Acabo de ler no UOL Esporte matéria sobre o quanto Cielo e Corinthians podem se beneficiar do acordo que está próximo de sair. Não, a questão aqui não é grana, mas potencial de crescimento das marcas, especialmente a do nadador recordista mundial dos 50 e 100m livre ao se juntar ao clube mais popular de São Paulo e segundo mais popular do país.
Alguns pontos tem de ser considerados.
O Corinthians não tem tradição na natação. Isso pode fazer com que Cielo sofra pela falta de interesse do clube em investir na modalidade. Só que, ao ter o melhor do mundo nadando em suas piscinas, mesmo que esporadicamente, o Corinthians provavelmente vai querer investir e revelar novos talentos.
Carregando a "bandeira" corintiana, por sua vez, Cielo deve ganhar muita popularidade. Mais do que já tem, o que lhe abre o caminho para novos patrocínios e, especialmente, para ser garoto-propaganda de marcas, um dos maiores "ganha-pão" de atletas de esportes individuais.
O maior entrave, porém, está na rentabilidade do negócio. Para Cielo, não há dúvidas, o acordo envolve dinheiro. Mais do que ele ganhava do Pinheiros, onde foi praticamente uma "prata da casa" e não teve o devido reconhecimento financeiro pós-conquistas. Para agravar a situação com o antigo clube, Cielo viu chegar, pouco após o ouro olímpico, dois grandes projetos milionários no Pinheiros, com a Sky, para o vôlei e o basquete. Faltou tato à diretoria pinheirense com o seu grande campeão.
Só que, para o Corinthians, é questionável até que ponto pode render esse acordo com Cielo além de uma exposição "poliesportiva" para o clube. Sem tradição no esporte, o Timão já deixou para trás projetos que não foram rentáveis e que demandavam investimentos. Foi assim, por exemplo, com seu time de futebol feminino, criado em 2008 e que, no ano passado, foi sufocado pelo Santos de Marta, a ponto de deixar Cristiane ir para o rival e fechar as portas.
Para que tenha lucro financeiro com Cielo, o Corinthians precisa de um projeto de longo prazo. Sem revelar atletas, o clube usa a grana que sobra do futebol para bancar esportistas com grandes chances de ouro olímpico (Poliana Okimoto, da maratona aquática, é outra que migrou do Pinheiros para o Corinthians). Se, em 2012, os resultados aparecerem, o Timão colhe os louros de uma fama "importada", a exemplo de países que contratam atletas de outras nacionalidades para lhes defender em Jogos Olímpicos.
A expectativa, porém, é de que não aconteça com o Corinthians o que houve com o Vasco em 2000, quando o grande "campeão" das Olimpíadas foi o grande vilão da maioria das modalidades ao fechar as torneiras e abandonar os atletas pós-conquista. O mercado já amadureceu o suficiente para que isso não aconteça. Mas é sempre um alerta quando um clube tradicionalmente do futebol decide expandir os seus tentáculos para outras modalidades...
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