aos poucos. Até que ao ser substituído em uma partida em que estava bem, xinguei ele de burro e acabei afastado pela diretoria. Ali, infelizmente, encerrava meu ciclo na Vila. Poderia ter ficado se quisesse. Seria bacana integrar o grupo vice-campeão brasileiro de 95. Pra se ter uma idéia, na minha época o Narciso e o Giovanni ainda eram juvenis. Mal treinavam no profissional. Se pudesse voltar no tempo, hein?
Mesmo assim valeu muito a pena. Ser o 10 do Santos foi demais! Mas pude sentir na pele a diferença entre o Edson Arantes do Nascimento e o Rei Pelé.
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