Que Vagner Love estava por um fio no Palmeiras, a espera de um simples sinal para encontrar o Flamengo e o Redentor de braços abertos, ah, isso já se sabia. Como um irônico texto de Eça de Queiroz, todos ficariam felizes: o Artilheiro do Amor, o Fla, a torcida organizada que decretou a sua saída e o próprio Palmeiras - que, afinal, iria economizar um dinheirinho.
O que não se tinha certeza é que o Palmeiras não iria ter ninguém, efetivamente, além de sonhos e fantasias por Marcelo Moreno e Kleber, para colocar em seu lugar. Nem mesmo um Kleber Pereira - veterano que ainda sabe fazer gols - ou similar, deixando a camisa 9, por ironia, talvez para Lovinho, no caso de Robert não ser inscrito a tempo para a estréia do Campeonato Paulista. Isso é planejamento?
Sim, é o Campeonato Paulista... Uma ova! Para o Palmeiras, eliminado até da Libertadores, Campeonato Paulista é Copa do Mundo! Ou uma Copa Rio, só para incomodar os saudosistas, dos tempos em que o clube não dependia da boa vontade alheia para ter seus astros – como Jair e Rodrigues, da Seleção - e nem tinha a enfurecida oposição em seus calcanhares. Muito menos um grupo que se diz torcida uniformizada e que grita o seu nome nos estádios, nome dela, deixando em plano secundário o do clube. E que ainda se acha no direito de ameaçar joigadores e determinar quem deve ou não permanecer no time, creditando-se a competência de dar palestras motivacionais ao chamado grupo de atletas.
Por tudo isso, pelo hábito adquirido de pipocar nas finais, sinto que as coisas mudaram - e muito. Outro dia, em conversa com alguns jovens, como o advogado Gustavo Dedivitis, o arquiteto Alexandre Stefani e com o publicitário Caio, meu filho, expus a sensação que tenho já há algum tempo - sem saber, exatamente quando: "O Palmeiras já não é mais o Palmeiras”
Talvez lhe falte aquele ar de palestrinismo, que tinha como base o imigrante italiano que lutava contra uma certa discriminação a qual julgava ser vítima na cidade que não parava de crescer. Talvez por ter perdido a escola de dirigentes (era uma espécie de São Paulo de hoje) com presidente de grande potencial, Beluzzo, tentando correr atrás do tempo perdido - embora ainda a ele faltem, creio, um pouco mais de malícia e até sorte para lidar com certas situações. Talvez lhe falte também melhor assessoria. Enfim, vejamos qual será o futuro desse ex-campeão, agora transformado em mero azarão.
Obs: Assim que acabei de escrever este texto, recebo um telefonema dizendo que a contratação de Kleber Pereira está próxima. Meno male.
Escrito por Roberto Avallone
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