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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Robinho, antes, precisa fazer o seu trabalho direito

Robinho vai a Copa. É tão fato quanto Julio César vai a Copa.

Mas ao contrário do goleiro, que segue a mesma boa fase de sempre, Robinho não joga bem na seleção desde a Copa das Confederações.

Mais grave. Enquanto Julio César faz valer o salário na Inter e a cada partida mostra que merece aumento no clube, Robinho segue, aos 26 anos que completará semana que vem, sendo um jogador que ainda vale mais do que joga.

Na Seleção, pelas duas Copas das Confederações e sobretudo pela sua magistral Copa América em 2007, não se pode acusá-lo de nada. A atual má fase e a apagada Copa do Mundo não são motivos suficientes para tirá-lo da lista de 23 que vão a Copa. No máximo, ser reserva, mas isso é problema do Dunga.

Mas Seleção não paga seu salário. E como ele tem jogado nos clubes?

Robinho, todos os anos, renova a ladainha de que seu objetivo é ser o melhor jogador do mundo. Quando fala isso, já começa mal, dando a impressão (que nunca passou na Seleção, diga-se) de que quer ser mais importante que o clube.

Volte um pouco no tempo e veja como foi a longa passagem de Robinho no Real Madrid. Quando chegou, era apenas a surpresa, o xodó, o reserva querido de monstros como Zidane, Ronaldo e Figo. Mas mesmo após a saída dos 3, demorou para se firmar. Quando finalmente tinha tudo para ser o craque do time (e, aí sim, potencial para ser melhor do mundo, indiretamente), saiu. Não se achava valorizado em Madri, como se ele fosse o maior artilheiro da história da Champions League, como Raul, ou dono da melhor média de gols do clube, como Ronaldo.

Na saída, fez uma lambança com o Chelsea, outro time grande onde, naturalmente, é possível ser o melhor do mundo. Acabou no Manchester City, clube em que poderia jogar com o pé nas costas, desde que mostrasse metade da vontade de Carlos Tevez, Kaká ou Rooney em campo.

Robinho, agora, está irritando os ingleses como já irritou os espanhois. Os bastidores dizem que ele não gosta da cidade, do time, do estilo de jogo, do clima, de jogar fora de casa e de nada do que tem lá. Ainda que tenha certo exagero da ávida imprensa inglesa, fato é que chamaram um técnico mais latino para ver se o problema era o polêmico Mark Hughes. Mas até Mancini está cansando do jogador.

Pediu em público para ele melhorar e jogar, independente se o jogo é em casa ou fora, de quanto ele custou (jogador mais caro da história da Inglaterra) ou de qualquer outra coisa, para voltar a ser titular. “Gramado é tudo igual, onde quer que esteja”, diz com toda a propriedade o treinador.

Recentemente, li o blog de um fã do City no site do Mirror, da Inglaterra, e me chamou a atenção a forma como o torcedor, que no final ainda dá crédito a Robinho, começa o texto (tradução livre).

“Ele não pode jogar quando está frio, não consegue quando está molhado, e não joga bem fora de casa, ele não joga quando o jogo fica violento e ao que parece ele não se sente bem jogando no escuro.

Dêem a ele o impecável gramado do estádio City of Manchester numa tarde de sol em setembro e talvez ele jogue. Se a vibe estiver boa. Se a lua estiver em urano…”

Engraçado um técnico italiano e um torcedor inglês pensarem que Robinho virou ‘um jogador fresco’. Duro um brasileiro humilde de São Vicente ter que ouvir algo assim. Um cara que dá tudo quando está com Dunga na seleção. Um verdadeiro operário que, quem acompanha sabe, treina e corre tanto quanto volante quando está na Seleção.

Que Robinho vai a Copa, eu tenho certeza. Que ele já jogou em campos piores do que os gramados da Premier League, eu posso apostar.

Mas está na hora dele parar de querer ser o melhor jogador do mundo para querer, primeiro, apenas fazer seu trabalho direito.

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